Teatro
O Virtuoso | Marionet
Se há ciência profusamente estudada pelo teatro, essa é a ciência do amor. Esta peça de Thomas Shadwell é (mais) um tratado sobre as variadas formas de relações afetivas entre seres humanos. Nela temos representadas relações conjugais e extraconjugais, amores platónicos, românticos e carnais. E o outro lado destes amores, também — o desencanto, o desprezo, a rejeição, a raiva, a traição, a vingança.
12 Dez a 13 Dez 2024
Os dois jovens, para se aproximarem das sobrinhas, fingem-se interessados nas experiências científicas que Sir Nicholas desenvolve. Ele, um exemplo paradigmático dos primeiros exploradores da ciência moderna, é acompanhado de perto por um orador inveterado —Sir Formal Trifle — que faz o elogio e a apologia da sua atividade científica, enquanto se tenta aproximar da jovem Clarinda.
A estas personagens juntam-se os amantes clandestinos do casal Gimcrack, eles próprios com uma relação amorosa entre si, e o velho Snarl — tio de Sir Nicholas —, grande defensor do antigamente e crítico acérrimo dos comportamentos degenerados das novas gerações.
É um novelo intrincado, o que se desenrola n’ “O Virtuoso”, em que a novíssima ciência moderna se mistura com a antiquíssima ciência do amor.
Este é um espetáculo especial, tendo em conta o trabalho de pesquisa que a Marionet realiza no âmbito do cruzamento disciplinar entre teatro e ciência, uma vez que é a primeira peça, na História do Teatro, que tem um cientista como protagonista.
Traduzida para português por Mário Montenegro, esta obra, estreada em 1676, retrata a Ciência como um conjunto de atividades ridículas e vãs, realizadas por indivíduos que não têm nada melhor para fazer com o seu tempo. O texto permite-nos colocar em perspetiva o vasto percurso percorrido pelo empreendimento científico, já que, hoje em dia, a vasta maioria das pessoas reconhecerá que a Ciência é uma componente essencial nas nossas vidas, mas nem sempre teve esse reconhecimento, como testemunha este espetáculo.
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