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"Gravuras" de Vieira da Silva
Exposição a decorrer no âmbito das Comemorações do Dia Internacional da Mulher 2017.

10 Mar a 31 Mai 2017
O MAEDS tem vindo a assinalar o Dia Internacional da Mulher desde 1975, e fá-lo em 2017 na convicção de que a igualdade de género supõe igualdade económica e novos comportamentos culturais, os quais por seu turno pressupõem o conhecimento da intervenção vanguardista da mulher nos mais diversos domínios da criação.
Assim, este é o momento certo para mostrar na região de Setúbal a obra gravada de uma das mais importantes e internacionalizadas artistas plásticas portuguesas do século XX - Helena Vieira da Silva.
Sobre:
VIEIRA DA SILVA. OBRA GRAVADA
A gravura tem um significado próprio no conjunto da obra plástica de Vieira da Silva que não perturba o seu desenvolvimento ou modifica o seu sentido. A artista inicia-se nas técnicas da água-forte, do buril e da ponta seca em 1929, no célebre Atelier 17 dirigido por Stanley William Hayter, em Paris. Breve iniciação, pois só em 1960 a técnica do buril é retomada quando realiza as gravuras para L’Inclémence Lointaine de René Char. O mesmo com a litografia (a primeira data de 1948), que retoma em 1961, após algumas experiências que não a satisfazem. A serigrafia é praticada pontualmente, a insistentes pedidos do galerista Pierre Loeb e de Lourdes Castro e René Bertholo, artistas portugueses que viviam em Paris.
De todas as técnicas, Vieira da Silva prefere o buril, a gravura a preto e branco, pela luz que permite com os contrastes da gama de cinzentos. A litografia a cores levanta reticências e reservas, pela opacidade e falta de qualidade das tintas de tipografia. A procura da transparência leva-a a preferir o papel Japão, mais luminoso. A obra gráfica de Vieira não deve ser encarada como uma produção redutora, pois a artista sempre fez questão de controlar a edição dos múltiplos que assinou, com a mesma exigência que tinha para com o seu trabalho.
As diferentes técnicas, com características e constrangimentos específicos, não condicionaram o objetivo criador: encontramos, com estes ou outros títulos e nas suas variações, temas como Bibliotecas, Labirintos, Cidades, Estações, Jardins, Azulejos. A preocupação da artista centrou-se, nestas como noutras técnicas, na descrição do tempo, na sugestão do espaço. Vários historiadores de arte referem que a obra de Vieira da Silva se caracteriza por uma meditação sobre o quadrado, o azulejo da terra natal, cuja característica é ser múltiplo. Ligado ao tempo e ao espaço, o azulejo isolado representa um instante; a sua multiplicação pressupõe uma duração, a sua disposição traça uma perspetiva e a sua desarrumação pode confundi-la. Tanto as Cidades como as Bibliotecas de Vieira aludem ao tempo, à história e ao espaço. Os livros podem ser casas, a sua organização nas estantes são edifícios e ruas, os jardins são subvertidos pelas estações e temas como Atlântida exploram o tempo e o espaço lendários. Como na pintura, Vieira da Silva tentou pela gravura descrever o mundo e desvendar a sua complexidade, sugerindo o espaço, o correr do tempo, utilizando metáforas e metamorfoses. Este conjunto de gravuras desvenda a sua tentativas de traduzir a realidade que não corresponde nunca à maneira como nos habituaram a vê-la, de uma forma plasticamente credível.
Horário> Terça a sábado> 09h00 às 12h30;14h00 às 17h30.
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