Exposições
"Rodney Smith – A Alquimia da Luz"
O Centro Cultural de Cascais recebe uma mostra que celebra a obra de um dos fotógrafos mais marcantes do século XX.

1 Mar a 25 Mai 2025
Conhecido pelo seu estilo surrealista e sofisticado, Rodney Smith criou imagens que desafiam a realidade, combinando humor, elegância e perfeição geométrica.
Com mais de 100 fotografias, a exposição revela o talento deste mestre da luz, cuja visão única influenciou campanhas de moda e publicações como The New York Times e Vanity Fair.
Represento um mundo que é possível se as pessoas derem o seu melhor.
Trata-se de um mundo um pouco inalcançável, que ultrapassa a experiência quotidiana, mas não de todo impossível.
Rodney Smith
A ARQUITETURA DO AR
A obra de Rodney Smith (1947-2016) é, acima de tudo, um convite para que entremos num mundo suspenso entre a ilusão e a realidade. Afastando-se das convenções modernas da fotografia documental ou do realismo, Smith inventou uma linguagem única, na fronteira entre esses dois mundos. As suas imagens, fossem encomendadas para importantes publicações norte-americanas como a Vanity e o New York Times ou para campanhas publicitárias das principais marcas da indústria da moda, oscilam invariavelmente entre o banal e o bizarro.
O que caracteriza esta obra, deslocando-a de certa forma para as margens da História da fotografia, é a capacidade de Smith imbuir as suas imagens de uma aura intemporal que lhes empresta um certo mistério, uma espécie de lirismo capaz de transcender o quotidiano e de as tornar «um pouco inalcançáveis». Smith é um autêntico arquiteto do tempo perdido. Mede, calcula e pesa, de modo a erigir, por um processo que só ele conhece, uma ordem geométrica da imagem perfeita. As suas composições extremamente meticulosas posicionam cada pormenor no sentido da transformação da imagem numa arquitetura da máxima precariedade, sempre à beira do colapso, mas, ao mesmo tempo, perfeitamente equilibrada.
Sublimes e supremas, exercem um genuíno fascínio em quem as contempla, pois nelas se encontram polaridade e dualidade, afirmação e contradição, certo e errado. Rodney Smith não se limita a documentar o mundo, transforma-o, amplia-o, sendo que apenas a fotografia pode materializar, num flash, as suas visões invulgares, os seus impulsos escópicos, com a rapidez de um relâmpago e tão fulgurantes como se estivessem prestes a quebrar a barreira do som. Amplamente reconhecida nos Estados Unidos, a sua obra é exposta pela primeira vez no Centro Cultural de Cascais. Trata-se de uma verdadeira descoberta, que permite conhecer o trabalho de um visionário que se servia da imagem fotográfica, qual Alice no País das Maravilhas, para passar para o outro lado do espelho da realidade e penetrar noutra dimensão.
Anne Morin, curadora
Men with Boxes on Head, Brunswick, GA, 2001 © The Estate of Rodney Smith
Rodney Lewis Smith (1947–2016) nasceu em Nova Iorque. Encontrou a sua inspiração artística ao visitar a coleção permanente de fotografia do Museu de Arte Moderna (MOMA), no seu terceiro ano de faculdade. Após licenciar-se pela Universidade da Virginia, em 1970, tirou um mestrado em Teologia na Universidade de Yale, tendo ao mesmo tempo Fotografia como área secundária de estudo e Walker Evans como professor. Smith estava à procura de um sentido para a vida e a fotografia possibilitou-lhe uma forma de se expressar.
Em 1976, recebeu uma bolsa da Jerusalem Foundation, da qual resultou o seu primeiro livro, In the Land of Light. Ao longo da carreira, as fotografias de Smith foram publicadas em diversas revistas, nas quais se incluem a TIME, o Wall Street Journal e o New York Times. Para além das obras mais pessoais, também produziu uma série de trabalhos comerciais para várias marcas: BMW, Ralph Lauren, American Express, IBM e Heinz.
Influenciado pelos ensinamentos e pela precisão técnica de Ansel Adams, Smith procurou aperfeiçoar a sua técnica. Daí surgiu um estilo muito próprio, capaz de tornar o mundo mais definido e claro e de trazer ordem ao caos.
Rodney Smith morreu em 2016, aos 68 anos de idade. As suas imagens aliam espirituosidade e elegância, uma combinação poderosa que não poderia ter sido criada por mais nenhum fotógrafo.
Uma iniciativa da Fundação D. Luís I e da Câmara Municipal de Cascais, no âmbito da programação do Bairro dos Museus, e estará patente entre 1 de março e 25 de maio de 2025.