"É de Cultura como instrumento para a felicidade, como arma para o civismo, como via para o entendimento dos povos que vos quero falar"

Académicos

As origens intelectuais da Revolução Portuguesa. As causas dos livros - Jornalismo

Neste ciclo de conferências discutir-se-á o elenco de obras que abriram caminho, de forma mais ou menos explícita e resistente, ao processo revolucionário. Curadoria científica de António Costa Pinto (ICS-ULisboa), Inês Brasão (IPL, IHC NOVA FCSH), Rita Luís (IHC NOVA FCSH) e Victor Pereira (IHC NOVA FCSH).

4 Dez 2024  |  17h00

Biblioteca Nacional de Portugal
Campo Grande, 83, 1749-081 Lisboa
Preço
Entrada livre
A BNP associa-se ao cinquentenário do 25 de Abril, organizando o Ciclo de Debates “As Origens Intelectuais da Revolução Portuguesa – as causas dos livros".

O exercício a que nos propomos na última sessão do ciclo Origens intelectuais da Revolução Portuguesa: as causas dos livros é ingrato; qualquer escolha deixará à margem livros igualmente relevantes. Contudo, o objectivo não será tanto proceder à canonização de títulos, mas abrir a porta à discussão.

No campo do jornalismo e ensaísmo, por si só um campo que necessita ser problematizado, quisemos privilegiar a recepção dos títulos. Tal não significa que tenhamos escolhido livros amplamente lidos, embora alguns, com certeza, o tenham sido. A julgar pela rapidez com que novas tiragens ou edições se sucederam, terão sido, pelo menos, muito comprados. Tal é o caso de Sociedades e Grupos em Portugal (1973), de Maria Belmira Martins, ou Investimentos estrangeiros em Portugal (1973), de Luís Salgado de Matos.

Outros foram apreendidos e reeditados - muito rapidamente, em alguns casos -, depois de Abril de 1974; o que representa outra forma de aceder a dimensões da sua recepção. Temos em mente Emigração e crise no nordeste transmontano (1973), de António Modesto Navarro, reeditado em 1976, Os políticos e o poder económico (1969) e Diário Político (1969) ambos de Raul Rêgo, editados pelo autor em 1969, apreendidos pela DGS durante o período eleitoral desse ano, e reeditados num só volume em Junho de 1974. Não podemos esquecer aqueles cuja apreensão manifesta claramente o desconforto que provocaram, como o álbum Raízes da nossa força (1973), de Helena Neves e Alfredo Cunha, ou Portugal sem Salazar (1973), no qual Mário Mesquita divulga as visões políticas de exilados como Manuel de Lucena, José Medeiros Ferreira ou António Barreto. Outros ainda foram preteridos pela editora original, que temia a apreensão da edição, como foi o caso de A Censura e as leis de Imprensa (1973), de Alberto Arons de Carvalho, que acabou por ser publicado pela Seara Nova. Finalmente, escolhemos igualmente livros que tiveram como formato inicial peças publicadas em jornais, adquirindo posteriormente este formato, caso de França: a emigração dolorosa (1965), de Nuno Rocha, e Revolução, meu amor (1970), de Maria Antónia Palla.

Duas questões saltam imediatamente à vista: uma certa sub-representação feminina, justificável pelas condições de acesso à profissão durante o Estado Novo, e a ausência de Mulheres do meu país (1948-1950) de Maria Lamas, que seguramente tutelará a discussão. Esta exclusão foi uma escolha consciente, suscitada por uma questão que nos colocamos à partida: até onde podemos procurar as ditas origens?

Mas será possível encetar sequer esta discussão sem mencionar a guerra colonial? No rescaldo de mais um 10 de Junho, Raúl Rêgo identificava, no seu Diário Político, a guerra colonial como o problema principal do regime. Um elefante na sala, com o qual se convivia mediante um perpétuo monólogo dominado pelo regime. Jornalistas houve que, muitas vezes às expensas das forças armadas, se entregaram a essa tarefa, oferecendo o seu contributo para o monólogo prevalecente. Mas será que este tipo de obras nos pode oferecer uma contra-narrativa? Propomos iniciar este debate a partir de Angola, os dias do Desespero (1961), de Horácio Caio; livro que chegou às 12 edições em menos de dois meses (será que as fotografias que contém e o facto do autor ser uma figura televisa ajudam a explicar este fenómeno?), onde, a par de uma visão do regime sobre a guerra, se vislumbram detalhes sobre o funcionamento da censura ou o falhanço de parte do projecto colonial português. Mais do que uma discussão sobre os méritos ou desméritos de cada um dos títulos seleccionados, propomos uma discussão integrada sobre questões como a censura, a guerra colonial, a emigração, a estrutura económica do regime - nomeadamente a sua concentração industrial - e os sintomas de mudança social, alargando ou reformulando o conjunto de textos que as convocam. Quais foram, se é que existiram, as origens intelectuais da revolução no campo do jornalismo?

Moderadora: Rita Luís
Convidados: Isabel Ventura, Afonso Dias Ramos, Helena Neves, Ricardo Noronha
Agenda
Ver mais eventos

Passatempos

Passatempo

Ganhe convites para "[Inserir Título]: Natal”

Em parceria com a Libert'Art Agency, oferecemos convites duplos para um espetáculo de improviso, para toda a família, que celebra a magia do Natal e que coloca o poder da narrativa diretamente nas mãos do público.

Passatempo

"Seraphina - Uma aventura da cidade para o campo"

A Yellow Star Company apresenta o espetáculo sensorial e musical concebido especificamente para bebés dos 0 aos 4 anos no Auditório Taguspark, em Oeiras, e para a sessão de 7 de dezembro (sábado), às 10h30, temos para oferta 2 packs de família até 3 pessoas cada.

Visitas
99,580,720