"É de Cultura como instrumento para a felicidade, como arma para o civismo, como via para o entendimento dos povos que vos quero falar"

Personalidades

Manoel Maria Barbosa du Bocage

Distrito: Setúbal
Concelho: Setúbal

Tipo de Património
Personalidades
Biografia

Parece ter sido no dia 15 de Setembro de 1765 que terá nascido Bocage, na rua do Bartissol, em Setúbal. Foi o segundo filho de José Luis Soares Barbosa, que foi bacharel em Cânones, e de D. Maria Joaquina Xavier Lestof du Bocage, de descendência francesa. Desde muito cedo, apenas com cinco anos de idade, começou a aprender a ler. A mãe faleceu quando Bocage tinha dez anos, tendo o seu ensino foi entregue aos cuidados de um eclesiástico espanhol de seu nome D. Juan de Medina que lhe ensinou latim.

Em 1871, por sua iniciativa, Bocage, entrou como soldado para o Regimento de Infantaria de Setúbal, tendo permanecido aí até finais de 1783. Nesse mesmo ano, entrou para a Academia Real dos Guarda-Marinhas sito no Colégio dos Nobres, em Lisboa, tendo saído desta instituição em 1874.

Entretanto começara a conduta boémia e a frequentar o Nicola e o Botequim das Parras. O seu talento revela-se na actividade literária (aliás já havia antecedentes na sua família, naquela área); torna-se conhecido pela sua poesia, principalmente pela via satírica.

Em 1786, embarca para a Índia, com as funções de guarda-marinha; esta sua partida não tem um explicação muito clara, supõe-se que possa estar relacionada com um dos amores do poeta (Gertruria) que lhe fez nascer o desejo de arranjar fortuna por aquelas paragens, afim de lhe dar a possibilidade de construir um lar estável com a amada. Outra razão pode ter sido o facto de Bocage desejar seguir os caminhos de Camões, por quem sentia grande admiração. As suas andanças pelo Oriente, designadamente a sua estadia em Goa, onde permaneceu perto de dois anos e meio, vão-lhe causar grande desilusão, pois não se adapta ao clima e às gentes daí. Durante essa permanência, foi promovido a tenente de infantaria por se evidenciar militarmente, contra a designada Conspiração dos Pintos; com aquela patente é colocado na Praça de Damão. Após a sua entrada nessa praça, em Abril dde 1789, o poeta deserta, juntamente com o alferes Manuel José Dionísio, partindo para Macau.

Regressa a Portugal em Agosto de 1790, depois de ter passado por grandes misérias no Oriente, apenas atenuadas pela generosidade de um rico comerciante - Joaquim Pereira de Almeida, que admirava o seu talento. Foi durante a sua estadia por aquelas paragens que lhe surgiu uma grave doença, que mais tarde acabará por o vitimar. Na Metrópole continuou a sua vida desregrada, tendo entretanto, em 1791, saído o primeiro Volume das Rimas.

Convidado a fazer parte da Nova Arcádia ou Academia das Belas Artes, recebe aí o nome de Elmano Sadino. Porém, pouco acomodado à vida confortável da Academia, cedo se incompatibiliza com os diversos literários que dela faziam parte, mostrando a sua hostilidade através da poesia, onde se torna implacável; seguiu-se uma série de respostas e contra-respostas por parte dos literários, terminando o conflito com a expulsão da Nova Arcádia, de Bocage.

Não ficam por ali as inimizades criadas, novos problemas lhe surgem - é acusado de herético e boémio, ao mesmo tempo que é conotado de adepto da Revolução Francesa. Uma série de poemas em Agosto de 1797, Pavorosa Ilusão da Eternidade, levam-no a ser preso, quando tentava fugir para o Brasil. Passa pela prisão do Limoeiro e pelos cárceres da Inquisição, estando em 1798, no Mosteiro de S. Paulo e, por fim, no Hospício das Necessidades. Durante a sua permanência no mosteiro faz tradução de autores clássicos. Após ter apelado para a intervenção de algumas personalidades influentes da época, será posto em liberdade.

Passa a viver com uma irmã desprovida de recursos e com um filho para sustentar, auxiliando-a através do trabalho conseguido como tradutor. Mas, decorridos perto de dois anos, de novo passa por momentos aflitivos, tendo de recorrer aos amigos, entre os quais se destaca pela ajuda, o dono do Botequim das Parras. A sua saúde piora (tinha um aneurisma), o sofrimento dura cerca de um ano, morre a 21 de Dezembro de 1815.

A sua obra literária abarca três vertentes: a lírica, a satírica e a erótica, sendo Bocage considerado um dos vultos mais importantes da poesia portuguesa.

Fonte de informação
CNC / Patrimatic
Data de atualização
11/11/2008
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