"É de Cultura como instrumento para a felicidade, como arma para o civismo, como via para o entendimento dos povos que vos quero falar"

Personalidades

Marcelino Macedo Vespeira

Distrito: Setúbal
Concelho: Alcochete

Tipo de Património
Personalidades
Biografia

Nasce a 9 de Setembro de 1925 (Samouco-Alcochete). Após o curso de habilitação às Escolas de Belas-Artes da Escola António Arroio, frequenta o 1º ano de Arquitectura da Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa. Volta à Escola António Arroio em 1942 para leccionar, chegando a elaborar um novo plano de estudos, que contudo não chega a ver aplicado, visto ter sido saneado de funções.

A primeira exposição, colectiva organizada pelo grupo da tertúlia de café que contava com Júlio Pomar, Fernando Azevedo, Pedro Oom, Gomes Pereira, passa desapercebida à crítica de então. Tal como muitos outros, na impossibilidade de manter uma subsistência apenas como pintor, Vespeira dedica-se às artes gráficas, desenvolvendo uma actividade como desenhador publicitário e que iria manter ao longo do seu percurso, chegando a ganhar dois concursos para cartazes do Turismo (mesmo para tal tendo de utilizar um pseudónimo). Ao mesmo tempo realizava trabalhos de decoração para diversos certames internacionais.

Iniciando aquilo que viria a ser uma constante em todo o seu percurso artístico, a procura de novas linguagens plásticas, imbuído de um espírito contestatário ao clima político de então, Vespeira torna-se um dos motores do movimento neo-realista português, chegando mesmo a escrever o seu "Manifesto", uma Carta Aberta aos Pintores Portugueses. É assim que participa nas duas primeiras Exposições Gerais de Artes Plásticas (Sociedade Nacional de Belas-Artes), tendo aí apresentado uma tela que se tornaria o símbolo deste primeiro momento do movimento: Apertados pela Fome (1945). A obra do pintor experimenta depois novas estéticas, da denúncia do real para a transformação deste, tendo Vespeira sido um dos fundadores do breve Grupo Surrealista de Lisboa (Cruzeiro Seixas, Fernando Azevedo, António Domingues, Mário Cesariny e Moniz Pereira) em 1947, antagonizando-se com os neo-realistas. A sua obra deste período está marcada por um surrealismo fortemente erótico.

A primeira exposição individual data de 1952, numa loja de móveis da Baixa, a Casa Jalco, que viria a provocar grande escândalo na sociedade lisboeta de então pelo carácter surrealista das obras apresentadas (v. O Menino Imperativo). Após esta exposição o pintor procura uma nova linguagem, primeiro através do Abstraccionismo Geométrico, evoluindo depois para a criação de uma linguagem própria, gráfica, libertando-se gradualmente em direcção a uma maior expressividade e poética, ganhando uma dinâmica própria, colhendo influências do período surrealista.

Os primeiros anos da década de setenta encontram um Vespeira com maior protagonismo. Em 1970 Vespeira é escolhido para integrar o grupo de artistas responsáveis pelos novos quadros da Brasileira do Chiado. No pós-25 de Abril o pintor participará em várias manifestações colectivas e populares, num clima de intervenção não só artística mas sobretudo política e social. Só em 1980 o artista voltaria a expor individualmente, indicativo de uma produção cada vez mais lenta, retomando a linguagem surrealizante de cariz erótico.

Bibliografia:

FRANÇA, José-Augusto, Os quadros de "A Brasileira", Lisboa: Artis, imp. 1973. (Colecção de arte contemporânea ; 20).
Idem, A pintura surrealista em Portugal, [Lisboa]: Artis, imp. 1966. (Colecção de arte contemporânea ; 16).
Idem, Balanço das actividades surrealistas em Portugal,[s.l.: s.n., 1950].
Idem, Da poesia Plástica : notas sobre a pintura de António Pedro, António da Costa, Fernando Azevedo, Vespeira, Fernando Lemos e Vieira da Silva, Lisboa: Cadernos de Poesia, 1951.
GONÇALVES, Rui Mário, Pintura e escultura em Portugal : 1940-1980, [Lisboa]: Instituto de Cultura Portuguesa, 1980. (Biblioteca breve. Série artes visuais ; 44).
Idem, 100 pintores portugueses do século XX, Lisboa: Publicaçoes Alfa, 1986.
SOUSA, Ernesto de, A pintura portuguesa neo-realista (1943-1953), Lisboa: Artis, imp. 1965. (Arte contemporânea ; 15) .

Cronologia

1925
- Nasce no Samouco (Alcochete), a 9 de setembro.

1937/1942
- Curso da Escola de Artes Decorativas António Arroio, onde concluíu o curso de habilitação às escolas de Belas-Artes.

1942/1943
- Frequência do 1º ano de Arquitectura, na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa (que abandonará no fim do ano lectivo).

1943
- I Exposição Colectiva (com Fernando Azevedo, Júlio Pomar, Pedro Oom, Gomes Pereira).

1944
- Trabalha como desenhador publicitário, conquistando vários prémios em concursos de cartazes; - Actividade como decorador.

1945
- Artigos e Manifestos em "A Tarde", entre os quais Carta Aberta aos Pintores Portugueses, manifesto do Neo-Realismo.

1946
- I Exposição Geral de Artes Plásticas, S.N.I.;
- Exposição Museu do Trabalho, na Voz do Operário;
- National Society of Fine Arts, Londres.

1947
- II Exposição Geral de Artes Plásticas, SNBA;
- Criação do Grupo Surrealista de Lisboa.

1947/48
- Professor de Desenho na Escola Industrial Afonso Domingues.

1949
- Exposição do Grupo Surrealista de Lisboa.

1950
- Apresenta dois óleos na London Gallery.

1952
- I Exposição Individual, na Casa Jalco;
- 20 Pintores Contemporâneos, Galeria de Março.

1953
- Prémio Jovem de Pintura, Galeria de Março;
- II Bienal de S.Paulo, M.A.M..

1954
- I Salão de Arte Abstracta, Galeria de Março;
- Diogo de Macedo compra quadro para o Museu Nacional de Arte Contemporânea.

1955
- I Exposição Individual, Galeria Pórtico;
- Exposição Colectiva, Galeria Pórtico;
- III Colectiva de Artistas Plásticos;
- I Exposição de Artes Plásticas, Convento dos Capuchos.

1956
- I Salão dos Artistas de Hoje, SNBA;
- Núcleo de Arte (Lourenço Marques);
- IV Mostra Internazionale de Bianco e Nero (Lugano);
- Prémio Hot Club de Portugal, no Salão "O Jazz Visto Pelos Artistas Modernos", Galeria Pórtico.

1957
- I Exposição Gulbenkian,FCG;
- IV Bienal de S.Paulo;
- Comptoir Suisse (Lausanne);
- Prémio Columbano, na II Exposição de Artes Plásticas, Convento dos Capuchos.

1958
- I Salão de Arte Moderna S.N.B.A.;
- Integra a Missão Internacional de Arte, em Évora;
- Prémio Heitor Cramez, no I Salão de Vila Real de Trás-os-Montes;
- Bolsa de Estudo da Fundação Calouste Gulbenkian;
- Exposição de Artes Plásticas, Faculdade de Medicina de Lisboa;
- Retrospectiva da Pintura Não-Figurativa em Portugal;
- Exposição, Guimarães;

1959
- 50 Artistas Independentes, SNBA;
- I Exposição Colectiva de Verão, Galeria Diário de Notícias;
- II Exposição de Arte Moderna, Viana do Castelo (Coimbra e Caldas da Rainha);

1960
- Galeria Diário de Notícias;
- I Exposição de Arte Moderna, Carregal do Sal;
- I Salão de Artes Plásticas, Vila Franca de Xira;
- Exposição , Caldas da Rainha;
- Exposição , Oliveira do Conde;

1961
- II Exposição Gulbenkian;
- V Exposição de Artes Plásticas, Convento dos Capuchos;
- Contracto com um marchand;

1962
- Óleos 61, Galeria Diário de Notícias;
- Arte Portuguesa Contemporânea, Exposição itenerante da F.C.G.;
- 15 Pintores de Lisboa, Madrid;

1964
- 19 Desenhos, Galeria 111 (novembro);
- Exposição de Novembro, S.N.B.A;

1965
- Exposição de Maio, S.N.B.A.;
- Exposição de Verão, S.N.B.A.;

1966
- I Exposição Colectiva, Galeria Divulgação;
- Exposição Colectiva, Bagdad;
- Exposição, Amarante;

1967
- Galeria Permanente, S.N.B.A.;
- 15 Gouaches, Galeria 111;

1968
- Art Portugais, Peinture et Sculpture du Naturalisme a nos Jours, Bruxelas, Paris (Centro Cultural Português), Madrid;
1970
- 44 Gouaches, Galeria 111;
- Exposição , Évora;
- Exposição, Óbidos;

1971
- 1 das Pinturas para a Brasileira do Chiado (expostas na Galeria Mitnitzky em Junho);
- Exposição, Óbidos;

1972
- Exposição Individual, Mirandela;

1973
- Pintura Portuguesa de Hoje, Abstractos e Neo-Figurativos, FCG, em Lisboa, e depois Salamanca, Barcelona;
- Arte Moderna Portuguesa, Galeria Quadrum;
- National Society of Fine Arts, Londres;

1974
- Participação no mural comemorativo do !º de Maio, no Instituto Superior Técnico;
- Participação no mural comemorativo do 10 de junho, na Galeria de Belém;
- Concentração de Artistas em Viseu;
- Concentração de Artistas em Évora;

1975
- Exposição Colectiva comemorando os 50 anos do Movimento Surrealista, Galeria Ottolini;
- Activo no Caso da Exposição de Paris;
- Exposição Individual, FCG;

1977
- Arte Portuguesa Contemporânea, Brasília, S.Paulo, Rio de Janeiro;

1980
- Exposição Colectiva na I Jornada da Acta Médica, FCG;

1983
- Jornada de Divulgação da Arte em Portugal, Casa do Alentejo;

1985
- Galeria Altamira;
- Galeria Almada Negreiros (SEC);

1986
- Exposição AICA-Philae, S.N.B.A.;

1988
- VI Bienal de Arte de Vila Nova de Cerveira, Surrealismo, Surrealizações;

1989
- Exposição de Artes Plásticas, Ass. 25 de Abril, Silves;

1991
- Participação no Leilão de Obras de Arte, oferecidas pelos artistas, para angariação de fundos para a construção do novo edíficio do Instituto Nacional de Cardiologia Preventiva, Galeria de Arte dos C.T.T.;

1993
- Representado na Exposição Arte Portuguesa nos Anos 50, Biblioteca Municipal de Beja/SNBA;

1996
- Exposição de Artes Plásticas, Neo-realismo/Neo-realismos, Galeria Municipal, Matosinhos;

Trabalhos de Decoração:
- Exposição Documental da Companhia Nacional de Electricidade;
- IV Centenário da Cidade de S. Paulo;
- Feiras das Indústrias Portuguesas;
- Feira del Levante, Bari;

Trabalhos Gráficos:
- Capa de livros;
- Ilustrações.

O Menino Imperativo, 1951 - fotografia in CNC, Portugal nas Artes, nas Letras e nas Ideias, p. 172.

Prémios
Concursos de cartazes (1943-44); Jovem de Pintura, Galeria de Março (1953); Hot Club de Portugal, Salão "O Jazz visto pelos Artistas Contemporâneos" (1956); Columbano, II Exposição de Artes Plásticas; Heitor Cramez, I Salão de Vila Real de Trás-os-Montes
Data de atualização
11/12/2008
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