Museu de Arte Sacra
O Museu de Arte Sacra é a mais recente unidade museológica do Município da Covilhã, inaugurada em 20 de outubro de 2011, que veio preencher uma lacuna e, naturalmente, enriquecer o concelho região.
O museu constituía uma antiga aspiração concretizada pela autarquia que, assim, veio melhorar a oferta cultural da cidade e valorizar a zona histórica da Covilhã.
Instalado na casa doada por Maria José Alçada - um edifício de 1921, projetado pelo arquiteto Raul Lino – situado em pleno centro da cidade, junto ao Jardim Público, este museu resulta dum protocolo de cooperação entre a Câmara Municipal e a Diocese da Guarda, tendo as paróquias que integram o concelho da Covilhã cedido, para exposição, vário património sacro que não se encontrava ao culto.
Numa área de exposição de 850 m2, o património museológico está repartido por dois edifícios, cujo percurso tem como pedra basilar os 7 sacramentos propostos pela igreja católica – batismo, confirmação, matrimónio, ordem, penitência, eucaristia e unção dos enfermos.
O espólio do museu, com mais de 600 peças, com realce para as coleções de pintura, escultura, ourivesaria, paramentaria e figuras de roca, abrange um período temporal desde o séc. XII à atualidade.
À entrada encontramos, simbolicamente colocadas, duas imagens, uma de Santo António, o Santo português mais popular e outra de Santo Antão, evocando um dos cultos mais antigos da diocese da Guarda e ao qual João Aibéo em 1897 deu nova vida. Seguem-se algumas peças que pertenceram às Ordens Terceiras da Covilhã e do Teixoso, importantes irmandades de leigos que souberam manter o espírito franciscano introduzido, na Covilhã, nos inícios do século XIII, com a Instalação do Convento de São Francisco. Convento que também aqui se encontra presente através da reprodução do frontispício de dois inventários que agora decoram os interessantes candeeiros do vão formado pelo acesso ao piso superior.
No piso inferior, chama-se ainda a atenção para uma sala onde se pode observar imagens de roca e outras articuladas que mostram como a fé era vivida, na rua e na praça pública, durante o século XVIII. Será no entanto a sala do tesouro que neste piso mais atenções desperta. Ali encontramos alguns relicários entre os quais sobressai o que contém a relíquia do Santo Lenho. Ainda nessa sala, destaca-se a curiosa imagem de Santa Marinha padroeira de uma das desaparecidas freguesias da Covilhã.
Crucifixo - peça que pertenceu à Ordem Terceira e segundo a tradição popular, pela sua expressão, fez recuar os franceses, em 1810.
Na escadaria, depois de observarmos a imagem da Imaculada Conceição descrita por Frei Agostinho de Santa Maria, no século XVIII, somos surpreendidos por um grande crucifixo. Trata-se de uma peça que pertenceu à Ordem Terceira e segundo a tradição popular, pela sua expressão, fez recuar os franceses, em 1810, aquando da invasão do convento de São Francisco. Em 1918, foi ainda o motivo de uma contenda entre os irmãos terceiros, a junta da paróquia e o pároco que disputavam a sua posse.
O percurso segue agora de acordo com os sete sacramentos o que constitui um dos aspetos mais originais desta unidade, conferindo um caráter pedagógico e catequético às visitas.
Mencionar neste texto todas as peças dignas de interesse é impossível. Será no entanto obrigatória a referência às imagens dos oragos das desaparecidas freguesias de São Vicente, do Salvador do Mundo e de um Cristo deposto, descrito, pela primeira vez, em 1656, por Frei Manuel da Esperança. Esta última peça integrava um conjunto de que faziam parte mais sete imagens, hoje desaparecidas, e segundo a tradição foi oferecida por João Fernandes Cabral, o irmão mais velho do descobridor do Brasil. Dignas de destaque são ainda duas imagens do Espírito Santo, uma oriunda da Vila do Carvalho e outra, em pedra de Ançã, proveniente do Tortosendo.
Na sala da Eucaristia são as inúmeras alfaias litúrgicas a merecer uma visita mais demorada.
A primeira exposição temporária foi dedicada às confrarias e aí dominam as bandeiras destas organizações de fiéis. Desperta-nos a atenção a bandeira da Confraria das Almas, da Erada, que tem representado no anverso Frei Miguel Contreiras, identificado pela inscrição F.M.I que significa Frei Miguel Instituidor, por ter sido um dos fundadores da Misericórdia de Lisboa e o seu primeiro provedor.
A visita termina com a reprodução de uma igreja, no último piso. Com caráter didático, é ali descodificada a principal simbologia relativa aos templos cristãos.
in "Museus, espaços de memória"
revista integrante da edição do Jornal do Fundão, de 6 de dezembro de 2012
Encerramento: segunda-feira e feriados
Entrada livre / Visitas guiadas com marcação prévia
GPS: N 40º16’59.39’’ | O 7º30’15.46’’