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Exposição Antológica de António Cruz

Quase 8 anos depois da exposição antológica de António Cruz no Porto, uma nova revisitação antológica da obra do “Pintor e a Cidade” chega a Lisboa (Fundação Calouste Gulbenkian).

António Cruz, Procissão

15 Jul a 19 Out 2015

Fundação Calouste Gulbenkian
Av. de Berna, 45A, 1067-001 Lisboa
De 15 de julho, a 19 de outubro de 2015, na Galeria de Exposições Temporárias da Gulbenkian, Laura Soutinho propõe um renovado olhar sobre o essencial da obra intemporal em aguarela (e também em óleo) do pintor que Oliveira pintou em modo cinema no inesquecível documentário “O Pintor e a Cidade”. 

A Cooperativa Árvore, entidade que congrega e convoca artes e artistas da cidade do Porto (e bem para além dela) promoveu em 2007, em parceria com o Museu Nacional da cidade - o Soares dos Reis - uma exposição antológica sobre este que é um dos seus pintores maiores.

Quase 8 anos passados é chegado o momento de revisitar o essencial e o global desta obra, e desta feita em Lisboa, na Fundação que sempre foi sinónimo da melhor arte e cultura nacionais, a Fundação Calouste Gulbenkian.

Nascido no Porto, António Cruz (1907 -1983) distinguiu-se como aguarelista, técnica em que é considerado renovador, inigualável na transposição para o papel da luminosidade da sua cidade natal. Nesta medida, “o Pintor e a (sua) Cidade” foram os protagonistas do documentário realizado por Manoel de Oliveira em 1956.

Mais de três décadas após a sua morte, chega agora o momento de Lisboa receber, pela primeira vez, uma exposição antológica que revisita a obra deste pintor inigualável que, pintando no Porto e o Porto, tem um valor que atravessa todos os tempos e todas as fronteiras.

Das 86 obras que estarão em exposição, 80 aguarelas e 6 óleos, cerca de 10 são expostas ao público pela primeira vez e serão registadas numa publicação que será lançada no dia da inauguração, 13 de julho.
 
Dados sobre a exposição:
Inauguração: 13 de julho, 18h30
Patente ao público de 15 de julho e até 19 de outubro
Nº de obras expostas: 86 (80 aguarelas + 6 óleos)
Obras Expostas pela primeira vez: cerca de 10
Lançamento do catálogo: 13 julho
  • Depoimentos
António Cruz (1907-1983) na Fundação Calouste Gulbenkian
Mais de três décadas após a sua morte e oito anos depois da última exposição é com um atraso vincado que, como celebra a tradição humana, se valoriza a obra do artista enquanto morto.
Em 2007 tive ocasião de fazer uma exposição de António Cruz, comemorativa do centenário do seu nascimento, no Museu Soares dos Reis. Exposição essa que deveria ter transitado para Lisboa num horizonte próximo. Inacreditavelmente, seria uma estreia. Não obstante a qualidade, a exclusividade de António Cruz; o destino, a personalidade, a adversidade ou a incompreensão fizeram com o artista nunca tenha exposto na Capital.
O percurso do pintor – único, portuense, dono de uma técnica “maldita”, ou melhor, nunca verdadeiramente reconhecida, a Aguarela – foi homogéneo. No pior sentido. Homogéneo porque não teve o sobressalto do reconhecimento, da transversalidade, do além-fronteiras. Aliás não fosse o documentário “O Pintor e a Cidade” de Manoel de Oliveira mais injusto seria o seu trajeto.
Move-me a vontade, a necessidade de ver reconhecido o seu talento. Pelo menos em Portugal. Escolhi a aguarela, sobretudo do Porto, na qual revejo a grandiosidade do Artista que há muito deveria ser um património dos portugueses.
António Cruz, eterno portuense em vida se vê agora consagrado fora das suas muralhas impostas pela injustiça do subjetivo e consequente coragem de persistir a despeito da dificuldade.
Desbotada como as aguarelas é a satisfação com que se cumpre a esperança de o ter em conta.
LAURA SOUTINHO
Curadora
Árvore – Cooperativa de Atividades Artísticas

...um extraordinário aguarelista...[que] acumula essa coleção de sentimentos que faz de uma cidade um percurso existencial, e do seu passado a história particular de cada um de nós. “Olhem para o coração das coisas”, parece dizer este fascinante conjunto de aguarelas. O coração das coisas, sem uma percetível direção, sem um sentido muito exato. Porque “dentro das coisas é que as coisas estão”, disse-o Carlos Queiroz. Como toda a grande arte, a arte de António Cruz dá-nos notícia do que ocorre no coração dos homens.
BATISTA-BASTOS

António Cruz foi uma das personalidades que tive a ventura de muitas vezes encontrar, e que, em cada novo encontro, mais me impressionava. E de tal maneira que, não raras vezes, o tentei descobrir, aquém e para além da sua pintura, ou, talvez mais modesta e realisticamente, interpretar. Impressão, forte e fresca, me causaram o seu olhar de menino de tranquila simplicidade, a sua modéstia – um tipo de modéstia consciencializada e assumida, – dom que só aos grandes é concedido –, o seu trato chão, o seu almejo de independência e liberdade, a sua ambição de ser e estar, tão simples quão discreta, em tudo alheia aos “quadros de honra” das vaidades e dos haveres.
ANTÓNIO RAMALHO EANES

É sem contestação possível, o maior aguarelista português de todos os tempos. Deu-lhe grandeza; ressonância sinfónica; elevou-a até atingir o valor de um alta expressão sintética e afastou-a da superficialidade habitual.
ABEL SALAZAR

Era tempo. Foram décadas de espera por este dia em que a pintura de António Cruz, muito principalmente as suas aguarelas, vai poder ser vista em Lisboa. E com elas, ou através delas, irá poder ser visto o rosto mais belo do Porto. E a beleza que António Cruz nos legou a todos os que ainda vamos tendo olhos para a ver (ou querer ver) e a sua paixão pela cidade donde houve nome Portugal bem merecem esta evocação trinta e dois anos depois da sua morte e cinquenta e oito passados sobre a sua participação na Primeira Exposição da Gulbenkian. Uma exposição sobre a obra daquele que por antonomásia é o Pintor do Porto, como sublinhou José-Augusto França, “Pegar numa cidade, acrescentou Vasco Graça Moura, e restituir-lhe a dimensão de alma corresponde assim a uma longa expectativa, a uma procura de silêncios compassados pela fértil solidão que se povoa de memórias comovidas. A uma fidelidade.”
Um desenho de luz
JOSÉ CRUZ SANTOS
Árvore – Cooperativa de Atividades Artísticas

Obra coerente e densa que, na sua exatidão de leveza, se mostra capaz de captações quase suspensas, mágicas, e que por elas ganha um caráter verdadeiramente poético. E em si mesma tão singular que já tanto faz o tempo histórico em que foi feita, ou as condições adversas que a acolheram, pois simplesmente permanece como um retrato do mundo desenhado a luz.
É essa luz que nos deixou que devemos, hoje e sempre, agradecer.
BERNARDO PINTO DE ALMEIDA
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