"É de Cultura como instrumento para a felicidade, como arma para o civismo, como via para o entendimento dos povos que vos quero falar"

Centro Histórico de Arouca

Distrito: Aveiro
Concelho: Arouca

Localização
Entre os rios Arda e Paiva tem a NE a serra de Freita e Montemuro e a SE a serra da Arada. Acessos através da EN 326 Arouca-Rossas-Corga, com ligação à EN 1 Lisboa-Porto, e através da EN 224 por Castelo de Paiva e Vale de Cambra.
Tipo de Património
Descrição

Arouca encontra-se inserida na província do Douro Litoral e pertence ao distrito de Aveiro, distando 73 km desta cidade, 55 km do Porto e 322 km de Lisboa.

O seu clima é temperado, de influência oceânica, com um elevado grau de precipitação. A sua superfície é de 327 km² e tem uma densidade populacional de cerca de 75 habitantes por km². Devido à grande fertilidade dos seus solos e à abundância de cursos de água, a agricultura foi sempre a actividade tradicional predominante nesta região, juntamente com a pastorícia.

Arouca tem marcadas características etnográficas, as quais transmitem uma cultura muito própria, com evidentes vestígios de um comunitarismo agro-pastoril. Foi edificada pelos galo-celtas cerca de 404 a.C. e fundada por César Augusto em 34 a.C., o qual lhe deu foro de cidade com o nome de Arauca,  Aruca ou Araducta, mantendo-se assim até 716. Denominava-se Ourouca quando quase foi destruída pelos árabes, tendo El Cid e D. Fernando de Castela derrotado as tropas do rei mouro, Zabão Ibn. Mais tarde, o conde D. Henrique e Egas Moniz aprisionaram o rei muçulmano Echa Martim. Em 1151, o povoado recebeu foral de D. Afonso Henriques, confirmado em 1217 por D. Afonso II e em 1513 por D. Manuel I. Em 1855, diversas freguesias foram acrescentadas ao concelho de Arouca, o qual, em 1918, já se encontrava definitivamente delineado.

Apesar deste município ser recente, o seu povoamento é anterior aos romanos, confirmado pelos diversos monumentos e achados arqueológicos datáveis de épocas anteriores à invasão romana. Foi um castro que deu nome à vila e à fundação do Mosteiro de S. Pedro de Arouca, antes do séc. X. Este mosteiro foi fundado por D. Loderigo e D. Vandilo, no séc. VIII e, devido a problemas de propriedades fundiárias, o caso acabou por ser solucionado com a instituição da comunidade religiosa. Durante a invasão árabe o convento foi destruído e, algum tempo depois, D. Ansur e sua mulher, D. Eleva, compraram o direito do padroado sobre o convento aos seus fundadores, tendo-o reedificado e ampliado. Este mosteiro foi cedido ao abade Hermegildo, da ordem de S. Bento, através da doação de 12 de Abril de 961 e foi misto até ao séc. XII. D. Toda Viegas conseguiu obter, em 1132, das mãos de D. Afonso Henriques, um couto para o mosteiro, livre de direitos régios. Sob o seu domínio, cerca de 1154, a comunidade masculina foi extinta e em 1226, através de bula papal, foi entregue à regra dos Cistercienses. Actualmente, já não resta muito da sua traça primitiva devido às sucessivas transformações que sofreu através dos séculos (a sua aparência relaciona-se com as obras dos séc. XVII e XVIII). Foi neste mosteiro que professou D. Mafalda, filha de D. Sancho I, mulher de grandes virtudes e hábil admnistradora, a quem se deve o grande aumento dos bens fundiários, privilégios e rendas da comunidade (aliás, encontram-se diversas personalidades da mais alta linhagem portucalense ligadas a este mosteiro). D. Mafalda gastou os seus vastos bens em obras de devoção e, quando faleceu, no Convento de Rio Tinto, foi sepultada, como era seu desejo, no Mosteiro de Arouca. Durante o trajecto entre os dois conventos edificaram-se curiosos monumentos, "moimentos" ou "marmorais", no local onde a burra que transportava o seu ataúde descansava. O povo, quando D. Mafalda morreu, chamou-a de "Rainha Santa". Em 1616, verificou-se que o corpo da Infanta, sepultada no mosteiro, se encontrava incorrupto, facto que originou um processo de beatificação no final do séc. XVIII. O Mosteiro de Arouca é um dos mais antigos do país e dos que possuíram maior recheio artístico e documental, salientando-se o túmulo de Santa Mafalda.  No mosteiro funciona o Museu Regional de Arte Sacra onde é possivel apreciar-se o rico espólio com peças de escultura, pintura, ourivesaria, mobiliário, tapeçaria e uma valiosa colecção de livros litúrgicos manuscritos, com iluminuras.

O concelho tem um grande número de Calvários ou Cruzes da Via Sacra, salientando-se com valor histórico-artístico, o Memorial de Santo António, igualmente conhecido por "Arco da Rainha Santa Mafalda", considerado um dos mais significativos do género no norte do país, tratando-se, provavelmente, de um monumento tumular (classificado Monumento Nacional).

O concelho de Arouca encontra-se integrado na área promocional da Costa de Prata e na Região de Turismo da Rota da Luz. Esta região é muito rica em artesanato, especialmente em mantas de retalhos, além de possuir uma tecelagem variada e trabalhos em cestaria.

folclore é vivo, acompanhado por belas canções de tradição arcaica, as quais se encontram intimamente ligadas aos hábitos das populações locais. Existem diversos ranchos folclóricos e grupos de danças, bem como bandas musicais e grupos corais.

Gastronomia

   Doçaria Conventual
A variedade e qualidade da doçaria conventual e regional de Arouca são hoje recurso de grande valia e fonte inestimável de riqueza para o Concelho. O mosteiro e as suas freiras legaram-nos, nesse domínio, um património riquíssimo, que continua a ser transmitido de mãos em mãos, de geração em geração, mantendo-se o segredo da sua confecção nas poucas famílias que a ele tiveram acesso. As castanhas doces, as morcelas, o pão de S. Bernardo, as barrigas de freira, o manjar de língua, as roscas e os charutos de amêndoa, o pão de ló, os melindres, são apenas algumas das variedades da doçaria arouquense que, semana a semana, atraem tantos visitantes ao concelho.

Raça Bovina Arouquesa
Os animais de raça arouquesa, cuja carne tem denominação de origem protegida e encontra-se certificada desde 1998, são criados em liberdade pelas encostas serranas, alimentados à base de vegetação natural que cobre essas encostas, facto que confere à sua carne, deliciosamente tenra, um inigualável sabor. A confecção desta carne é feita de várias formas, mas constituindo sempre pratos irresistíveis: vitela assada, posta arouquesa, costela arouquesa, bife de Alvarenga, entre outros. Também característico, é o cabrito assado da Gralheira.

Existem diversas manifestações tradicionais de culto, recreio e cultura, embora se tenham perdido alguns aspectos tradicionais nas festas e romarias. Apesar disso, são inúmeras as festas realizadas durante todo o ano, ligadas ao padroeiro de cada freguesia, com o duplo carácter religioso e profano, com diversas romarias e procissões. A principal festa, a "Feira das Colheitas", em Setembro, é demonstrativa das potencialidades do concelho, através de diversos concursos (gado, melhores searas, entre outros) e de exposições, integrando o rico artesanato e etnografia da região, além de maquinaria agrícola e actividades desportivas. Arouca é considerada a região mais rica do país em música folclórica, existindo uma compilação em livro. Um importante pólo de atracção turística é a sua riqueza natural, com paisagens exuberantes, salientando-se as quedas de água da Mizarela (serra da Freita) e da Aguieira (Alvarenga). As suas serras têm inúmeros cursos de água límpida e de grande riqueza piscícola, convidando à prática da pesca desportiva.

A região é rica em vestígios arqueológicos, tais como, castros, sendo, ainda, um importante motivo de atracção, o Conjunto Megalítico (dólmens e mamoas), da freguesia de Escariz, a maior concentração de monumentos megalíticos (40), alguns dos quais já foram objecto de escavações arqueológicas, inventariados e classificados (junto aos mesmos foi encontrado um espólio abundante e de boa qualidade). A região é, igualmente, interessante do ponto de vista da habitação tradicional, com núcleos na zona serrana, de aldeias em xisto, ardósia e granito, bem integradas no meio ambiente. Nessas aldeias, muitas delas isoladas, ainda existem traços da vida comunitária, especialmente no campo agro-pastoril, nos trabalhos agrícolas e de pastoreio, onde são utilizados serviços de troca por troca.

Outros pontos de interesse são os moinhos colectivos, movidos a água, para a moagem de cereais, totalmente edificados em pedra.

Fonte de informação
CNC / Patrimatic
Data de atualização
26/07/2010
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