"É de Cultura como instrumento para a felicidade, como arma para o civismo, como via para o entendimento dos povos que vos quero falar"

Museu de Lanifícios da Universidade da Beira Interior

Distrito: Castelo Branco
Concelho: Covilhã

Tipo de Património
Proprietário/Instituições responsáveis
Universidade da Beira Interior
Descrição

UMA CIDADE TECIDA NOS FIOS DO TEMPO

Ouvem a velha cidade ao compasso do tear?

Ouvem a Covilhã industrial no compasso rígido das máquinas, das ribeiras soltas, do fio do tempo que tece a cidade?

Passo ante passo, a bruma dos tempos dissipa-se ante a nossa passagem. Um passadiço para um pretérito de uma outra cidade ao compasso do bater do tear; para o tempo em que  milhares de homens e mulheres que se cruzaram com o soberbo capítulo da Covilhã industrial, que legou em gerações um testemunho lugares e momentos irrepetíveis, de esforço, suor, na construção de um tempo que perdurou na memória dos compêndios de história. Esta era a Covilhã dos lanifícios, fonte que consituiu parte do seu  ADN: a Manchester portuguesa nas faldas da Estrela, das fábricas que definiram toda uma paisagem urbana.

A Universidade da Beira Interior está intimamente ligada a esta realidade, ela que emergiu por entre as velhas fábricas de lanifícios, vítimas do ocaso do setor. Do vazio das instalações de antigas fábricas ergueu-se uma universidade. No mesmo espaço, a instituição que também marca a cidade de forma indelével, tomou em mãos o testemunho patrimonial de parte da história da cidade. O Museu de Lanifícios da Universidade da Beira Interior foi criado com o objetivo de salvaguardar a área das tinturarias da Real Fábrica de Panos, uma manufatura do Estado, fundada pelo Marquês de Pombal em 1764, integrada nas instalações da UBI e classificada como imóvel de interesse público, em 1982. Este é um museu de ciência e tecnologia que tem como missão a salvaguarda e a conservação "ativa" do património industrial têxtil, bem como a investigação e divulgação da tecnologia associadas ao processo de industrialização dos lanifícios. Dentro destas vastas paredes está contextualizada antropológica, económico-social, cultural e político-institucional toda a atividade a Covilhã.

Entremos, então, neste longo caminho até ao passado. No roteiro desenhado pelas palavras da sítio oficial, embarcamos pelo Núcleo da Real Fábrica de Panos, que se integra  no edifício pombalino da Real Fábrica de Panos, com uma área global de cerca de seis mil metros quadrados, mandado edificar, por Provisão Régia de D. José I, em Junho de 1764. Foi construída para funcionar como uma manufatura de estado, sofrendo acrescentamentos durante o reinado de D. Maria I, quando veio a ocupar uma área de cerca de dez mil metros quadrados. Dedicado à fase da pré e proto industrialização dos lanifícios, este núcleo vive das estruturas arqueológicas e arquitetónicas preservadas in situ. O projecto de musealização procurou articular informações de natureza técnica (fabrico e tingimento dos panos de lã e construção de um espaço manufatureiro) e de natureza arqueológica e histórica. Encontram-se musealizados 700 metros quadrados correspondentes aos espaços ocupados pelas antigas tinturarias pombalinas, onde se integram as salas de Tinturaria dos Panos de Lã, Tinturaria das Lãs em Meada e Tinturaria das Dornas, o Tanque de Água e osCorredores das Fornalhas, espaços que constituem as áreas de exposição permanente. Este núcleo dispõe ainda de uma Galeria de Exposições Temporárias e de uma área de Reservas e de Serviço de Museografia.

Para além do edifício da Real Fábrica de Panos, a Universidade da Beira Interior dispõe ainda de outro edifício histórico, a Real Fábrica Veiga, que foi arquitetonicamente intervencionada com a finalidade de nela se instalar um novo núcleo museológico, a sede do Museu e o Centro de Documentação/Arquivo-Histórico. Trata-se de um imóvel em cantaria de granito, situado junto à Ribeira da Goldra, na Covilhã, mandado construir por José Mendes Veiga, cuja actividade empresarial decorreu entre finais do séc. XVIII e inícios do séc. XIX. Este novo núcleo apresenta a evolução tecnológica ocorrida no campo dos lanifícios, durante os séculos XIX e XX. Para o efeito, e de acordo com o programa e projecto museológicos elaborados, foi reunido um significativo espólio fabril, muito dele extremamente impressionante, dando-nos um fiel retrato de como era esta gigantesca indústria.. Em Abril de 2005, foi inaugurado o complexo remodelado da Real Fábrica Veiga/Centro de Interpretação dos Lanifícios, com as valências de sede do Museu, Núcleo Museológico da Industrialização dos Lanifícios (sécs. XIX-XX) e Centro de Documentação/Arquivo Histórico. Este Núcleo Museológico encontra-se aberto ao público desde 17 de Maio de 2011, data em que foi oficialmente inaugurado.

O testemunho de um tempo também pode ser apreciado fora das imponentes paredes do museu. O Museu dos Lanifícios tem um núcleo museológico ao ar livre situado junto à Ribeira da Carpinteira (Sineiro, junto ao Pólo IV da Universidade da Beira Interior),tendo sido inaugurado em 30 de Abril de 1998. É o resultado de um processo de conservação e musealização in situ de um conjunto de râmolas de sol e de um estendedouro de lãs, pertencente à antiga firma de Ignácio da Silva Fiadeiro (em laboração de 1910 a 1939), ocupando ocupa uma área total de 652,7 metros quadrados. A criação deste núcleo reveste-se de uma significativa importância, porquanto constitui um marco na política de salvaguarda do património industrial da Covilhã e na criação do ecomuseu de lanifícios da Serra da Estrela. Trata-se igualmente de uma intervenção que valoriza a relação entre as vertentes do património industrial e natural, através do reconhecimento das paisagens culturais, inseridas na vertente ecológica do património.

António dos Santos Pereira, diretor do Museu dos Lanifícios, afirma que o museu estando precisamente localizado em antigas unidades industriais de produção de lanifícios, para além da sua função original e evidente enquanto preservação da memória  "deve, também, ser um testemunho às novas gerações para que estas tenham iniciativa". E como ela é necessária nos tempos que correm.


O projeto de musealização procurou articular informações de natureza técnica e de natureza arqueológica e historica


in "Museus, espaços de memória"
revista integrante da edição do Jornal do Fundão do dia 6 de dezembro de 2012

Modo de funcionamento
Horário dos Núcleos do Museu de Lanifícios da UBI:

Terça a domingo: 9h30 – 12h00 / 14h30 - 18h00

Encerrado: segunda-feira e nos dias 1 de janeiro, 1 de maio e 25 de dezembro
Morada
Real Fábrica Veiga - Centro de Interpretação dos Lanifícios, Calçada do Biribau, s/n (ao Parque da Goldra)
6201-001
Covilhã
Telefone
+351 275 319 724
E-mail
Fonte de informação
Jornal do Fundão
Data de atualização
07/01/2013
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