Centros Históricos
Centro Histórico de Guimarães
Num território com povoamento muito antigo, onde se encontram vestígios arqueológicos da Pré-História (Citânia de Briteiros) e da Romanização, a cidade, protegida por muralhas, formou-se a partir da Idade Média e foi local de residência da corte no período da formação de Portugal. Da história do Castelo de Guimarães fazem parte vários cercos, como o efectuado pelos castelhanos no reinado de D. Fernando I, suportado vitoriosamente pelos sitiados, e durante a crise de 1385, em que demorou a rendição desta praça a D. João I.
Percorrer, a pé, as ruas do Centro Histórico e descobrir os segredos de um património cultural ancestral é a melhor forma de conhecer a cidade. Ao caminhar pela malha urbana de ruas estreitas, descobrirá a beleza de outros largos e praças, como a Praça de Santiago. A Rua de Santa Maria é uma das mais importantes, pela sequência harmoniosa de fachadas quinhentista, varandas de madeira e casas nobres, como a Casa do Arco. Nesta rua, destaca-se a fachada gótica do edifício medieval de Santa Clara, onde estiveram instalados os antigos Paços do Concelho.
O estilo gótico predomina na fundação dos edifícios de arquitetura religiosa monumental. Muitos deles foram remodelados nos sécs. XVII e XVIII com a introdução de decoração barroca. A igreja de S. Francisco e a Igreja de S. Domingos merecem uma visita. Os cruzeiros são monumentos característicos, com a representação da cruz e decoração escultórica. Não deixe de entrar na Colegiada de Nossa Senhora da Oliveira, onde está instalado o Museu Alberto Sampaio.
UNESCO aprova ampliação de zona classificada como Património Mundial em Guimarães
O Comité do Património Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO, na sigla em inglês) aprovou em setembro de 2023, a ampliação da zona classificada de Guimarães.
A proposta já tinha recebido parecer positivo para reclassificação e viu agora ser confirmada a ampliação da área classificada como Património Mundial.
A proposta da Câmara Municipal de Guimarães previa “duplicar a área classificada, inscrevendo a Zona de Couros na lista indicativa para obter o estatuto de Património da Humanidade”, como se podia ler num comunicado da autarquia de 2015.
“No caso de a candidatura ser bem-sucedida, a área de proteção passará a ser cinco vezes superior à atual, criando-se uma zona tampão desde o topo da montanha da Penha, onde nasce a ribeira de Couros, à Veiga de Creixomil, foz de cursos de água”, acrescentava o texto da altura.
A autarquia do distrito de Braga sublinhou, noutro documento, que “a área classificada agora proposta aponta um novo sentido à leitura do ‘Centro Histórico de Guimarães’, incorporando os espaços primitivos do trabalho na compreensão da génese e desenvolvimento”.
“Até à candidatura, estava consolidada a ideia de que a génese de Guimarães era bipolar: em torno da Colegiada de Nossa Senhora da Oliveira e em torno do Castelo, à cota alta. Hoje sabemos que, à cota baixa, se desenvolviam as atividades de curtimenta (certamente, entre muitas outras) e, nesse sentido, é incompleta a noção do burgo medieval sem a compreensão destas inter-relações”, pode ler-se no texto.
A Câmara de Guimarães acrescentou: “O que hoje se vê em Couros resulta do desenvolvimento da indústria nos últimos 100-200 anos, sobrepondo-se, por exigências funcionais, produtivas, às preexistências. Documentalmente, já no século XII o rio é designado como ‘rio de Couros’. Mas parece cada vez mais certa a hipótese da génese desta atividade, neste local, ser muito mais remota, por exemplo, considerando as referências às trocas comerciais presentes no testamento de Mumadona Dias (ano de 959)”.
Citânia de Briteiros
Trata-se de um povoado fortificado da Idade do Ferro/época romana. Após quase um século de escavações mais ou menos contínuas, foi posto a descoberto um aglomerado de habitações (cerca de duzentas). Muitas têm planta circular com cerca de cinco metros de diâmetro, por vezes possuem um pequeno ou alpendre; outras têm a forma elíptica ou, ainda, rectangular.
Castelo de Guimarães
A construção primitiva, possivelmente em terra e madeira, foi edificada entre 959 e 968, pela condessa Mumadona viúva do conde Hermenegildo Mendes, para proteger o seu mosteiro e a povoação local das invasões normandas. Mais tarde, o conde D. Henrique remodelou o castelo, em cuja alcáçova terá nascido D. Afonso Henriques, 1º rei de Portugal.
Igreja do Convento de S. Francisco
É de raiz gótica e foi edificada no séc. XV. Da sua primitiva traça, resta, atualmente, o pórtico, flanqueado por dois elevados contrafortes, envolto pela decoração de semi-esferas das três arquivoltas que são sustentadas por seis colunelos de capitéis esculpidos, e a abside, poligonal, apoiada nos seus cantos por maciços contrafortes escalonados. Bastante acima do portal, abre-se o óculo da anterior rosácea.
Igreja de Nossa Senhora da Oliveira
Também conhecida por igreja da Colegiada, supõe-se que o primitivo templo foi fundado, no séc. XI, pela condessa Mumadona. Daquele período não restam vestígios; o edifício pré-românico sofreu, ao longo dos tempos, acréscimos e alterações.
GIL, Júlio e CALVET, Nuno, As mais belas igrejas de Portugal, vol. I, Verbo, Lisboa, 1988.
LOPES, Flávio (coord.), Património Classificado - Arquitectónico e Arqueológico - inventário, vol. I, IPPAR, Lisboa, 1993.
OLIVEIRA, Manuel Alves de, Guia de Portugal de A a Z, Círculo de Leitores, Lisboa, 1990.