Fernando Lima
Coreógrafo português natural de Lisboa (14 de Maio de 1928 - 17 de Agosto de 2005).
Fernando Lima, Lisboa, 14 de Maio de 1928. Professor, coreógrafo e director artístico. Já cursava a Faculdade de Ciências de Lisboa (estudos preparatórios de Engenharia) quando, em 1947, se começou a interessar pela dança. Estava familiarizado com a prática desportiva antes de se tornar aluno de Margarida de Abreu, com quem começou a estudar naquele ano no estudo de Iniciação Coreográfica (CIC).
Com o CIC participou na estreia da peça “Mefisto-Valsa”, bailado surrealista de Paul Szilard com cenários de Almada Negreiros no Coliseu dos Recreios (1949) e na Temporada de Ópera do TNSC (“Orfeu”, “Adriana Lecouvreur” e outras, em 1950). Com “Variação Clássica”, montada em Paris por Preobrajensky, e dançada com Ana Mascolo, Fernando Lima começa a dedicar-se ao reportório clássico, tendo posteriormente dançado peças como o “Pas de deux”, “Pássaro Azul” e o dueto do II acto do “Lago dos Cisnes”. Terá sido, assim, o primeiro bailarino português a dançar papéis do reportório clássico tradicional dentro de um contexto profissionalizante em alguns dos nossos melhores teatros, quando regressou do estrangeiro. Em 1952, participou numa série de recitais com Águeda Sena e Anna Mascolo no Teatro Monumental, tutelados por Margarida de Abreu e genericamente intitulados “Tardes de Ballet”, em que estreia as suas primeiras coreografias: “Macbeth”, “Prelúdio à Sesta de um Fauno” (música Debussy) e “Epílogo”. Depois partiu para Paris abandonando definitivamente os estudos de engenharia para se dedicar ao bailado.
Fundou o “Ballet-Concerto” com o qual apresentou várias peças: “Prelúdio à Sesta de um Fauno” (música Debussy,1952), “Piquenique” (música Darius Milhaud, 1953), “Delphiada” (música Debussy, 1955) e “Galaaz” (música Rachmaninov, 1955). Mais tarde, Fernando Lima organizaria um novo grupo que se estreou no Cinema Império com as obras anteriores e novas da sua autoria, designadamente “Sonata” (música Mozart, 1955), “As Más Línguas” (música Jean Françaix 1955) e “Polka do Circo” (música Stravinsky, 1955). O “Ballets de Lisboa” herdou algumas peças do Ballet-Concerto às quais se acrescentaram “Jogos Sinfónicos” (música Prokofiev, 1958), Claire de Lune (música Debussy, 1958), “Dança para a Primavera” (música Vivaldi), “Bonecos e Malandrins” (música Stan Kenton, 1958), “A Severa” (música Fernando de Carvalho, 1956), “Nazaré” (música Fernando de Carvalho), “O Capote” (música Prokofiev), “Auto da Índia” e “O 111” (música Bela Bartók).
Nos finais de 1961, e de parceria com Margarida de Abreu, começou a dirigir o Verde Gaio para o qual criou “O Condestável – A Espada e a Cruz” (música de Luís de Freitas Branco) e “Passatempo” (música Ruy Coelho) e apresenta uma nova versão de “A Severa”, intitulada “Fado”, com música de Jaime Silva Filho. Em 1963, para uma breve temporada do Verde Gaio no Teatro da Trindade, coreografou “O Douro Correu para o Mar” com Margarida de Abreu (música Cláudio Carneiro, 1963), e “O Homem do Cravo” (música Armando José Fernandes, 1963).
Além de ter coreografado vários programas para a RTP, Fernando Lima criou também “Fandango” (música Luís de Freitas Branco, 1964) e “Tema Alentejano” (música Joly Braga Santos, 1964) para o Verde Gaio, bem como “A Ilha dos Amores” (música Debussy, 1968), “Engrenagem”, “A Banda” (música Tavares Belo, 1970), e “Imagens da Guitarra Portuguesa” (música Carlos Paredes, 1971). Em 1971 coreografa para o Grupo Gulbenkian de Bailado “Metamorfoses” (música Hindemith), e em 1973 estreou “Fragas” e “D. Garcia” ambos com partituras de Joly Braga Santos.