Exposições
Edição Limitada | Ano 3
Exposição de fotografia documental e fotojornalismo marca o terceiro ano de parceria entre a CC11 e Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, com exposição patente na Galeria Santa Maria Maior.
12 Dez a 18 Jan 2025
77 fotógrafos > 77 imagens na Galeria Santa Maria Maior
Inauguração: 12 de dezembro (quinta-feira), 18h00
Colaboração renovada entre a galeria de arte da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior e a associação cultural CC11 traz mais de 70 fotojornalistas e fotógrafos documentais a este espaço expositivo no coração da cidade, entre 12 de dezembro e 18 de janeiro.
A mostra mantém o grande objetivo das edições que lhe antecederam: consolidar a fotografia como arte nobre, merecedora da mesma valorização, investimento e estatuto de outras artes, e cujas obras devem ser perspetivadas como adquiríveis e colecionáveis.
Recorte e partilha da textura de um possível real
Escreveu o tecnólogo sombrio, visionário distópico e cavaleiro perdido na demanda pela total liberdade da informação no território digital Bruce Sterling, que “(…) a verdade é muitas vezes fantástica”.
Alcançando mesmo o patamar do altruísmo, raro nele, Sterling guia-nos, defendendo que “como na relatividade einsteiniana, tudo muda com o dispositivo de enquadramento escolhido”.
Nas paredes das salas que a este texto se sucedem, fixadas num momento de duração fugaz e num recanto do mundo que pode ser todo o lugar, estão tantas das muitas imagens com que alguns perseguidores utópicos tentam o recorte e fixação de um retalho do real que os cercou.
Se mais nada fossem estes recortes imagéticos, e são tanto, seriam os testemunhos perfeitos da proposta teórica com que Sterling nos quer assaltar.
A todo o momento mesmo ao nosso lado, cruzam pela nossa frente carros que conduzem o inferno na terra, pedras de vigília a casas, segredos paroquiais, viajantes esmagados pela natureza e tantos e tantos retalhos que provam sem dúvida metódica que a vida, o mundo, os encontros criados por uma das nossas passagens e tantas outros contactos, interferências e rompimentos do quotidiano são fantásticos e estranhos.
Não nos deve interessar muito discutir se são fixações do real.
O real não existe, existe apenas o que Sterling chama de “dispositivo de enquadramento escolhido”, que aqui é o olhar e a máquina do perseguidor, que transforma algo que se deu em algo que recortado para sempre se eleva ao que passa a ser tudo o que naquela paragem e naquele momento aconteceu.
O que nos deve interessar muito, no que descobrimos a tornar vivas as paredes que se seguem, é o recorte e a sua textura.
O recorte é o princípio do percurso da partilha.
A textura é a história inundada de pormenores do que foi recortado.
O recorte, isto é, a partilha, é ser-nos dado o privilégio de ver o quanto fascinante é o mundo por que passamos.
A textura, isto é, a narrativa fixada no recorte, é ser-nos dada a entrega de uma história para decifrar.
Sendo este o reino maravilhoso trazido a estas paredes, são quase incontáveis os argumentos para o levarmos para as nossas paredes.
José Vegar
A Edição Limitada está de volta à Galeria Santa Maria Maior em parceria com a associação da CC11, com o apoio da Colorfoto e da Canon, numa mostra patente até 18 de janeiro.
Horário: segunda-feira a sábado, 15h00-20h00