Personalidades
Almada Negreiros
Almada Negreiros nasceu em S. Tomé, a 7 de Abril de 1893; morreu em Lisboa, a 15 de Junho de 1970. Muito cedo, apenas com dois anos de idade, veio para Cascais, para casa dos avós e tios maternos. Com o pai ausente, em S. Tomé onde tinha funções administrativas, ficava pouco tempo depois orfão de mãe. Entre 1900 e 1910, estuda como aluno interno no Colégio dos Jesuítas de Campolide, para no ano lectivo seguinte ingressar no Liceu de Coimbra, terminando a sua vida escolar, em 1911-13, na Escola Internacional de Lisboa onde efectua a sua primeira exposição individual, depois de já ter sido publicado um desenho seu na revista Sátira e de ter participar na primeira exposição do Grupo dos Humoristas. Entretanto, e apesar da sua intensa actividade artística, inicia-se como dramaturgo com as peças: 23, 2º andar, drama em três actos, e O moinho, tragédia em um acto. O seu interesse pelas artes cénicas volta a manifestar-se em 1918, quando dirige e dança com o grupo de Bailado Helena Castelo Melhor em A princesa dos sapatos de ferro e Encantamento (coreografia e direcção no 1º acto), no Teatro de S. Carlos, e é autor do argumento, figurinos e direcção em O jardim de Pierrette, no Teatro da Trindade.
No ano seguinte parte para Paris onde além de pintar, desenhar, trabalhar como bailarino de cabaret e operário, escreve a peça em um acto: Antes de começar: peça em um acto, que viria a ser representada em 1956 com cenários de Almada. Mais tarde (1924), em Lisboa, volta a escrever para teatro as peças Pierrot e arlequim, personagens de theatro: ensaios de dialogo seguidos de commentarios, publicada na revista Athena, e Portugal. Após outro interregno de 4 anos escreve Deseja-se mulher - um espectáculo em 3 actos e 7 quadros e S. O. S.. Nos anos que se seguem, a sua dramaturgia completa-se com: Protagonistas (1930); O público em cena (1931); Aquela noite (1949); O mito de psique (1949); Galileu, Leonardo e Eu (1965) e Aqui Cáucaso (sem datação). Um momento particularmente importante na vida teatral, não só de Almada como do teatro nacional, foi a exibição de Auto da Alma, de Gil Vicente, em 1965, no Teatro Avenida, com a Companhia Rey Colaço-Robles Monteiro. Ao ser convidado por Amélia Rey Colaço para a cenografia e figurinos, Almada impôs-se também como encenador da peça. O resultado desta colaboração traduziu-se numa visão plástica muito inovadora e num excelente enquadramento com espírito do texto vicentino.