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Exposição de fotografia "Património em Rede: um peixe, uma comunidade, dois países"

O Museu Marítimo de Ílhavo recebe a exposição "Património em Rede: um peixe, uma comunidade, dois países", do fotojornalista Eduardo Martins. A mostra, de acesso gratuito, estará patente até 25 de maio, seguindo depois para Olhão, onde será inaugurada a 31 do mesmo mês.

21 Mar a 25 Mai 2025

Museu Marítimo de Ílhavo
Av. Dr. Rocha Madahíl, 3830-193 Ílhavo
Preço
Entrada livre
Este trabalho fotográfico mergulha no universo do atum-rabilho do Atlântico, um dos maiores e mais valiosos peixes do oceano, conhecido pelas suas impressionantes migrações. A exposição documenta a reabilitação da pesca do atum na costa algarvia, após um interregno de duas décadas, e revela o cruzamento entre as tradicionais armações portuguesas e as técnicas modernas introduzidas por uma empresa japonesa que se instalou na região há cerca de trinta anos.

A pesca do atum-rabilho tem raízes profundas no Algarve, sendo praticada desde a Antiguidade. No entanto, a atividade esteve extinta na região entre 1972 e o início dos anos 90, até que uma empresa nipónica, instalada em Olhão, reintroduziu a pesca, combinando métodos tradicionais portugueses com tecnologia japonesa. As imagens captadas por Eduardo Martins destacam este património em rede, onde os saberes ancestrais se adaptam à exigência do mercado global.

Uma das imagens em destaque na exposição recorre ao Arquivo do Arraial Ferreira Neto, em Tavira - uma das últimas armações tradicionais de pesca do atum no Algarve, hoje transformada em unidade hoteleira – com uma fotografia do último atum pescado em 1972. A recuperação desta prática deve-se, em parte, a uma visita do então primeiro-ministro Mário Soares ao Japão, que levou os investidores nipónicos a apostar na pesca do atum no Algarve, em vez da criação de camarão no Tejo.

A técnica híbrida desenvolvida combina armações algarvias, redes japonesas e um método inovador de abate, utilizando uma cana de bambu com uma bala metálica, que garante a morte instantânea do peixe. Embora os pescadores sejam locais e a atividade seja bem remunerada, a maior parte do atum capturado segue diretamente para o Japão, onde atinge preços astronómicos nos leilões de sushi e sashimi. No Algarve, o consumo deste peixe é residual, ficando praticamente restrito ao bife de atum.

A exposição será acompanhada por um programa de atividades, incluindo uma ação com jovens no dia 23 de abril e uma atividade para famílias a 26 de abril.

"Património em Rede: um peixe, uma comunidade, dois países" é uma oportunidade única para explorar a riqueza cultural e histórica da pesca do atum-rabilho, refletindo sobre as transformações e desafios desta prática no mundo contemporâneo.
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