Personalidades
Jorge Silva Melo
Jorge Silva Melo nasceu em Lisboa a 7 de Agosto de 1948. Licenciou-se na Faculdade de Letras de Lisboa em Filologia Românica, tendo durante a sua vida de estudante universitário optado pelo cinema e teatro. Numa primeira fase, entre 1966 e 1969, foi crítico em várias publicações como O Tempo e o Modo, A Capital e o Jornal de Letras e Artes. No mesmo período, foi também assistente de realização da curta-metragem Sophia de Mello Breyner Andersen, de João César Monteiro, estreando-se como actor, em 1969, após ter ingressado no Grupo Cénico de Letras, em O anfitrião, de António José da Silva. Em 1969/70, vai para Londres estudar cinema com o apoio de uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian. Nesse ano lectivo é director de produção do filme Quem espera por sapatos de defunto morre descalço, de João César Monteiro. Nos anos que se seguem, entre 1971 e 1974, é assistente de realização em Pousada das Chagas, de Paulo Rocha, Perdido por cem, de António Pedro Vasconcelos, e Brandos costumes, de Alberto Seixas Santos. Apesar de um certo pendor para uma carreira cinematográfica, não abandona o teatro e funda com Luís Miguel Cintra O Teatro da Cornucópia, que em pouco tempo, assume grande protagonismo no panorama teatral português. Neste grupo é encenador, em alternância e juntamente com Luís Miguel Cintra, e actor, interpretando sucessivamente: O misantropo (1973), de Moliére; A ilha dos escravos e A herança (1974), de Marivaux; Terror e miséria no III Reich (1974), de Bertold Brecht; Pequenos burgueses (1976), de Gorki; Ah Kiu (1976), de B. Chartreux e de J. Jourdheuil; Tambores da noite (1976), de Bertold Brecht; Woyzeck (1978), de Buchner; E não se pode exterminá-lo? (1979), de Karl Valentim. Ainda no campo da encenação mas enveredando também na dramaturgia e cenografia, Jorge Silva Melo colaborou em: Alta Áustria (1977), de Kroetz; Casimiro e Carolina (1977), de Odon von Horváth; Música para si (1978), de Kroetz. Em 1979 sai da Cornucópia continuando, no entanto, o seu trabalho como actor e realizador no cinema. No ano seguinte é o teatro que o faz ir como bolseiro para a República Federal da Alemanha onde estagia na Shaubuhne como assistente de Peter Steinn na encenação de Oresteia e de Michael König em Woyzeck. Ainda como bolseiro vai para Itália em 1981, assistindo Giorgio Strehler no PiccoloTeatro de Milano na encenação de A alma boa de Tsé Chuan, de Bertold Brecht, e mais tarde no Scala de Milão na encenação da ópera As bodas de Fígaro. Depois de uma passagem por França, volta a Portugal assumindo unicamente o cinema, tanto como actor e realizador, como professor na Escola de Cinema do Conservatório de Lisboa. No entanto, em 1988 volta aos palcos, nos Encontros ACARTE onde interpreta e encena Material Medeia e Quarteto, de Heiner Müller. No Teatro da Malaposta, em 1994, regressa com Greensleaves, de Joyce Carol Oates. No ano seguinte, com produção ACARTE, é responsável pela dramaturgia, encenação e direcção artística de António, um rapaz de Lisboa, notável espectáculo constituído maioritariamente por actores jovens. Em 1996, é convidado para exercer funções de acessoria, na área de teatro, no Centro Cultural de Belém. É autor ainda das peças: Seis rapazes, três raparigas; Prometeu e Num país em que não querem defender os meus direitos, eu não quero viver. Foi realizador das longas metragens: Passagem ou a meio caminho; Agosto e Coitado do Jorge; e do documentário António Palolo.