Teatro
TEATRO CURVO SEMEDO DE MONTEMOR-O-NOVO: A MÃO DE RAUL LINO
O velho Teatro Curvo de Semedo de Montemor-o-novo, hoje municipalizado e a trabalhar em desdobramento com o projeto artístico O espaço do tempo, de Rui Horta, – a funcionar no antigo Convento da Salvação – vem do século XIX, mais concretamente de 1879, mas foi recuperado em 1960 por Raul Lino. Já teriam desaparecido ou modificado então as duas ordens de camarotes e os “fauteilles”, plateia e geral de que nos fala, em 1908, Sousa Bastos, o qual ainda acrescenta que “já ali representavam muitos artistas distintos, entre os quais Taborda, António Pedro, César Polla, Augusto de Mello, Posser”.
Ora bem: hoje a sala, recuperada por Raul Lino, evoca o ambiente e a estrutura do Tivoli.
Desde logo, nos espaços repartidos em plateia, balcão e frisas, estas a meia altura e laterais. Mas sobretudo, no tom amarelo claro da sala e até na decoração do teto. Com uma lotação de 725 lugares, o palco está equipado e dimensionado para espetáculos de música e teatro.
É um grande edifício, domina a zona urbana antiga e destaca-se na imponência da sua arquitetura oitocentista de espetáculo, em especial mercê do pórtico saliente, com cinco porta e seis janelas em frontão triangular, abrindo para a cúpula, numa dimensão que pode ser excessiva na lotação e na exploração do teatro, mas não o é no ponto de vista do património urbano, arquitetónico e cultural.
Sousa Bastos, “Diccionário do Theatro Português”, Lisboa 1908; M. Félix Ribeiro “Os mais antigos Cinemas de Lisboa”. Ed.IPC-Cinemateca Nacional, 1978; Eduardo Kol de Carvalho “Sopa de Pedra – Trilhos do património Português – Ed. Tágide 2006; Raul Lino, escritos diversos in Catálogo da Exposição Retrospectiva da sua Obra, FCG, 1970. Duarte Ivo Cruz, “Teatros de Portugal” Ed., INAPA 2005 e “Teatros em Portugal – Espaços e Arquitectura”, Ed. Mediastexto e Centro Nacional de Cultura, 2008.