A justa homenagem aos judeus que durante séculos viveram quase no anonimato em belmonte
O PRIMEIRO ESPAÇO EM PORTUGAL DEDICADO À HISTÓRIA DO JUDAÍSMO.
É CONSIDERADO UM DOS 50 MELHORES DO MUNDO
Foi pioneiro em Portugal e ocupa lugar de destaque na oferta turística de Belmonte. Falamos do Museu Judaico, inaugurado em abril de 2005 e que se complementa também com a sinagoga existente na vila e com os próprios judeus de Belmonte, atualmente mais abertos ao exterior, mas que durante décadas se “fecharam” nos seus rituais religiosos.
O Museu Judaico tem mais de 30 mil visitantes por ano. Os conteúdos têm sido constantemente mudados e aprofundados, numa dinâmica rigorosa e muito interessante e que faz do museu um dos melhores do género em toda a Península Ibérica.
Aliás, o reconhecimento internacional tem sido notório. Os elogios são muitos, tal como as distinções. Uma das últimas veio do jornal britânico Telegraph, que colocou o museu na lista dos 50 melhores pequenos museus da Europa, lado a lado com espaços sobejamente conhecidos de importantes destinos turísticos como Veneza e Florença (Itália), Provence e Rouen (França), Valência, Lanzarote e Tenerife (Espanha) e Atenas e Creta (Grécia).
O visitante encontra uma retrospetiva do Judaísmo em termos nacionais e internacionais, destacando-se, naturalmente, a história da comunidade judaica de Belmonte, que resistiu a vários séculos de isolamento e perseguição por parte da Inquisição. A representação do quotidiano é feita com diversos utensílios e roupas, como por exemplo os que eram utilizados no fabrico do pão ázimo ou os que serviam para rituais de morte de animais para consumo. Peças para as cerimónias religiosas, livros, pedras com inscrições, pinturas e outros elementos de elevada importância e rigor históricos estão devidamente expostos nas diversas salas do museu, que se divide em três pisos e que conta, no seu interior, com um auditório e com o Centro de Estudos Judaicos Adriano Vasco Rodrigues.
Durante alguns anos, a Câmara Municipal de Belmonte lamentou o facto de não poder exibir uma epígrafe judaica que tinha sido encontrada na vila e levada para Castelo Branco. A autarquia expôs o assunto à Secretaria de Estado da Cultura e à opinião pública (o Jornal do Fundão também contribuiu com alguns artigos) e foi possível estabelecer um acordo com o Museu Tavares Proença Júnior, em Castelo Branco. A epígrafe, de valor incalculável, regressou então a Belmonte, sendo hoje uma das peças mais importantes do acervo.
O Museu Judaico tem contribuído de forma significativa para o aumento de turistas estrangeiros em Belmonte. É frequente ver pelas ruas da vila muitos visitantes de origem judaica, sobretudo de Israel, Estados Unidos da América e Brasil.
O RESGATE PELAS MÃOS DE SAMUEL SCHWARZ
Um dos temas em foco no Museu Judaico é a "Obra do Resgate", movimento que, nos anos 20 e 30 do século XX, teve como objetivo levar para o judaísmo normativo os criptojudeus que viviam em Portugal, nomeadamente em Belmonte. Quem deu a conhecer ao mundo a comunidade judaica de Belmonte foi o polaco Samuel Schwarz, que tem o destaque merecido.
in "Museus, espaços de memória"
revista integrante da edição do Jornal do Fundão do dia 6 de dezembro de 2012