Teatro
ARGANIL - CINE-TEATRO ALVES COELHO
UM EXEMPLO NOTÁVEL
O mais notável exemplo de Teatros do século XX no interior do País – e recorde-se que nos anos 50 o conceito de acessibilidade era bem diferente – encontramo-lo em Arganil no Cine–Teatro Alves Coelho, projeto do Arquiteto Mário Oliveira.
Inaugurado em 1954, hoje pertença da Misericórdia, constitui efetivamente um grande exemplo e um grande modelo de modernismo na arquitetura de espetáculo. A partir de uma estrutura vertical em dois corpos unidos pelo foyer e áreas de acesso, bem equipado no palco e nas zonas de bastidores e camarins, impõe-se pela volumetria, pelo rigor do estilo modernista e ainda pela cor avermelhada, que lhe dá o devido destaque na área urbana em que se insere.
Valoriza-o ainda, e não pouco os painéis de Guilherme Filipe no interior e a escultura de Aureliano Lima na fachada principal, alegóricas das artes do espetáculo. E ainda uma lápide, onde o transmontano Miguel Torga, médico na Misericórdia de Arganil, elogia a iniciativa de “beirões cabeçudos”…!
O Teatro Alves Coelho foi inaugurado em 5 de novembro de 1954, num espetáculo vicentino encenado por Paulo Quintela, na presença algo insólita do Embaixador do Brasil, na altura o poeta Olegário Mariano, e do dramaturgo Silva Tavares. A construção fez-se por subscrição publica de ações da “Empresa do Teatro Alves Coelho”, com numerosas e significativas participações financeiras de arganilenses de África e do Brasil. O nome foi também sufragado pela população, que assim homenageou um compositor conterrâneo.
Alves Coelho (1882-1931), professor do ensino básico, foi sobretudo autor talentoso e festejadíssimo da música de numerosas revistas: basta dizer que inaugurou o Parque Mayer, no Teatro Maria Vitória , com a Revista “Lua Nova”, isto em 1 de agosto de 1922. Colaborou com Wenseslau Pinto, Raul Portela , com Eduardo Schwalbach, Luís Galhardo e outros grandes nomes da época. Em mais de 40 títulos, ficou sobretudo na memória uma célebre revista, “O 31”, que ainda hoje é evocada e que foi sucessivamente reposta em Portugal e no Brasil durante 10 anos!
Texto escrito conforme o Acordo Ortográfico - convertido pelo Lince.
Luís Francisco Rebello, “História do Teatro de Revista em Portugal”, vol.2, Publicações D. Quixote, Lisboa 1984