Teatro
CENTRO CULTURAL OLGA CADAVAL E AUDITÓRIO JORGE SAMPAIO
TEATRO OLGA CADAVAL E AUDITÓRIO JORGE SAMPAIO
ANTIGO CINE TEATRO CARLOS MANUEL
O que é hoje o conjunto de salas de espetáculo de Sintra, nasceu de dois importantes edifícios da autoria de Norte Júnior, hoje municipalizados, restaurados e modernizados mas sem perder a traça inicial do grande arquiteto, a quem se deve, por um lado, a recuperação de parte do bairro da Estefânia, um dos polos da vila, e a construção, respetivamente em 1929 e em 1945, do antigo Casino, hoje Museu de Arte Moderna, e do Antigo Cine Teatro Carlos Manuel, hoje Centro Cultural Olga Cadaval: este, valorizado pela construção, em anexo, do Auditório Acácio Barreiros, da autoria do arquiteto João Almeida e Sousa, com 300 lugares, projeto de 1999.
Norte Júnior foi fiel a uma estética de art-deco patente também, no que toca a salas de espetáculo da sua autoria, na fachada da Voz do Operário, no que resta do velho cinema Royal, no cinema Max, adaptado a Igreja ou na Sociedade Amor da Pátria da cidade da Horta.
O velho Carlos Manuel foi o último grande projeto de Norte Júnior, e talvez por isso as características estilísticas surgiam, já na origem, como que atenuadas. O edifício ardeu em 1985. Mas o restauro manteve muito da sala primitiva, transformando-a no Auditório Jorge Sampaio, uma excelente sala de espetáculos com 950 lugares em plateia e balcão, de tom escuro, revestido de madeira.
Porem, recorde-se o interior tal como Norte Júnior o concebeu e executou, adequado à arquitetura de espetáculo da época. O pano de boca e as cadeiras eram vermelhas, e a sala, valorizada pela decoração em estuque e em madeira de estilo modernista, com uma imponente escadaria central ligando o átrio de entrada e o foyer do primeiro balcão. E como era habitual na época, o teatro tinha um segundo balcão de entrada autónoma, sem circulação interior.
Insista-se entretanto na exuberante decoração art deco da sala. E ainda hoje podemos encontrar, no exterior, sugestões do mesmo estilo, em decorações marcadas por colunas e demais ornamentos, que sobreviveram ao incêndio e às obras de acréscimo do Auditório Acácio Barreiros, num trabalho arquitetónico de muito feliz integração.
Ao lado, agora ligado por uma espécie de passerelle, domina o antigo casino. E vale a pena lembrar a também exuberante decoração do interior, em notável arte nova, aliás coerente com a fachada: do melhor Norte Júnior, como podemos ainda encontrar por exemplo nos Prémios Valmor e nos edifícios da zona da Avenida da Liberdade em Lisboa, ou, junto do Teatro e do Casino, nas vivendas do então chamado Bairro das Flores, arruamento de casas com vista espetacular para a Serra de Sintra e para o Castelo dos Mouros - todas elas projeto de Norte Júnior, com nomes e decoração de flores, uma delas habitada pelo próprio arquiteto, outra, seja permitida a evocação, habitada pela minha família nos meses de verão…
E recorde-se finalmente, no antigo Casino, a sala principal, denominada Sala Tito Schipa, pois foi inaugurada pelo então celebérrimo tenor, evocado num enorme medalhão. E nessa sala, vi, nos anos 60, na primeira fila de um concerto, no âmbito dos Festivais de Sintra e dos Cursos Musicais de verão da Costa do Sol, o próprio Tito Schipa, que não parecia nada emocionado com a homenagem! E no entanto, as suas ligações a Portugal eram sólidas e antigas. Desde 1916 cantou regularmente aqui, e mais do que isso - aqui nasceu, em 1946, um dos seus filhos!
Duarte Ivo Cruz
Bilheteira
Terça-feira a Sábado das 14h30 às 19h00.
Nos dias de espetáculo, uma hora antes do seu início.
Encerra à Segunda-Feira, Domingos e Feriados.
Informações: 21 910 71 18
Reservas:
CENTRO CULTURAL OLGA CADAVAL
Através do telefone 219107118 ou pessoalmente. As reservas são válidas por 3 dias (incluindo o próprio dia), e poderão ser efetuadas e levantadas até 48h antes do início de cada espetáculo. O levantamento é feito ao balcão da nossa bilheteira.
IAPP XX - Inquérito à Arquitetura em Portugal no Séc. XX;
Duarte Ivo Cruz - De Volta aos Teatros (2007);
Rute Figueiredo - Arquitetura e Discurso Crítico em Portugal (2007)
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