Literatura
Diga 33 - Poesia no Teatro | Rosa Oliveira
Na Sala Estúdio do Teatro da Rainha, receberemos no próximo 18 de fevereiro a poeta Rosa Oliveira, em conversa aberta a quem nela pretenda participar que acompanharemos com a leitura de vários poemas.
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18 Fev 2025 | 21h30
Se houve movimento marcante na literatura portuguesa posterior ao 25 de Abril de 1974, ele foi o de uma afirmação crescente de escritoras que, em diversas formas literárias, dão conta do processo de emancipação da mulher no nosso país. Na poesia, isso tem sido particularmente evidente nestas duas primeiras décadas do século XXI. Basta observar os índices das antologias e revistas literárias que por aí vão surgindo e compará-los com os das publicações congéneres vindas a lume há 50 anos, que logo se torna evidente o facto. A convidada de Fevereiro em Diga 33 – Poesia no Teatro é disso exemplo, com a particularidade de, ao segundo livro, ter respondido com inteligente acutilância ao chavão de uma crítica que, em 2013, se referia reiteradamente à sua estreia tardia.
Fevereiro será, portanto, mês de atacarmos os chavões, as ideias feitas, os estereótipos, os lugares comuns, apoiados numa poesia que não nos dá descanso, surpreendendo-nos de livro para livro, tanto pelo tom como aborda os temas de sempre, sejam eles a passagem do tempo, a memória, o diálogo interartes ou a História, como pela capacidade de desmontar, por vezes de modo sarcástico, “este tempo detergente” que se nos colou à alma como nódoa seca. E já que estamos com Ruy Belo no pensamento, citemos, pois, dois versos desse “as casas em espinho com ruy belo” com que Rosa Oliveira se apresentou aos leitores: «os fadistas da literatura ainda são mais intoleráveis / que os fadistas de viela».
Rosa Oliveira (Viseu, 1958) foi leitora na Universidade de Barcelona e professora no ensino superior politécnico. Revelou-se como poeta com o livro “Cinza” (2013), ao qual se seguiram “Tardio” (2017), “Errático” (2020) e “Desvio-me da bala que chega todos os dias” (2021). Recebeu os prémios Primeira Obra do P.E.N. Clube Português, em 2014, e o Prémio Literário Fundação Inês de Castro, em 2017. Tem colaboração dispersa por várias revistas literárias, tais como a Relâmpago, Colóquio-Letras, Suroeste (Espanha), Eufeme, Logos, Nervo, Meteöro (Brasil). Poemas seus integraram as antologias “Voo Rasante” (2015), “Os cem melhores poemas portugueses dos últimos cem anos” (2017), “Manu Scripta”, “Mujeres Poetas – Voces de Portugal y Mexico” (México, 2018) e “Sombras de porcelana brava – Diecisiete poetas portuguesas” (Espanha, 2020). É ainda autora dos ensaios “Paris 1937” (1996) e “Tragédias Sobrepostas: sobre “O Indesejado” de Jorge de Sena” (2001), tese de mestrado concluída em 1991.