Património Material
Igreja de Santa Maria de Airães
Este monumento é um belo exemplar da arquitectura religiosa românica, gótica, seiscentista e rococó.
Santa Maria de Airães é uma Igreja de estrutura românica, orientada, de planta longitudinal, de três naves, cabeceira quadrangular simples e torre sineira adossada à fachada lateral da capela-mor. Da construção românica inicial, de uma única nave, apenas permanece a cabeceira, de planta rectangular coberta por abóbada de berço quebrado, e a parte central da fachada principal, voltada a Ocidente. Esta fachada apresenta um portal com um arranjo similar a outras igrejas da região, inserido em estrutura pétrea pentagonal e saliente à fachada, para que possa ser mais profundo. Destaque para a existência de volumes escalonados com coberturas diferenciadas em telhados de duas e uma água. A fachada principal escalonada com nave central termina em empena e pórtico aberto em gablete, com quatro arquivoltas assentes em capitéis lavrados em motivos fitomórficos, despidas de elementos decorativos e a forma e a dimensão indicam soluções góticas. Já a decoração das bases e dos plintos segue a tendência da região.
Correspondendo a uma antiga fundação, esta Igreja demonstra a aceitação dos modelos construtivos e as soluções decorativas próprios do românico durante largo tempo, uma das mais impressionantes características da arquitectura românica do Vale do Sousa. No embasamento da Igreja existem silhares almofadados de tipologia romana, sugerindo a existência de um edifício dessa época nas proximidade ou mesmo de uma primitiva igreja paleocristã ou suevo-visigótica.
No interior, em resultado de reconstruções sucessivas, as naves estão separadas por arcos de volta inteira sobre possantes pilares circulares (imagem: nave da Epístola). Em cada uma das naves existe uma porta e duas janelas e, no topo, retábulos de talha dourada. A cobertura é de madeira, de perfil curvo. Existe um arco triunfal quebrado de duas arquivoltas assentes em coluna de capitel esculpido e imposta, e a capela-mor tem na parede testeira uma fresta e um pequeno sacrário. O tecto é em abóbada de berço quebrada.
As 3 naves que apresenta; o pórtico; capela-mor, talha dourada da estatuária; Azulejos seiscentistas.
Comissão Fabriqueira: 1976 / 1977 - em curso obras de valorização do imóvel, as quais estão a ser executadas sob a orientação do Bispo Auxiliar do Porto, D. Domingos Pinho Brandão e do arquitecto Solla Campos; recuperação do aspecto primitivo do paramento exterior e interior de cantaria, arranjo do tecto da igreja, da 1ª fase do pavimento, colocação definitiva dos altares, restauro total da Sacristia e sondagens em diversas zonas interiores;
DGEMN: 1979 - reparação da instalação eléctrica, compreendendo os trabalhos de instalação eléctrica de iluminação, tomadas e de som; Câmara Municipal de Felgueiras: 1992 - arranjo da área envolvente;
1998 - execução de um parque de estacionamento junto à igreja; DGEMN: 2004, Janeiro - levantamento arquitectónico; Fevereiro - avaliação do património móvel pelo Departamento de Restauro da Universidade Católica; Julho / Novembro - conservação e salvaguarda de coberturas e paramentos exteriores, tectos das naves laterais e outros madeiramentos, e fresta da base da torre;
2005, Fevereiro / Abril - conservação e salvaguarda dos paramentos e madeiramentos interiores e instalação eléctrica;
2007 - organização de um espaço museológico, após os trabalhos de conservação de um conjunto de imagens da igreja, nomeadamente a imagem de Nossa Senhora, em pedra policromada, finalizou-se a intervenção com a organização de um espaço museológico, na nave sul, e execução de suportes expositivos.
Requalificação da zona envolvente da igreja. Obras a iniciar em 2009, a candidatar ao QREN, no âmbito da Rota do Românico do Vale do Sousa (RRVS).
Horário do Culto: Sábado às 18h45 no Inverno e às 19h45 no Verão; Domingo às 11h; 3ª feira às 8h30; 5ª feira às 18h30. Para visitar deverá proceder à marcação prévia junto da Rota do Românico do Vale do Sousa.
AA.VV.- Santa Maria de Airães. Estudo de Valorização e Salvaguarda das Envolventes aos Monumentos da Rota do Românico do Vale do Sousa. 2ª Fase. Vol. 2. S/n., Porto, 2005.
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