Barcos de Setúbal
Os barcos de Setúbal têm uma marca especial que indica bem a sua função pescadeira-conserveira. No apogeu da pesca artesanal, além da enchente de bateiras dos ilhos e mesmo dos barcos poveiros – que até aqui chegavam na procura de pescaria e de mercado, juntava-se grande número de embarcações dos tipos dominantes na zona – caíques, canoas, barcos, lanchas, botes – que se dedicavam à pesca do alto, com sofisticados aparelhos de anzol e à pesca costeira, com redes de emalhar e aparelhos de anzol. Por outro lado, na costa da Galé, além das armações fixas, à sevilhana, que aqui eram feitas pelos pescadores vindos de Sesimbra, também se empregavam artes de arrastar para terra, como se usava no Algarve.
No Estuário do Sado, desde o cabo da Roca até quase à costa algarvia, podiam encontrar-se os barcos de Setúbal e as técnicas de pescar do Sado. Esta arte de pesca de cerco volante, importada de Espanha há alguns séculos e tornada tradicional na zona, emprega pelo menos seis embarcações e é um espectáculo digno de ser apreciado. Em primeiro lugar, o galeão para o transporte da rede, depois o galeonete, embarcação de apoio munida com quilha, dois bicos, proa a direito e arrufada com latino triangular, a seguir, três buques de roda de proa curva, mais rasos e sem coberta, que iam aguentando a rede principal e, por fim, completavam o conjunto algumas canoas que funcionavam como avisos. O porto de Setúbal, virado ao Atlântico, é ainda hoje motivo de atracção, pelo movimento e colorido das embarcações, das gentes e da faina do mar.