O artista belga Lode Laperre conduz a pintura a um processo de escavação. Suas obras revelam camadas internas da cor, expondo os vestígios do gesto através de incisões, cortes e perfurações. Na transposição para a escultura, a tinta ganha volume e se emancipa do suporte bidimensional, adquirindo corpo próprio em formas tridimensionais que ressignificam sua origem pictórica. A cor, em sua prática, não é apenas um elemento visual, mas um vestígio material que carrega tempo, processo e transformação.

Já o artista brasileiro Daniel Mattar, baseado em Lisboa, manifesta sua poética na fusão entre o gesto pictórico e a tridimensionalidade fotográfica. Suas imagens capturam a substância da tinta em suspensão, revelando a fisicalidade da cor em estado bruto, enquanto suas pinturas matéricas consolidam esse mesmo elemento em uma superfície estratificada, densa e corpórea. A justaposição de tipografia em suas composições amplia essa dimensão semântica, onde a tinta deixa de ser apenas veículo expressivo para se tornar signo, matéria e verbo.

O título da exposição, (COL)ORATOR, sintetiza essa investigação cromática como linguagem. A fusão das palavras "colour" (cor) e "orator" (orador) sugere que a cor, quando manipulada em sua essência, se torna agente discursivo. Aqui, pigmento e voz se entrelaçam em múltiplas camadas de significação, onde a materialidade da pintura ecoa além da superfície e se inscreve no espaço.

A exposição não se limita a um território estático; ela se desdobra em um processo contínuo de construção e descoberta, onde a cor não apenas fala, mas se faz ouvir em sua presença mais tangível e visceral.

Cocktail de Lançamento da Exposição: 20 de março de 2025 das 18h às 21h

Curadoria de Rui Guerreiro

Horário: Terça a sábado, das 11h às 19h