Teatro
TEATRO CONSTANTINO NERY DE MATOSINHOS
TEATRO CONSTANTINO NERY DE MATOSINHOS
Duarte Ivo Cruz
Em 10 de Junho de 1906 é inaugurado em Matosinhos um Teatro de boas dimensões, interessante na decoração dos três corpos principais de fachada, com 5 portas e varanda encimada por um arco.. Denominou-se, na altura e ainda hoje, Teatro Constantino Nery. Trata-se de um caso curioso de homenagem luso-brasileira, digamos assim.
Na verdade, a iniciativa e o financiamento da obra deve-se ao matosinhense Emídio José Ló Ferreira, que desta forma homenageou o Governador do Estado do Amazonas, precisamente Constantino Nery. Curiosa iniciativa, que poderá invocar o esplendoroso Teatro Amazonas de Manaus… Mas reconheça-se desde já que, na qualidade indiscutível da sua singela fachada, o Teatro de Matosinhos fica aquém do seu congénere de Manaus.
Mesmo assim, notícias da época da inauguração informam-nos acerca da decoração interior: pinturas do teto, numa alegoria da Fama coroando o actor Taborda, e ainda retratos de João Anastácio Rosa, Eduardo Brasão, Rosa Damasceno e Vergínia e dos compositores Carlos Gomes de Alfredo Keil.
E ainda, no pano de boca, uma vista de Manaus e na bambolina o retrato do próprio governador Costantino Nery!
De acordo com informação municipal, pois a Câmara recuperou o edificio da forma que adiante veremos, o Teatro foi pioneiro na exibição regular de espectáculo cinematográfico, isto a partir de 1907, com filmes que alternavam com exibições de bailarinas espanholas e outras variedades! Chegou a ser conhecido na altura como “Cynematografo Deslumbrante”, e assim se manteve, sem nunca perder a designação original e a homenagem respectiva, até aos anos 80.
O projecto de recuperação, da autoria do arquitecto Alexandre Alves Costa, obedeceu a um critério de manutenção e restauro da fachada, mas de total renovação estrutural do interior. O que poderia ter restado da sala do início do século foi demolido, segundo um programa polivalente de dois espaços, com a sala principal, com lotação de 240 lugares, sem proscénio, transformando-a num auditório susceptível de funcionalidade em arena ou mesmo em salão aberto. O espaço entre a cena e o publico é assim contínuo Mas simultaneamente, foi criado um espaço alternativo e foi reequipada toda a tecnologia de cena, camarins, teia , etc.
A sala é revestida de madeira escura, e a régie tanto serve a sala principal como a chamada sala polivalente.
BIBLIOGRAFIA – Sousa Bastos, Diccionário do Theatro Português, 1908; cfr. Informações da Câmara Municipal de Matosinhos