Teatro
"Apareceu a Margarida" - 43.ª produção Baal17
Com texto e encenação dos brasileiros Roberto Athayde e Clovis Levi, respetivamente, "Apareceu a Margarida" retrata com uma fúria avassaladora, os regimes totalitários que se multiplicam neste século XXI.

1 Mar a 10 Mar 2018
43.ª produção Baal17 – Companhia de Teatro
1, 2, 3, 9 e 10 de março
Cineteatro Municipal de Serpa * 21h30
Sessões escolas 5 a 9 de março
A professora Dona Margarida vai dar a sua primeira aula a uma turma da quarta classe (os próprios espetadores). A Dona Margarida é imprevisível, autoritária, sádica e maternal. Ela dá uma verdadeira anti-aula demonstrando que, às crianças, só resta obedecer, serem inexpressivos, impotentes e não terem nada a dizer. Dona Margarida retrata, com uma fúria avassaladora, os regimes totalitários que se multiplicam neste século XXI.
Texto_ Roberto Athayde | Encenação e dramaturgia_ Clovis Levi | Interpretação_ Bárbara Soares, Filipe Seixas, Rui Ramos e Sandra Serra | Cenografia e figurinos_ Bruno Guerra | Apoio à construção do cenário_ Ivan Castro | Design gráfico_ Ana Rodrigues/WorkHouse | Vídeo_ VideoPlanos/Produções Audiovisuais | Fotografia_ José Ferrolho | Direção de produção_ Sandra Serra | Produção executiva_ Hugo Fernandes | Assistência de encenação_ Marisela Terra | Gestão_ Rui Ramos
Duração_ 90 min I Classificação Etária_ M/16
O Texto de Roberto Athayde
Apareceu a Margarida estreou no Brasil em 1973, na ditadura militar. Sem ser percebida pela duríssima e muitas vezes ignorante Censura (que chegou a invadir um teatro no Rio de Janeiro para prender Sófocles!), Margarida teve permissão para ser encenada por tratar-se, apenas, “de uma professora maluquinha e engraçada”. A perceção da plateia de que aquela sala de aula era o Brasil dominado pela repressão e pela tortura, aliada à alta qualidade do texto, à riqueza contida na poderosa encenação de Aderbal Jr. e na surpreendente performance da atriz Marília Pêra, deu à peça todos os prêmios da temporada e permitiu o início de uma carreira internacional: o texto já foi encenado em mais de 30 países, incluindo Estados Unidos e França.
Roberto Athayde foi muito hábil: ao transformar os espetadores nos alunos de Dona Margarida, o formato “monólogo” ganhou outra dimensão e ampliou a sua capacidade de comunicação. A peça vale-se de outro trunfo: a personagem de Dona Margarida, uma mulher delirante, complexa, contraditória, sádica e maternal – que surpreende sempre o público ao conviver o tempo todo com o inesperado. Os temas estão lá: o poder, a repressão, a manipulação, a sociedade e suas contradições. Nada mais atual. Outra riqueza do texto é o seu humor arrasador.
A Encenação
Século XXI: o mundo vive uma fase aguda de intolerância, destacando-se a intolerância política, a intolerância religiosa e a intolerância sexual. O espetáculo discute estas questões baseando-se no potencial histriónico da professora Margarida. Damos-lhe uma multiplicidade, pois o Poder, a Repressão e a Intolerância têm diferentes faces, diferentes estilos, diferentes discursos. Por isso, a Personagem é feita por quatro atores – homens e mulheres de diferentes gerações.
Para o trabalho de Interpretação banqueteámo-nos com as criativas caraterísticas de Margarida: delirante, contraditória, repleta de polaridades, sádica, protetora, envolvente, repelente – e sempre dona de uma expressiva carga de humor negro. O trabalho dos atores utiliza a técnica RasaBoxes, transitando pelos universos do Desejo/Riso/Piedade/ Raiva/Vigor/ Vergonha e Medo/Aversão/ Surpresa e Admiração. Isso levou os atores a um trabalho com forte carga emocional e repleto de transições. Clovis Levi
O Encenador
Clovis Levi é Doutor em Teatro (Encenação) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Jornalista, foi crítico de teatro do jornal O Globo. Autor de teatro e TV (seriado O Bem Amado, Rede Globo), escritor de livros infanto-juvenis, publicados no Brasil e em Portugal.
Atualmente, leciona no Rui de Janeiro, na Faculdade CAL de Artes Cênicas, na cadeira de Interpretação. Foi docente em Portugal, na Escola Superior de Educação de Coimbra, entre 2001 e 2012.
Recebeu o Prémio Governo do Estado de São Paulo, Melhor Texto, com a peça teatral Se chovesse, vocês estragavam todos (coautoria de Tania Pacheco); e acabou de ser Finalista do Concurso Literário Barco a Vapor, Edições SM, 2017, com o livro O Gato de Botas de Sete Léguas. É autor do livro trilíngue Teatro Brasileiro: um Panorama do Século XX.
Estudioso, encenador, autor, professor, Clovis Levi é uma referência no panorama teatral e mentor de centenas de atores e atrizes em Portugal e no Brasil.
A Baal17 agradece a Fátima Mestre, Inês Graça, Musibéria, Pamela Jean Croitorou, Oficinas da Câmara Municipal de Serpa, Susana Romão e a todos (as) aqueles (as) que, mortos ou vivos, conscientemente ou não, contribuíram para a criação deste espetáculo. A Dona Margarida ficou satisfeita. A Dona Margarida ficou feliz.
LOTAÇÃO LIMITADA A 60 LUGARES
RESERVAS
e-mail: baal.17@mail.telepac.pt
tlf: 284 549 488 tlm: 961 363 107