Teatro
TEATROS E SALAS DE ESPETÁCULO NA FIGUEIRA DA FOZ
O Centro Nacional de Cultura organizou uma visita a edifícios de expressão cultural, no sentido mais lato do termo, na Figueira da Foz e municípios próximos, aí incluindo, além do Casino, dois teatros antigos e o recente Centro de Artes e Espetáculos. Houve assim ensejo de visitar uma rede de salas de espetáculo que, no seu conjunto, documentam a evolução da cultura e da arquitetura teatral, e as tradições de descentralização que, a partir de finais do século XIX marcaram o país.
Vale a pena lembrar que em 1908 Sousa Bastos, no “Diccionário do Theatro Português” identifica e descreve para cima de 200 teatros. Ora é caso para dizer que esta lista estava longe de ser exaustiva, pois a primeira edição do Dicionário data de 1908: e alguns dos teatros que aqui evocamos hoje, e que o CNC visitou, não são citados mas já nessa data existiam em plena atividade.
Sousa Bastos apenas refere um deles, o Teatro de Montemor o Velho, então chamado Teatro do Infante Dom Manuel e, a partir de 1910 e até hoje, Teatro Esther de Carvalho, em homenagem a uma atriz desse nome que nasceu em 1858 em Montemor e morreu no Brasil com 33 anos de idade. Diz-nos Sousa Bastos que o Teatro foi inaugurado em 27 de Dezembro de 1901 com uma peça intitulada “O Filho da República”.
Ora, de acordo com as investigações que fizemos, o Teatro Esther de Carvalho é nada menos do que antiga Igreja de São Pedro dos Clérigos adaptada a teatro: e como teatro, decorridos estes 114 anos, mantem a estrutura original com 13 camarotes, plateia e uma zona de 2ª plateia ou geral que até 1974 era isolada. A sala ostenta entretanto um conjunto de painéis decorativos devidamente recuperados pelo Centro de Iniciação Teatral de Montemor – Citemor.
Ali próximo, o Teatro da Trindade de Buarcos, datado de 1910, conserva em boas condições a sala, também com 12 camarotes e plateia, numa fachada neomanuelina de qualidade assinalável. Trata-se curiosamente de uma iniciativa de imigrantes retornados do Brasil. O nome do Teatro nada tem a ver com as evocações culturais por exemplo da designação do Teatro da Trindade de Lisboa, que data de 1867: trata-se tão só de uma homenagem à mulher de um dos fundadores do teatro, Fernando Augusto Soares, chamada Maria da Trindade…
Mas voltemos com o CNC à Figueira da Foz. Aí encontramos uma tradição de edifícios vocacionados para o teatro. E precisamente, o Casino original, fundado em 1884 e inaugurado no ano seguinte, adotou de inicio a designação de Teatro Circo Saraiva de Carvalho. Trata-se de um projeto inicial do arquiteto José Luís Monteiro, sucessivamente ampliado e alterado na sua traça original.
assim, designadamente, em 1972 o edifício sofreu uma profunda ampliação e alteração estrutural com traça do arquiteto Isaías Cardoso e decoração de Daciano Costa. E entre 1990 e 2003 o edifício foi beneficiando de sucessivas alterações segundo projetos designadamente de Manuel Leça e Jorge Albuquerque e outros: mas o núcleo central e a sala principal mantêm o ambiente original.
E finalmente: em 2002 é inaugurado o Centro de Artes e Espetáculos da Figueira da Foz segundo projeto do arquiteto Luís Marçal Grilo. Comporta três espaços de espetáculo devidamente ajustados às necessidades: um Grande Auditório com 800 lugares, um Pequeno Auditório e um Auditório ao Ar Livre, estes com utilização de palco comum, além áreas de circulação e atividades culturais diversas.