Teatro
BREVE EVOCAÇÃO DA LUSITANIA E DO TEATRO DE MÉRIDA
Em artigos anteriores, aqui publicados, passamos em revista os vestígios dos teatros romanos existentes no território português. Mas justifica-se, a terminar essa pesquisa, uma breve referência ao teatro e ao circo romano de Mérida, e isto por pelo menos três motivos: Mérida foi a capital da Lusitânia; o teatro e o circo de Mérida são os mais bem conservados e relevantes da Península, e foram-no no período romano; e constituem ainda hoje um exemplar centro de produção de espetáculos, dada a conservação, beneficiação e utilização, no ponto de vista de património construído e museológico, mas também no ponto de vista de atividade cénica e musical.
E já agora podemos acrescentar que o Teatro Romano de Medelin, próximo de Mérida em fase de recuperação, foi um dos galardoados com o Prémio de Conservação da Europa Nostra 2013.
Evoque-se então Mérida e a sua região como capital da Província romana da Lusitânia. Refere Carlos Fabião que “a grande criação de Augusto na Lusitânia foi sem duvida a colónia Augusta Emerita”, a qual “ viria a tornar-se a capital da província lusitana e tudo, desde a denominação ao seu primitivo urbanismo, procurava glorificar a pessoa do imperador”.
E noutro local, o mesmo autor especifica que a nova província subdividia-se em três circunscrições jurídicas, chamadas conventos, com as respetivas capitais em Augusta Emerita, Pax Julia (Beja) e Scalabis (sob a atual Santarém). Estas três cidades tinham estatuto colonial, entenda-se, todas receberam contingentes de cidadãos romanos, o que se percebe, pela relevância que teriam no quadro administrativo traçado”.
Veríssimo Serrão descreve estes itinerários e constata que “o quadro rodoviário dos nossos dias assente ainda em grande parte, no original traçado romano”. O tema é também aludido por Torquato de Sousa Soares, que estabelece ligação com as vias da reconquista cristã.
A vida cultural, então como hoje, tem ligações diretas e condicionalismos óbvios com a atividade económica e com a projeção dos centros urbanos. E o levantamento dos três itinerários romanos entre Lisboa e Mérida, detalhadamente descritos sobretudo por Vergílio Correia, dá noticia da importância que a ligação entres as duas cidades assumia, no período da dominação romana, sendo Mérida, repita-se, a capital da Lusitânia.
Infelizmente, como vimos nesta série de artigos, dos teatros e anfiteatros romanos, em Portugal, pouco resta… Mas é de associar este teatro aos teatros do Alentejo que temos aqui tratado, pois tratava-se na altura de territórios comuns.
Entre 26 de outubro e 31 de março
Os recintos do Teatro e Anfiteatro romanos a Alcaçova permanecem abertos, ininterruptamente, das 09h30 às 18h30.
A Cripta de Santa Eulalia, Casa del Mihtreo-Columbarios, Circo romano e o Recinto arqueológico de Morería abrem todos os dias, das 9h30 às 14h00 e das 16h00 às 18h30.
Carlos Fabião - "A Herança Romana em Portugal" - 2006;
Veríssimo Serrão - "História de Portugal" vol I - 1977;
Vergílio Correia - "História de Portugal" vol. I - 1928;
Torquato de Sousa Soares - "Contribuição para o Estudo das Origens do Povo Português" - 1970;
Oliveira Marques - "História de Portugal" vol. I - 1972;
Nogales Basarrete - "Espetáculos en Augusta Emérita" - 2000;
W. Tillmich - "Novedades en Torno al Programa Iconografico del Teatro Romano de Mérida" - 2000;
Pedro Barceló e Juan José Ferrer - "Historia de la Espana Romana" - 2011