Dança
Moritz Ostruschnjak apresenta em Guimarães uma história de amor com dois pianos e patins em linha
No sábado 29 de março, às 21h30, o Centro Cultural Vila Flor – casa da cultura a celebrar 20 anos de atividade – apresenta o espetáculo de dança “Cry Why”, do criador internacional Moritz Ostruschnjak.

29 Mar 2025 | 21h30
Uma história de amor entre um patim direito e um esquerdo pode parecer aborrecida, mas nesta peça o coreógrafo alemão transformou exatamente isso num conto emocionante e intenso sobre um amor em desenvolvimento que, antes de florescer, termina numa separação cheia de agonia e dor. Com a sua estreia mundial decorrida em setembro de 2024 em Munique, “Cry Why” assinala o regresso de Ostruschnjak a Guimarães, depois de já ter estreado “Tanzanweisungen (It won't be like this forever)” na cidade berço em 2022 no âmbito do festival GUIdance.
“Cry Why”, do coreógrafo Moritz Ostruschnjak, funde dois solos que se entrelaçam e se tornam num dueto e se afastam novamente, onde Miyuki Shimitsu e Guido Badalamenti protagonizam uma história íntima e intensa entre duas pessoas que expressam o seu amor através de um conjunto de patins em linha, elemento que surge como uma extensão do corpo e das emoções. A música interpretada ao vivo por Reinier van Houdt amplifica as emoções num espetáculo com um dueto de pessoas e objetos que cria seres, mundos e histórias bizarras.
Quando os bailarinos se encontram, os patins em linha transformam-se em membros, os braços em pernas, Alvin Curran em Yoko Ono e os pianos em salas. Imagens e narrativas reais emergem, separam-se, descolam novamente. O sentimental, o romântico e o melodramático interligam-se com destruição, violência e crueza. "Cry Why" brinca com o concreto e o abstrato, com originalidade e estereótipo, revestindo o espetáculo com uma tónica cyber punk.
Compilada por Ostruschnjak e van Houdt, a música deste espetáculo é uma mistura de composições do compositor e artista sonoro americano Alvin Curran, Debussy e canções pop, das quais pedaços fragmentados de textos como "She was a visitor", "Why?" e "I have been crying over you", emprestam uma narrativa desprendida à ação do espetáculo.
Em "Cry Why", Ostruschnjak não provoca apenas a nossa percepção usual de como as coisas funcionam. Ele também integra habilmente em cena dois pianos verticais e o pianista Reinier van Houdt na performance dos dois bailarinos. Às vezes, van Houdt toca num piano, outras vezes toca nos dois ao mesmo tempo, com uma mão em cada, sentado no banco do piano, ajoelhado ou sentado no chão. Os pianos, que o pianista e os dois bailarinos movimentam e rodeiam, definem o espaço, que ora parece vasto quando estão distantes, ora confinado quando estão próximos.
Caracterizado por uma ausência total de qualquer tipo de agressão, onde qualquer dor é expressa com suavidade, influenciada pela fluidez curva dos bailarinos patinadores, neste espetáculo a música carrega todas as emoções, e o pianista, com os seus dois pianos em movimento, define constantemente o espaço. Enquanto a narrativa é sugerida, os espectadores ficam assim livres para usar a sua própria imaginação.
Ostruschnjak é uma figura importante na cena de dança contemporânea de Munique. Começou por ligar-se ao breakdance, aos 18 anos, antes de decidir que queria tornar-se um bailarino de balé. Depois de percorrer o seu caminho na Escola Mudra fundada por Maurice Bejart, passou a dançar com a companhia de dança Ultima Vez de Wim Vandekeybus, tendo-se tornado coreógrafo a tempo inteiro em 2013.
Apoiado pelo 'Nationales Performance Netz International Guest Performance Fund for Dance', fundo do 'Federal Government Commissioner for Culture and the Media', "Cry Why" é uma coreografia de Moritz Ostruschnjak criada em colaboração com Daniela Bendini. A interpretação fica a cargo dos bailarinos Guido Badalamenti e Miyuki Shimizu, e, na música, os ciclos de piano "Inner Cities" e "Dead Beats" (Alvin Curran) são interpretados ao vivo pelo pianista Reinier van Houdt.
O espetáculo “Cry Why” tem início marcado para as 21h30 no Grande Auditório Francisca Abreu (CCVF) e os respetivos bilhetes têm o valor de 10 euros (ou 7,5 euros com desconto), encontrando-se disponíveis online em oficina.bol.pt e www.ccvf.pt e presencialmente nas bilheteiras dos equipamentos geridos pel’A Oficina como o Centro Cultural Vila Flor (CCVF), o Centro Internacional das Artes José de Guimarães (CIAJG), a Casa da Memória de Guimarães (CDMG), a Loja Oficina (LO), ou o CAO dos Fornos da Cruz de Pedra, bem como nas lojas Fnac, Worten e El Corte Inglés.