"É de Cultura como instrumento para a felicidade, como arma para o civismo, como via para o entendimento dos povos que vos quero falar"

Personalidades

Amélia Rey Colaço

Distrito: Lisboa
Concelho: Lisboa

Tipo de Património
Personalidades
Descrição


Amélia Rey Colaço nasceu em Lisboa em 1898 e morreu na sua terra natal a 8 de Julho de 1990. Desde criança viveu no ambiente cultural de casa de seu pai - Alexandre Rey Colaço - famoso pianista, compositor e mestre de música do último rei de Portugal. Despertou para o Teatro, em 1913, aquando de uma visita a sua avó materna, Madame Kirsinger, que em Berlim mantinha um famoso salão literário e musical onde assistiu aos grandes espetáculos de Max Ranhardt, tendo então decidido ser atriz.

De regresso a Lisboa, começou a sua aprendizagem com o grande mestre Augusto Rosa. Quatro anos volvidos, em 1917, estreou-se, com enorme êxito no Teatro da República (hoje S. Luiz), em Marianela, demonstrando qualidades artísticas invulgares que fizeram dela uma atriz de primeiríssimo plano. No final de 1920, casa com Felisberto Robles Monteiro com quem funda a Companhia Rey Colaço - Robles Monteiro. A primeira peça apresentada pela nova companhia, em 1921, é Zilda, do dramaturgo Alfredo Cortez, no Teatro Nacional, onde Amélia Rey Colaço encarna a primeira personagem moderna do teatro português. No ano seguinte, a companhia fixou-se no Teatro Politeama onde ficou residente durante vários anos.

Em 1929 a Companhia Rey Colaço- Robles Monteiro apareceu pela primeira vez no palco do Teatro Nacional de Almeida Garrett (que 10 anos depois se tornaria a chamar de D. Maria II) com Peraltas e Sécias onde ficaria como Companhia residente até 1964. Ao longo de 35 anos, Amélia Rey Colaço com o seu profundo bom gosto e atualidade que a distinguiram claramente, contribuiu para o meio artístico e cultural do país, como atriz, cenógrafa, aderessista, encenadora, na escolha do reportório e, quando julgava apropriado, chamando à decoração teatral artistas de renome como, Almada Negreiros, Raul Lino, João Abel Manta, Domingos Rebelo, José Barbosa, Stuart Carvalhais, António Soares, Eduardo Malta e Lucient Donnat.

Pode dizer-se que foram centenas as peças apresentadas pela companhia, de famosos dramaturgos clássicos e contemporâneos de várias nacionalidades, nunca deixando de apresentar e divulgar os autores portugueses. Passaram pela sua companhia os mais consagrados atores portugueses como: Ângela Pinto, Adelina Abranches, Palmira Bastos, Lucília Simões, Alves da Cunha, Nascimento Fernandes, Estevão Amarante, Raul de Carvalho, Maria Matos, João Villaret, Eunice Muñoz, Vasco Santana, Maria Barroso, Madalena Sotto, Carmen Dolores, Lurdes Norberto, Helena Felix, Gina Santos, Rogério Paulo, José de Castro, João Perry, Teresa Mota, Varela Silva, João Mota, sua filha Mariana Rey Monteiro, entre outros.

Apesar de toda a sua atividade, inclusive de diretora da companhia, não pode esquecer-se o seu valiosíssimo contributo como atriz, destacando algumas interpretações, como as personagens principais nas peças: A visita da velha senhora, Apesar de tudo; A senhora na boca do lixo; Equilíbrio instável; Degredados; Ciclone; Dona formiga; Desencontro; Recompensa; Electra e Fantasmas.

Em 1964, quando estava em cena a peça Macbeth, de Shakespeare, deflagrou um grave incêndio que consumiu, não apenas o interior do Teatro, como também a totalidade do rico espólio de cenários e guarda-roupa que foram a base do reportório erguido, ao longo de mais de 40 anos, pela Companhia Rey Colaço-Robles Monteiro. No entanto, tenta prosseguir, arrendando o Teatro Avenida onde apresenta O motim, de Miguel Franco, estreia a que assistiu o Presidente da República e que foi imediatamente proibida. Mais uma vez tenta reerguer-se e mais uma vez o teatro arde em 1967. Volta a arrendar um teatro, o Cine-Teatro Capitólio onde fica até à sua última aparição como atriz, em 1973, em Adriano VII, cessando a atividade da Companhia em 1974. Reaparece em 1982 numa série televisiva intitulada Gente fina é outra coisa, dedicando-se depois a ajudar o Museu Nacional do Teatro a divulgar a História do espetáculo em Portugal.

 

Fonte de informação
CNC / Patrimatic
Data de atualização
25/01/2016
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