Personalidades
Gabriel Victor do Monte Pereira
Nasceu em Évora a 7 de Março de 1847 e faleceu a 16 de Dezembro de 1911; era filho de António Pereira da Silva e de D. Luisa Vitória do Monte de Pereira. Recebeu uma educação esmerada e passou a maior parte da sua infância em Setúbal, onde o seu pai dirigia um Liceu organizado pela Câmara Municipal. Concluídos os estudos preparatórios, matriculou-se na Escola Naval e seguiu o curso da Marinha, o qual abandonou quase no final. Estudou então na Escola Politécnica, cujo curso também não concluiu.
Começou por exercer o magistério no Liceu do qual o seu pai era director e, afastado dos estudos, dedicou-se à investigação sobre História e Arqueologia. Passado algum tempo, o Liceu foi extinto e teve de regressar com a sua família a Évora, onde teve oportunidade de continuar os seus estudos de História e Arqueologia.
Empregou-se na secretaria da Misericórdia de Évora, onde aprofundou os seus estudos. Organizou e salvou da ruína o seu importante cartório, tendo aí trabalhado durante catorze anos como amanuense e arquivista.
Iniciou os seus estudos, muito bem recebidos no meio cultural, constando de pequenos opúsculos em série, em que consignava as suas investigações sobre História e Arte, sobre a epígrafe Estudos Eborenses. Paralelamente, publicou traduções dos grandes escritores de Grécia e Roma, que trataram da geografia da Península Ibérica, entre os quais Estrabão e outros textos latinos.
Dos seus grandes projectos consta a elaboração do Índice provisório dos documentos do cartório da Universidade de Coimbra, seguindo-se a publicação em fólio dos Documentos da Cidade de Évora, ao nível dos costumes e das artes. A sua obra é vasta e rica, quer em livro quer no jornalismo. Em 1887, António Eanes, na altura bibliotecário-mor da Biblioteca Nacional de Lisboa, conhecedor das boas qualidades e inteligência de Gabriel Pereira, convidou-o a ingressar nesse estabelecimento como funcionário extraordinário. Um ano depois, foi elevado à categoria de conservador, em cujo cargo se manteve até 1902. Por morte de Lino de Assunção, a 1 de Novembro desse ano, foi nomeado inspector das bibliotecas e arquivos. Foram bastante relevantes os serviços que prestou na Biblioteca Nacional, assim como a grande colaboração que deixou dispersa pelos inúmeros jornais e revistas nacionais, sobre Arqueologia, História e Literatura. Além disso, pertenceu à Academia de Ciências e ao Instituto de Coimbra.
Em 1934, o escritor e jornalista João Rosa coligiu, anotou e publicou, com desenhos do próprio Gabriel Pereira, uma colectânea de artigos deste ilustre eborense, sob a epígrafe Estudos Diversos, um trabalho de qualidade e um excelente serviço prestado à memória de Gabriel Pereira, assim como às Letras Pátrias.
A sua bibliografia é vasta e bastante rica, além de surpreendente pela diversidade de assuntos.