"É de Cultura como instrumento para a felicidade, como arma para o civismo, como via para o entendimento dos povos que vos quero falar"

Conferências

IV Colóquio "Diálogos em Marvão"

Ao encontro anual “Diálogos em Marvão” interessam (e muito!) existências como as de Hannah Arendt, que morreu há 50 anos, em 4 de dezembro de 1975, deixando incompleta a obra The Life of the Mind. A vida e a obra desta extraordinária mulher servem de inspiração para alguns dos temas e das perspetivas a explorar na IV edição dos Diálogos em Marvão, que decorrerá no próximo dia 9 de maio.

9 Mai 2025  |  10h00

Quinta dos Olhos d’Água
Estr. da Calçadinha 5, 7330-318 Marvão
Preço
Entrada livre

Desenvolvendo-se fora das grandes Áreas Metropolitanas de Lisboa e do Porto, “Diálogos em Marvão” realiza-se pela quarta vez consecutiva desde 2022 e tem como objetivos produzir conhecimento e reflexão, dando visibilidade a uma área periférica longe dos grandes centros, situada a 265 quilómetros a nordeste de Lisboa.

No sopé da Serra de São Mamede e junto às ruínas arqueológicas da cidade romana de Ammaia, a Quinta dos Olhos d’Água acolhe uma vez mais um seminário de ideias, o local ideal para o público assistente participar na magia das palavras de seis conferencistas.

Sempre foram as palavras e as narrativas que conseguiram operar as mudanças que as sociedades exigiram. A linguagem transforma as sociedades e, sobretudo, a maneira de pensar e de ver o mundo.

Na IV edição dos “Diálogos em Marvão”, seis investigadoras, jornalistas, curadoras e gestoras irão apresentar as suas comunicações sobre arte, filosofia, gestão, política e representação das mulheres na sociedade.

Podíamos nomear centenas de mulheres que, com as suas vidas e obras, marcaram os séculos XX e XXI, mas referiremos apenas seis personalidades: Simone de Beauvoir, Elisabeth Badinter, Angela Davis, Naomi Klein, Susan Sontag e Marina Abramovic, pela forma como, em graus tão diversos, retiraram a tranquilidade acerca da ‘imutabilidade’ das sociedades, refletindo sobre as fronteiras entre sexos e géneros e também sobre as estruturas ancestrais e os meios de controle social criados para dominar as mulheres.

Apontando o dedo ao caos produzido pela violência das guerras e pela destruição de tudo quanto até aí tinha sido poupado, Hannah Arendt escreveu em 1950, na introdução da trilogia que se tornou conhecida como Origens do Totalitarismo:

“Duas guerras mundiais no espaço de uma geração, separadas pelo encadear ininterrupto de guerras regionais e de revoluções que não foram sucedidas por nenhum tratado de paz assinado por vencidos e vencedores, faz-nos estar à espera de uma III Guerra Mundial entre as potências que subsistem. Este tempo de espera parece aquele tempo de calma que se instala quando toda a esperança desapareceu. Não estamos à espera da restauração da antiga ordem das coisas com todas as tradições que lhe estão associadas. Temos assistido, nas situações mais diversas e em contextos heterogéneos, à amplificação do fenómeno numa escala sem precedentes em que as pessoas ficam desenraizadas num grau extremo, tendo perdido as suas casas. Jamais foi tão impossível predizer o nosso futuro.”

No ensaio sobre Walter Benjamin (Homens em Tempos Sombrios), Hannah Arendt alude ao anjo da história com as mãos colocadas sobre os olhos, horrorizado com o espetáculo das ruínas que se empilham a seus pés.

Não queremos tapar os olhos como o anjo nem queremos mergulhar num ceticismo radical relativamente ao funcionamento das instituições da nossa sociedade.

Esperamos que o público que assiste gratuitamente às seis sessões partilhe a nossa paixão pelo conhecimento e pela crítica.

Ana Rocha

P R O G R A M A
10h00
 – Apresentação da IV edição dos Diálogos em Marvão
10h20 – Aura Miguel (Rádio Renascença), “O Tempo das Mulheres; as Mulheres na Igreja”
11h00 – Béatrice Guion (Un. Estrasburgo), “Musa, anfitriã, empresária;  as mulheres na vida literária francesa o Antigo Regime.”
11h45 – Pausa.
12h15 – Laurinda Alves (Nova SBE), “As armas da comunicação”.
13h00 – Pausa.
15h00 – Susana Peralta (NovaSBE), “Do tacho aos trocos: retratos do tempo feminino”.
15h40 – Christine Dezaunay (Património Bougival),  “Casas-museus de mulheres, a da pintora Berthe Morisot e a da cantora Pauline Viardot”.
16h45 – Pausa.
17h00 – Gilda Oswaldo Cruz (pianista, escritora), “A mulher como peça de troca no jogo de poder. A história de Júlia, filha única de Augusto, primeiro imperador romano”.
17h45-18h30  – Balanço e encerramento.

C O N F E R E N C I S T A S

Laurinda Alves
Licenciada em Comunicação Social pela Universidade Nova de Lisboa.
Autora, colunista, jornalista e professora de Comunicação, Liderança e Ética.
Atuou como repórter na RTP, autora e apresentadora de programas na SIC, e colunista nos jornais Independente e, mais tarde, Público. Foi diretora da revista Pais & Filhos e criou e dirigiu a revista XIS.
Exerceu o cargo de curadora e manager do Dialogue Cafe, na Fundação Calouste Gulbenkian, um projeto de criação e partilha de conhecimento global, desenvolvido em parceria com as Nações Unidas e a Cisco.
É professora de Comunicação, Liderança e Ética na Universidade Católica e, desde 2011, na NovaSBE.
Ao longo da sua carreira, publicou 9 livros e recebeu o Prémio Gazeta de Jornalismo em 1991. Em 2000, foi condecorada com a Comenda da Ordem do Mérito, reconhecida pelo seu contributo no debate e defesa das questões educativas.
Atua como voluntária em Cuidados Paliativos e na Associação Salvador. Foi cofundadora da Academia do Johnson e ministra formações na área da Comunicação e Liderança em empresas desde 1990.
Foi Vereadora dos Direitos Humanos na Câmara Municipal de Lisboa e, atualmente, é Diretora Executiva das áreas de Inclusão e Diversidade e Diretora Executiva das Conferências do Estoril, na NovaSBE.

Christine Dezaunay
“Dois museus em Bougival dedicados a mulheres-artistas: a casa da cantora Pauline Viardot e a casa da pintora impressionista Berthe Morisot.”
Christine Dezaunay é Diretora do Desenvolvimento Cultural e Turístico do Património na Câmara Municipal de Bougival.
Nascida em Nantes, em 1966, estudou na Escola de Comércio e iniciou a sua carreira profissional na indústria farmacêutica francesa. Ao longo da sua trajetória, dedicou-se também à arte medieval e iluminuras, organizando ateliers para crianças.
Desde 2014, colabora com Luc Wallette, presidente da Câmara de Bougival, em quatro projetos principais ligados ao património, cultura e turismo da região. Estes projetos incluem a inauguração de museus e casas-museu, nomeadamente:

  • A Datcha do escritor russo Ivan Turgueniev
  • A Casa de Bizet
  • A Casa-Museu da cantora Pauline Viardot
  • A Casa-Museu da pintora impressionista Berthe Morisot

Béatrice Guion
“Musa, anfitriã, impresária: as mulheres na vida literária francesa sob o Antigo Regime”
Béatrice Guion é licenciada pelo Institut d’Études Politiques de Paris (1991) e doutorada em Letras pela Universidade de Paris-Sorbonne (1997). Em 1996, foi laureada da Fundação Thiers, e em 2005 obteve a acreditação para supervisionar investigação na Universidade Paris-Sorbonne.
Ao longo da sua carreira, foi distinguida com o Prêmio Pierre-Georges Castex da Academia de Ciências Morais e Políticas (2010) e integrou o Instituto de Estudos Avançados da Universidade de Estrasburgo (USIAS) entre 2013 e 2015.
Atualmente, é professora de literatura francesa do século XVII na Universidade de Estrasburgo, sendo especialista em literatura moral e religiosa. O seu trabalho de investigação abrange temas como:

  • Teoria e escrita da história na primeira modernidade, destacando-se a obra Du bon usage de l’histoire. Histoire, morale et politique à l’âge classique (Paris, 2008).
  • Questões de poética, tradução e transferências culturais.

Aura Miguel
Aura Miguel é licenciada em Direito pela Universidade Católica Portuguesa e possui uma pós-graduação em Ciências da Informação pela mesma instituição.

Jornalista desde 1982, trabalha em exclusivo na Renascença Multimédia, sendo especialista em assuntos religiosos relacionados com a Santa Sé. Regularmente, integra a comitiva de jornalistas que viajam no avião papal. Até hoje, acompanhou 109 viagens apostólicas ao lado dos Papas João Paulo II, Bento XVI e Francisco.
É autora de vários livros sobre o papado, incluindo:

  • “O Segredo que conduz o Papa” (Principia, maio 2000)
  • “Porque viajas tanto?” (Lucerna, outubro 2003)
  • “As razões de Bento XVI” (Texto Editores/Leya, maio 2010)
  • “Conversas em Altos Voos” (Paulus, março 2017)
  • “Um longo caminho até Lisboa” (Bertrand, maio 2023)

Susana Peralta
Susana Peralta é Professora Associada, com Agregação, na Nova School of Business and Economics. Doutorada em Economia pela Université catholique de Louvaina, é especialista em Economia Pública e tem investigação publicada em revistas internacionais de renome, como:

  • Journal of Public Economics
  • Journal of Urban Economics
  • The Economic Journal
  • Public Choice

Já liderou vários projetos financiados pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e é coordenadora da iniciativa Portugal, Balanço Social, um projeto conjunto da Fundação La Caixa e da Nova SBE.
Além do meio académico, é colunista semanal no jornal Público, comentadora na RTP e na rádio Observador.

Gilda Oswaldo Cruz
Nascida em 1939, no Rio de Janeiro, Gilda Oswaldo Cruz vive há muitos anos em Lisboa. É concertista de piano e tem uma vasta experiência no meio editorial e diplomático.

No Brasil, trabalhou como editora e integrou o Serviço Diplomático, tendo dirigido o Centro de Estudos Brasileiros em Barcelona durante vários anos. Viveu nesta cidade ao longo das décadas de 1980 e 1990.
Como concertista, tem-se dedicado à divulgação da música brasileira através de recitais, programas radiofónicos e conferências.
No campo literário, publicou:

  • “Na Sombra do Herói” (primeiro romance)
  • “O Caso do Amendoim Roubado” (fábula ecológica)
  • Traduções e resenhas

C U R A D O R A

Ana Rocha
Nasceu em Moçambique em 1957.
Escritora, professora, investigadora e conferencista.
Licenciada em Filosofia pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Concluiu a pós-graduação em Filosofia na FCSH da Universidade Nova de Lisboa, com a dissertação “A imbricação da política e da filosofia na História de Inglaterra de David Hume”.
É a criadora e curadora (pro bono) do ciclo anual de conferências “Diálogos em Marvão”, que, em maio de 2025, entra na sua quarta edição.
Desde 2006, é colaboradora na área da cultura no semanário Expresso, depois de trabalhar 20 anos no vespertino A Capital.
Na Antena 2, criou o programa “Plácidos Domingos” e foi coautora do programa “Preto no Branco”.
Organizou (pro bono) oito recitais de música clássica na Igreja do Convento do Espinheiro de Évora.
Publicou duas peças de teatro:

  • “A Origem do Mundo” (Edições Húmus)
  • “Antero Q” (Edições Húmus) – Representada em 2023 pela companhia Teatro da Garagem nos palcos de Lisboa, Évora e Genève

Aguarda a edição da sua terceira peça teatral, dedicada a Wagner, intitulada “BMW, A Arte da Fuga”. 

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