Transições Democráticas
Argélia, a transição abortada, por Salima Ghezali
Numa altura em que se procuram premissas de uma transição democrática para o Iraque, o presente texto relembra a experiência argelina, que deve servir, crê-se, como exemplo do que não deve ser feito. Nesta, apesar da sua chamada “primavera democrática”, o núcleo duro do sistema de poder instrumentalizou a corrente islamista para pôr termo à efervescência social e democrática que o teria obrigada a modernizar-se, criando uma fissura entre o Estado e a sociedade. O resultado desastroso da experiência argelina demonstra as consequências negativas de negar a uma sociedade o direito de decidir e mantê-la sob domínio local ou estrangeiro, sobre o pretexto da existência de correntes islamistas radicais. Conclui-se, assim, que dominar o pós-guerra do Iraque com uma política securitária só pode resultar em caos, sendo a melhor arma contra o terrorismo uma sociedade estável, com um Estado forte e determinado a fazer respeitar a justiça e a liberdade.