O que me chamou imediatamente à atenção nas suas fotografias foi a sua composição. Ele tem a capacidade de captar várias cenas no mesmo enquadramento, algo que só os mestres da fotografia têm. Imagens como a que retrata um miúdo no mar, de braços abertos, rodeado de gaivotas, ficam na memória para sempre.

A semelhança entre o gesto do miúdo e as asas dos pássaros faz desta imagem uma obra-prima. A sua capacidade de fazer com que nos sintamos parte da cena, de nos colocar dentro da ação, é única. Utiliza frequentemente sujeitos em primeiro plano para conduzir o observador para o interior do enquadramento. Como a menina a cavar a areia no meio do enquadramento e a areia a voar a enquadrar o homem à direita. Quase se pode sentir a areia a passar sobre a nossa cara. É fácil criarmos laços com os sujeitos.

As 24 fotografias incluídas neste livro representam uma secção transversal documental da vida quotidiana perto do mar. De crianças a pescadores, Rui Miguel Cunha retrata diferentes tipos de pessoas sempre com a mesma intimidade e singularidade que reflete a sua forma de ver o mundo. E nós, enquanto espetadores, somos arrastados para a situação através das suas emoções. Francesca Chiacchio

Horário: Terça a sexta, das 16h às 20h, sábado, das 16h às 18h