Cinema e Vídeo
O mundo perdido de Vittorio De Seta nas Histórias do Cinema
Depois de em fevereiro nos terem levado a percorrer o universo carpenteriano com Jean-Baptiste Thoret, as Histórias do Cinema de abril debruçam-se sobre um autor completamente diferente, mas não menos importante na História do cinema mundial.

14 Abr a 17 Abr 2025
A obra de Vittorio De Seta, um dos grandes documentaristas do cinema italiano, vai ser analisada e apresentada entre 14 e 17 de abril por Federico Rossin em mais uma ronda de sessões-conferência das Histórias do Cinema.
Doze anos depois da apresentação de três sessões do Ciclo “Tesouros de Bolonha” e oito anos após a exibição de algumas curtas-metragens no Ciclo “As Cinematecas Hoje: Fondazione Cineteca di Bologna”, esta será a mais extensa mostra na Cinemateca de filmes de Vittorio De Seta, considerado por Federico Rossin como um «dos maiores realizadores italianos de todos os tempos», que o ombreia com nomes como Rossellini, Fellini, Antonioni e Visconti. Este reconhecimento no seu país de origem não é igual fora de portas, onde De Seta permanece como «o menos estudado» dos grandes autores italianos.
É este o pretexto para dar a ver a sua obra que, apesar de curta, sempre se pautou por um enorme experimentalismo na forma de reinventar a prática cinematográfica a cada novo projeto, marca evidente logo desde as primeiras curtas filmadas na década de 1950 e que compõem as séries Mundo Perdido, dedicadas às regiões da Sicília, Cantábria e Sardenha. Um cineasta de forte pendor antropológico verdadeiramente independente, numa época em que poucos o conseguiam ser, que documentou os usos e tradições populares em desaparecimento, o avanço da escolarização e os movimentos de migração internacional em Itália.
«De Seta não foi apenas o poeta épico do sul de Itália – como foi demasiadas vezes reduzido – nem apenas o autor de documentários inesquecíveis, mas sobretudo um cineasta não convencional que experimentou – e muitas vezes reinventou – diferentes formas audiovisuais ao longo dos cinquenta anos da sua carreira: da curta à longa-metragem, do documentário à ficção, até à série televisiva», descreve Rossin na introdução a este programa.
Historiador e programador de cinema, Federico Rossin tem vindo a desenvolver ao longo dos últimos anos um importante trabalho de investigação sobre áreas e épocas menos reconhecidas do cânone cinematográfico. Esteve em Lisboa no ano passado para apresentar a obra de Carlos Villardebó junto do público da Cinemateca e no passado dia 22 de março para uma conversa com José Manuel Costa e Olaf Möller em contexto do ciclo "O Cinema e Conrad, Conrad e o Cinema". Regressa agora em abril para apresentar um outro cineasta a (re)descobrir.
O programa completo das Histórias do Cinema: Vittorio De Seta / Frederico Rossin pode ser consultado aqui.