Património Material
Moinhos de Água (Arouca)
A linguagem popular distingue as linhas de moagem consoante os fins para que são usadas, mesmo que o tipo de mós seja o mesmo. Assim, num moinho com dois pares de mós, uma dedicada a farinar cereais para alimentação humana e a outra farinando ração para animais, a primeira é a alveira e a segunda é a negreira.
Encontramos um exemplo desta diferenciação nos Moinhos do Ferreiro, um conjunto de dois moinhos em sequência instalados no rio Moldes, em Paço de Moldes. Os dois moinhos pertenceram ao Mosteiro de Arouca e a sua arquitectura aponta para uma origem não popular, com os elementos das arcadas dos caboucos em cantaria trabalhada. Os dois moinhos são praticamente idênticos, indiciando um empreendimento simultâneo, possuindo, cada um, duas linhas de moagem.
É interessante notar que a situação destes dois moinhos, a quatro quilómetros de Arouca, mostra a dispersão da propriedade fundiária do mosteiro. O investimento num local pouco central e relativamente distante do centro de Arouca e das instalações do mosteiro parece mostrar que o interesse num empreendimento desta natureza não seria o abastecimento do mosteiro, que possuía as suas próprias águas no interior do edifício e perto da vila, mas visava antes obter mais valias pela exploração comercial dos dois moinhos.
Não obstante a distância à vila e ao mosteiro, estes dois moinhos foram uma das alternativas usadas pela população arredores da vila enquanto estiveram activos.
Na zona mais alta, acima irrigada e, portanto, com liberdade para usar a água sem competir com o seu uso para irrigação, existem 17 moinhos de rodízio, cada um com apenas uma mó, dispostos sequencialmente ao longo de uma encosta. A água usada por cada um destes moinhos sai directamente para o moinho a jusante. A mesma água é aproveitada para moer em todos os desníveis e segue, no fim Carreira dos Moinhos, por levadas até cada um dos campos a irrigar.
Rego do boi, Alvarenga, AroucaEste rego abastece a maior parte dos terrenos da freguesia de Alvarenga e nasce na serra de S. Pedro do Campo, nos contrafortes do Montemuro; denomina-se "Rego do Boi" pois, segundo a tradição, os Alvareguenses, fazendo o rego numa noite festejaram o feito com a matança de um boi (lenda). A água deste famoso rego abastecia e servia de motor a vinte moinhos, os quais, com o passar do tempo, se foram degradando e destruindo, existindo actualmente apenas dez em bom estado.