Teatro
TEATRO MARQUES DUQUE DE MÉRTOLA E A VALORIZAÇÃO DO GRANDE INTERIOR
Mértola notabiliza-se e nobilita-se pela recuperação do seu património numa perspectiva que mergulha raízes no longo trajecto histórico da zona urbana e da região. De tal forma que não se fica pela dominante árabe, de certo marcante e exemplarmente rentabilizada no ponto de vista cultural e económico: há inclusive em Mértola uma espécie de turismo especializado nessa perspectiva muçulmana.
Mas essa mesma perspectiva histórica e patrimonial revela e documenta o que está a montante e a jusante em cada um dos monumentos: assim com a Igreja, que ostenta os traços da Mesquita, com o Castelo, com o centro urbano em geral.
Inclui-se nesse labor de recuperação o Teatro Marques Duque, cuja sala, datada de 1913, foi construída sobre uma Basílica tardo-medieval. remanejada no século XIX. Em qualquer caso, o Teatro impõe-se desde logo pela evocação de um revivalismo mourisco na fachada de três arcos e três grandes janelas. Foi recuperado, no âmbito da Câmara Municipal, a partir de 2003, segundo projecto dos Arquitectos M. Andrade e Manuel Tansmontano. E o grande mérito desta recuperação reside, quanto a nós, na salvaguarda da estrutura e no restauro da decoração do Teatro, como tal exemplar representativo das mais de 150 salas que, desde a inauguração do Teatro D. Maria II (1846) foram sendo implantadas por todo o país, até aos anos 20/30 do século XX, data dos primeiros grandes cine-teatros. E o drama, palavra adequada à espécie, é que foram em tantos casos demolidos…
Ora o Teatro Marques Duque conserva no interior como no exterior, a traça e a estrutura original, na plateia, balcão e galerias laterais, o conjunto valorizado por uma balustrada de ferro.
O palco e todo o equipamento foram modernizados, sendo a caixa do palco ampliada em altura, o que garante maior funcionalidade.
BIBLIOGRAFIA – Eça de Queiroz, “O Primo Basílio” cap. I ; Raul Proença, “Guia de Portugal – Estremadura, Alentejo, Algarve”, 1927” ; Ferreira de Castro, “História da Velha Mina” in jornal Republica, 30 de Maio de 1974; Heitor Domingos, “Velhos são os Trapos” - , 1999; Jorge Guerreiro Castanho, “Minas de São Domingos – 150 Anos de História” - 2009.