Personalidades
Francisco Sousa Tavares
Nasceu em Lisboa, a 11 de Junho de 1920. Morreu em 1993. Fez os estudos secundários no colégio dos jesuítas, em Santo Tirso, cuja educação, conforme ele próprio confirmou, lhe moldou a sua vida intelectual. Segue-se a licenciatura em Direito e o abraçar de uma vida profissional ligada à advogacia, tendo nessa qualidade feito, por várias vezes, a defesa de presos políticos do regime. A intervenção activa que teve na vida política, mostrou que Sousa Tavares, além de excelente doutrinário e ideólogo, era um homem combativo, corajoso, de carácter contestatário e insubmisso, de resistência contra o autoritarismo e tudo o que pusesse em causa a liberdade, o que o levou, inclusive, a ser preso por duas vezes. Em 1957, preside a direcção do Centro Nacional de Cultura, e juntamente com sua mulher a poetisa Sophia de Mello Breyner Andresen, toma parte activa nas grandes questões sócio-políticas que se viviam em Portugal, dinamizando debates em conferências e colóquios, que tornam o CNC num pólo de reunião de opositores ao regime antidemocrático então em vigor. Em 1958 e 1959, nesse âmbito, dirige um polémico «Círculo de Estudos Políticos». Entretanto, liga-se à campanha de candidatura de Humberto Delgado à Presidência da República, deixando na altura a direcção do CNC, para a retomar mais tarde. Foi também, um dos elementos que se destacou na preparação da designada "revolta da Sé". Em 1969 é um dos candidatos pela CEUD (Comissão Eleitoral de Unidade Democrática) às eleições legislativas. Nas actividades de Sousa Tavares salienta-se também, a sua faceta de grande jornalista; foi director de A Capital, onde escreveu artigos de fundo que tiveram repercussão no meio político. Assinou também artigos no Público, e no Diário de Notícias, designadamente, memórias que saíam semanalmente, mas que a morte prematuramente interrompeu. Foi ministro da Qualidade de Vida, durante o governo do Bloco Central, em que era primeiro-ministro Mário Soares. Escreveu: Combate desigual, (1960); A busca da justiça continua, (1975). Depois da sua morte, saíu um volume sob o título Escritos políticos I, (1996), de artigos seus publicados no jornal A Capital, entre 1980 e 1984, e outros do Público.