Teatro
Cine-Teatro Avenida – Uma evolução referencial
Este Cine-Teatro Avenida, no centro de Castelo Branco, pode considerar-se representativo da evolução urbana, arquitetónica e cultural do interior a partir dos anos 40 do século passado, e isto em perspetivas estruturais diversificadas: descentralização económica-urbana, impacto da exploração cinematográfica mas sem descurar a infraestrutura e a tecnologia do espetáculo teatral – daí, a designação recorrente de Cine-Teatro ou Cineteatro que prolifera pelo interior – valorização urbana e arquitetónica… e até a “solenidade” da inauguração a cargo da companhia Rey Colaço - Robles Monteiro, que, a partir do Teatro Nacional de D. Maria II, desenvolveu durante décadas uma meritória ação também no plano da descentralização teatral/cultural.
E até o repertório escolhido para o espetáculo de inauguração, ocorrida em 2 de Outubro de 1954 – o drama “Prémio Nobel” de Fernando Santos, Almeida Amaral e Nelson de Barros, que constitui um sucesso assinalável, repetido um pouco por todo o país, e ainda, a então consagradíssima “Ceia dos Cardeais” de Júlio Dantas! Companhia, repertório e sucesso característico da época, que prosseguiu, nos dias seguintes, com mais um espetáculo do Teatro Nacional e no dia 4 de Outubro inaugurou-se a exploração cinematográfica.
O projeto deve-se aos arquitetos Raul César Caldeira e Alberto Cruzeiro Galvão Roxo e ainda hoje domina o novo centro urbano, através da verticalidade de uma sucessão de janelões e varandas que fazem a ligação entre as duas fachadas em gaveto. Mas sobretudo, impõe-se uma aplicação em granito, que alterna no interior com o revestimento de madeira, mas serve de bela alusão e documentação ao meio natural em que o edifício está implantado. E a decoração externa e interna impõe-se também numa notável harmonia arquitetónica e numa assinalável integração urbanística, agora valorizada ainda por um recente Centro Cultural.
Manuel Tavares dos Santos, escrevendo em 1958, considera “o edifício (como) exemplo característico da evolução da Arquitetura, operada no século XX, com o emprego de novos materiais de construção”.
Vale a pena recordar aliás que Castelo Branco beneficia de uma tradição interessante de salas de espetáculo, que remonta a 1853, com um Teatro União, de origem eclesial, como aliás sucedeu um pouco por todo o país: com a expulsão das Ordens Religiosas, muitos conventos e outros edifícios afetos, por esse país fora, se transformaram em teatros… E em Castelo Branco assinalamos ainda, nessa “tradição-transformação”, um chamado Teatro da Sé (1889) e o Teatro de Castelo Branco, que funcionou a partir do antigo Convento de Santo António, hoje relacionado com o Conservatório de Música (1974).
Tal como noutro lado escrevi, “a cidade tem pois uma sólida tradição dramática, no sentido mais abrangente do termo, talvez porque o conjunto estatuário do Jardim do Bispo crie uma espécie de tensão cenográfica no contraste com o ambiente setecentista do jardim propriamente dito”.
Sousa Bastos, no sempre citado Dicionário do Theatro Português (1908) dá breve notícia do antigo Teatro de Castelo Branco, inaugurado em 28 de Junho de 1896 “com a comédia de Pinheiro Chagas “Lição Cruel”. Teria “15 camarotes, 40 lugares de superior, 71 cadeiras, 74 gerais e uma galeria que ocupa a 3º ordem”.
Mas voltando ao Teatro Avenida: em 31 de Julho de 1986, ardeu. Municipalizado e reconstruído, tem hoje 7 camarotes, 408 lugares de plateia e 264 de balcão.
E cumpre a função cultural inerente, numa zona do país relevante no ponto de vista urbano, arquitetónico e também cultural.
Terça-feira a sábado: 14h00 – 19h00
Dia de espetáculos: 15h00 – 19h00 e das 20h30 até meia hora depois de iniciado o espetáculo.
Sala da Nora
Galeria Municipal de Exposições
Horário: Terça a domingo, das 14h00 às 19h00.
Visitas de grupo, na parte da manhã, das 10h00 às 13h00.