Exposições
O Porto de João Amaral [1874-1955]. Nos 150 anos do seu nascimento
A exposição assinala os 150 anos do nascimento de uma figura incontornável de finais do século XIX e primeira metade do século XX, em Lamego, de onde era natural.
13 Nov a 31 Jan 2025
Após concluir o exame da 4.ª classe, João Amaral, parte para o Porto, em 1887 em debanda da estrela que [o havia de guiar] os passos pela vida fora. (João Amaral). De ajudante de ourives, na rua das Flores, uma das palpitantes na transição do século, João Amaral foi depois caixeiro num estabelecimento de tecidos, ao mesmo tempo que se matrícula na então Academia de Portuense de Belas-Artes, no curso de Desenho Histórico, do mestre João Marques de Oliveira, onde se distingue ao lado de colegas como Aurélia de Sousa, a irmã Sofia e Acácio Lino de Magalhães. Inesperadamente, abandona os estudos para se dedicar a outra paixão: o Teatro, e ao jornalismo humorístico ilustrado, com referência a Rafael Bordalo Pinheiro, de início com o jornalista Alberto Bessa, na Galeria Portugueza e, mais tarde, como diretor artístico do jornal com maior tiragem do Porto, o Charivari (1898), na companhia do primo, Acácio Trigueiro (pseudónimo de Acácio Guedes do Amaral), diretor literário. Após uma breve estada no Brasil, regressa definitivamente a Lamego, c.1900, voltando as costas a uma carreira auspiciosa, para se dedicar ao ensino e à primeira direção e organização do Museu de Lamego, entre 1917 e 1955.
Com curadoria de Alexandra Braga Falcão e Nuno Resende, e a coorganização do Museu de Lamego e a Casa dos Livros – Faculdade de Letras da Universidade do Porto, a exposição parte do primeiro caderno de esquiços que se conhece de João Amaral, o seu Álbum de Serões (1891), para um périplo pela cidade burguesa, militar, intelectual, boémia e artística, pontuada pelas convulsões sociais e políticas, que antecederam a queda da Monarquia. Os desenhos que preenchem as páginas deste primeiro álbum, ingénuos, a maior parte, fazem, no entanto, intuir o talento e o olhar mordaz sobre a sociedade, que atingem o seu expoente na participação no Charivari.
A exposição prossegue com a formação obtida na Academia, num núcleo que põe em diálogo o trabalho de João Amaral com o da condiscípula Aurélia de Sousa, através de trabalhos cedidos pela Câmara Municipal de Matosinhos, para pôr em evidência assimetrias de percurso que, no entanto, revelam um matiz comum, da aprendizagem com o Mestre Marques de Oliveira, representado na exposição através de um trabalho pertencente à Faculdade de Belas-Artes da Universidade do Porto.
O núcleo seguinte reúne um conjunto de trabalhos de João Amaral, reproduções e originais provenientes de coleções particulares e do Museu de Lamego, executados quer ainda no Porto, quer já em Lamego, nos domínios do desenho “ao natural” da pintura e da caricatura, este último, onde indubitavelmente se sentia mais confortável e se notabilizou.
A exposição termina com uma evocação dos alunos do curso de Artes Visuais do Colégio de Lamego, ao antigo mestre de desenho e de teatro, João Amaral, que lecionou nessa instituição de ensino, entre 1906 e 1943, a convite do Pe. Alfredo Pinto Teixeira, reconhecendo a importância do ensino artístico na formação dos discentes.
Coorganizada pelo Museu de Lamego e pela Casa dos Livros – FLUP, a exposição conta com o apoio da Freguesia de Lamego – Almacave e Sé e a Seguradora Lusitânia.