Personalidades
Luísa de Aguiar Todi
Luísa Rosa de Aguiar foi a terceira filha de Manuel José de Aguiar e de Ana Joaquina de Almeida, nasceu em Setúbal, na freguesia de Nossa Senhora da Anunciada, em 9 de Janeiro de 1753, segundo a tradição numa casa da actual rua da Brasileira, em Troino. Ainda de pouca idade, veio com os seus pais para Lisboa.
No Teatro do Pátio do Conde de Soure, no Bairro Alto, as irmãs Luísa Rosa e Cecília Aguiar iniciaram a sua actividade teatral, tendo sido aí, também, que a futura cantora lírica se estreou no teatro e conheceu Francesco Saverio Todi violinista de origem italiana, com quem se veio a casar em 28 de Julho de 1769, com apenas dezasseis anos de idade. O marido, músico de valor, é quem se apercebe do grande valor da voz de sua mulher, tornando-se o seu primeiro professor de canto, e incentivando-a a seguir a carreira da qual viria a colher tão grande fama. Em 1770, inicia a sua actividade no canto lírico, ainda naquele teatro, na ópera "II Viaggiatore Ridicolo" de Giuseppe Scolari.
Mudou-se entretanto para o Porto onde residiu por algum tempo. Em 1773, era já uma figura de destaque do canto lírico.
O ano de 1775, marca o início da sua carreira em termos internacionais, tendo granjeado as mais elogiosas críticas da imprensa da época. Muitas foram as cidades onde Luísa Todi actuou, entre outras salientam-se: Madrid, Paris, Londres, Turim, Veneza, Viena, Varsóvia, S. Petersburgo. Recebeu apoios das mais altas individualidades, casos de Frederico II da Prússia e de Catarina II, imperatriz da Rússia.
À época nenhuma outra artista alcançou tantos êxitos, se bem que tivesse em Gertrud Mara uma rival. Um dos seus maiores sucessos foi a ópera "La Didone Abbandonata". A sua vida artística pelo estrangeiro prolongou-se até 1793, altura em que regressa a Portugal para cantar nas festas da filha primogénita, do futuro D. João VI.
Apesar do seu enorme prestígio internacional, a actuação entre os seus conterrâneos, foi praticamente ignorada; voltou outra vez ao estrangeiro, tendo regressado definitivamente a Portugal, em 1803. Instalou-se no Porto, levando uma vida económica abastada; contudo, com as invasões francesas, em 1809, tal desafogo sofre um rude golpe, sendo obrigada a fugir.
Em 1811, vem para a capital e dos seus seis filhos alguns morreram e uma das filhas foi enclausurada no Recolhimento de Rilhafoles destinado a doenças mentais, tais circunstâncias abalaram profundamente a cantora. Os últimos anos da sua vida foram de tristeza, agravados pelo facto de ter perdido a visão, consequência de um problema que já a afectava desde nova. Veio a falecer na Travessa da Estrela, em 1833, aos oitenta anos de idade.