Teatro
Teatro Romano de Lisboa: "Felicitas Iulia Olissipo"
Iniciamos uma série de textos referentes aos teatros romanos, ou o que deles resta, no território que corresponde à Lusitânia e também ao norte de Portugal.
Faremos a abordagem alternadamente, pois a matéria assim o aconselha: não se trata, aqui, da simples visita a um edifício, histórico que seja, trata-se, de um dos escassos vestígios de uma expressão cultural e arquitetónica, num país que, nesta área de espaços e monumentos teatrais, quase não recua para lá do século XVIII e só com um exemplo, aliás magnífico e como tal largamente referido - o Teatro de São Carlos.
Os outros teatros, já aqui estudados ou a estudar, recuam à segunda metade do seculo XIX, ou mais concretamente a 1846, data da inauguração do Teatro de D. Maria II. Do seculo XIX, vão restando alguns: e do Seculo XX, subsiste o que chamamos de geração dos cineteatros, esses sim, como aqui temos visto, em grande número e felizmente muitos deles em pleno funcionamento. E ainda algum, não muitos, teatros recentes, construídos numa vocação específica para o espetáculo teatral.
Mas teatros ou anfiteatros romanos, poucos restam, mais ou menos arruinados, mais ou menos em processo de investigação e recuperação arqueológica. O modelo, no ponto de vista arquitetónico e funcional, chamemos assim, é o de Mérida, capital da Lusitânia, ainda hoje em plena atividade e rentabilidade cultural. E entre vestígios ou edifícios ainda utilizáveis como espaço (que não casa ou edifício) de espetáculo, ou mesmo como mero vestígio identificável, pouco mais há entre nós.
TEATRO "FELICITAS IULIA OLISSIPO"
E precisamente: um dos espaços ainda marcantes como recinto e arquitetura de espetáculo, devidamente identificado e estudado é o Teatro Romano de Lisboa, o qual remonta ao final do séc. a. C. ou eventualmente ao século seguinte.
Em qualquer caso, diz-nos Lídia Fernandes, “os elementos arquitetónicos, com revestimento a estuque, as características técnicas do edifício, e o emprego da ordem jónica, são alguns dos elementos que nos apontam o início da sua construção para uma época recuada”. E acrescenta que o teatro sofreu “uma fase de remodelação, levada a cabo em meados do séc.L, concretamente 57 d.C.” - em honra de Nero!
Essa remodelação terá beneficiado o teatro, designadamente com aplicações de mármores cinzento alentejano e de calcário rosa de Pero Pinheiro, além de uma remodelação da estatuária e da decoração, de que restam vestígios hoje expostos no Museu do Teatro Romano.
O teatro teria sido abandonado cerca do século VI e sacrificado e soterrado em fases sucessivas da expansão da cidade medieval. Mas o terramoto de 1755 põe as ruínas parcialmente a descoberto. São reconstituídas numa gravura de Francisco Fabri, que deveria acompanhar um estudo nunca localizado. Em 1815, Luís António de Azevedo publica uma reconstituição do proscénio.
Foi sendo recuperado e estudado ao longo do seculo XX. O Museu do Teatro Romano de Lisboa é inaugurado em 2001.
Aarão de Lacerda, mais recentemente Irisalva Moita e Carlos Fabião, entre outros, desenvolvem estudos sobre Portugal romano e sobre Lisboa romana, com destaques mais ou menos desenvolvidos referentes ao teatro de Olissipo e a outros teatros da Lusitânia que iremos vendo nesta série.
Terça a domingo das 10:00h às 13:00h e das 14:00h às 18:00h
Encerra 2ª feira e feriados
Entrada gratuita.
Devido às intervenções arqueológicas, o espaço não possui, de momento, o acesso a pessoas com mobilidade reduzida. Encontra-se contemplada, no futuro, a sua implementação.
Lídia Fernandes -“Teatro Romano de Lisboa - O Palco da latinidade no Extremo Ocidental de Lisboa “ - 2007:
Aarão de Lacerda - “História da Arte em Portugal” 1942; Irisalva Moita - “O Livro de Lisboa” 1998; Carlos Fabião - “A Herança Romana em Portugal” - 2006 e “Uma Historia da Arqueologia Portuguesa”
Jorge Alarcão - "O Teatro Romano de Lisboa" 1982