Igreja de Nossa Senhora da Assunção
É possível que a construção da igreja de Nossa Senhora da Abendada remonte a meados do século XV. No século XVI, passou a designar-se por igreja de Nossa Senhora da Assunção e é a Matriz de Grândola.
Na fachada exterior, podem ver-se (entre outros elementos) um hábito da Ordem de Santiago esculpido sobre porta principal, uma janela com vitral e, no alto, alguns efeitos maneiristas, arrematados com uma cruz em cimento. No campanário há a registar o mostrador de um relógio, quatro janelas sineiras (com cinco sinos) quatro cornijas e um pináculo. O lado Norte é ocupado pelo novo centro paroquial e residência do paroco e, no lado Sul, podem ver-se (além dos elementos referidos) as paredes das capelas laterais e do escritório (com uma porta e duas janelas com vitrais).
O seu interior é constituído por um vestíbulo com paredes em madeira, três portas e três janelas com vitrais. Segue-se a nave, com cobertura em madeira de três panos, pintada com motivos geométricos simples. Sobre o espaço da entrada há um coro alto em madeira com balaustrada. No lado esquerdo (a norte) há um espaço para recolha de dádivas, à qual se segue a porta de acesso ao púlpito e depois este. Segue-se uma capela transformada em batistério, com uma tina grande de pedra em forma de cálice e, na parede, uma pintura maneirista em madeira, do fim do séc. XVI, representando o Pentecostes, da autoria de Fernão Gomes. A esta seguem-se outra capela e um altar, com retábulos de talha dourada. No lado direito (a sul) à porta que dá acesso ao coro e à torre sineira, segue-se outra, que dá acesso ao exterior, que tem na base uma pedra tumular (do padre Veríssimo Leitão de Macedo) e sobre a porta há uma janela com vitral. Seguem-se duas capelas e um altar (simétricos aos do lado norte) também adornados com retábulos de talha dourada, e a primeira (da Irmandade das Almas) é revestida de ajulejos azuis e brancos (com data de 1657). As paredes estão revestidas, em rodapé, de azulejos amarelos, azuis e brancos, com motivos geométricos, do séc. XVIII, e possuem junto às portas de acesso quatro pias de água benta em pedra.
Ao corpo da Igreja segue-se o altar-mor, cuja entrada é encimada por um arco de volta perfeita e um hábito da Ordem de Santiago, e onde se podem ver, do lado norte uma porta de acesso à sacristia, e uma janela, e no lado sul uma porta de acesso ao antigo escritório paroquial, e uma janela. Este altar contém um retábulo de feição neoclássica onde se destacam duas estátuas representando a Fé e a Esperança.
Síntese de intervenções:
Em 1513, esta Igreja tinha cerca de 85 m2 de área total e continuava degradada e, entre 1525 e 1534, foi totalmente reconstruída e ampliada, ficando então com 194 m2 de área. Entre o século XVI e o século XVIII, sofreu várias intervenções, nomeadamente o acréscimo de dois anexos, a construção de capelas e o revestimento em ajulejos. A maior alteração ocorreu, contudo, na década de 70, com a construção do centro paroquial e a habitação do pároco, que alterou a antiga feição da Igreja (a norte).
ALMEIDA, M. C. Gaio Tavares de, Roteiro Setecentista da Vila de Grândola, Ed. da C. M. G., 1998;
FALCÃO, José António, O Entalhador Francisco Álvares e a Construção do Retábulo-Mor da Igreja Matriz de Grândola em 1680-1684, Ed. da Diocese de Beja, 1995;
SILVA, Germesindo, O Mestre de Sant’Iago D. Jorge e as Visitações ao Lugar de Grandolla, Ed. do Autor, Tip. Ramos, Afonso & Moita, Lda, Lisboa, 1991.