Visitas/Observações
Exposição Antológica de António Cruz
15 Jul a 19 Out 2015
Quase 8 anos passados é chegado o momento de revisitar o essencial e o global desta obra, e desta feita em Lisboa, na Fundação que sempre foi sinónimo da melhor arte e cultura nacionais, a Fundação Calouste Gulbenkian.
Mais de três décadas após a sua morte, chega agora o momento de Lisboa receber, pela primeira vez, uma exposição antológica que revisita a obra deste pintor inigualável que, pintando no Porto e o Porto, tem um valor que atravessa todos os tempos e todas as fronteiras.
Patente ao público de 15 de julho e até 19 de outubro
Nº de obras expostas: 86 (80 aguarelas + 6 óleos)
Obras Expostas pela primeira vez: cerca de 10
- Depoimentos
Mais de três décadas após a sua morte e oito anos depois da última exposição é com um atraso vincado que, como celebra a tradição humana, se valoriza a obra do artista enquanto morto.
Em 2007 tive ocasião de fazer uma exposição de António Cruz, comemorativa do centenário do seu nascimento, no Museu Soares dos Reis. Exposição essa que deveria ter transitado para Lisboa num horizonte próximo. Inacreditavelmente, seria uma estreia. Não obstante a qualidade, a exclusividade de António Cruz; o destino, a personalidade, a adversidade ou a incompreensão fizeram com o artista nunca tenha exposto na Capital.
O percurso do pintor – único, portuense, dono de uma técnica “maldita”, ou melhor, nunca verdadeiramente reconhecida, a Aguarela – foi homogéneo. No pior sentido. Homogéneo porque não teve o sobressalto do reconhecimento, da transversalidade, do além-fronteiras. Aliás não fosse o documentário “O Pintor e a Cidade” de Manoel de Oliveira mais injusto seria o seu trajeto.
Move-me a vontade, a necessidade de ver reconhecido o seu talento. Pelo menos em Portugal. Escolhi a aguarela, sobretudo do Porto, na qual revejo a grandiosidade do Artista que há muito deveria ser um património dos portugueses.
Desbotada como as aguarelas é a satisfação com que se cumpre a esperança de o ter em conta.
Curadora
Árvore – Cooperativa de Atividades Artísticas
BATISTA-BASTOS
António Cruz foi uma das personalidades que tive a ventura de muitas vezes encontrar, e que, em cada novo encontro, mais me impressionava. E de tal maneira que, não raras vezes, o tentei descobrir, aquém e para além da sua pintura, ou, talvez mais modesta e realisticamente, interpretar. Impressão, forte e fresca, me causaram o seu olhar de menino de tranquila simplicidade, a sua modéstia – um tipo de modéstia consciencializada e assumida, – dom que só aos grandes é concedido –, o seu trato chão, o seu almejo de independência e liberdade, a sua ambição de ser e estar, tão simples quão discreta, em tudo alheia aos “quadros de honra” das vaidades e dos haveres.
ANTÓNIO RAMALHO EANES
É sem contestação possível, o maior aguarelista português de todos os tempos. Deu-lhe grandeza; ressonância sinfónica; elevou-a até atingir o valor de um alta expressão sintética e afastou-a da superficialidade habitual.
ABEL SALAZAR
Era tempo. Foram décadas de espera por este dia em que a pintura de António Cruz, muito principalmente as suas aguarelas, vai poder ser vista em Lisboa. E com elas, ou através delas, irá poder ser visto o rosto mais belo do Porto. E a beleza que António Cruz nos legou a todos os que ainda vamos tendo olhos para a ver (ou querer ver) e a sua paixão pela cidade donde houve nome Portugal bem merecem esta evocação trinta e dois anos depois da sua morte e cinquenta e oito passados sobre a sua participação na Primeira Exposição da Gulbenkian. Uma exposição sobre a obra daquele que por antonomásia é o Pintor do Porto, como sublinhou José-Augusto França, “Pegar numa cidade, acrescentou Vasco Graça Moura, e restituir-lhe a dimensão de alma corresponde assim a uma longa expectativa, a uma procura de silêncios compassados pela fértil solidão que se povoa de memórias comovidas. A uma fidelidade.”
Um desenho de luz
JOSÉ CRUZ SANTOS
Árvore – Cooperativa de Atividades Artísticas
É essa luz que nos deixou que devemos, hoje e sempre, agradecer.
BERNARDO PINTO DE ALMEIDA