“O programa é muito diversificado e toca em diferentes tipos de interesse e diferentes tipos de público. É um festival que está a crescer e todos os concertos são momentos altos. As pessoas vão poder ouvir formas artísticas que não são tão comuns”, disse à Lusa o vereador da cultura, Nuno Domingos. O FÓS, cuja quinta edição foi apresentada hoje no Museu Diocesano de Santarém, realiza-se em algumas das vilas do concelho, nomeadamente nas igrejas de Alcanede, Alcanhões, Pernes, Tremês e Vale de Santarém, e conta com um cartaz composto por concertos de Rute Martins, David Paccetti, Marta Cruz e Davide Barros, entre outros.

Este festival, na opinião de Nuno Domingos, tem características próprias que o tornam singular, nomeadamente o facto de ser um festival descentralizado, que alcança várias vilas do concelho, e promover um “cruzamento” com a música contemporânea.

“Este festival mantém algumas coisas especiais. Uma delas é a transversalidade artística, são órgãos históricos mas queremos também ter um contacto com a música contemporânea, queremos ter este cruzamento. Outro aspeto é o alargamento ao território. Não queremos um festival centrado na cidade, queremos estender às vilas”, disse.

O vereador refere ainda que o festival tem a capacidade de mobilizar a comunidade artística da região, desde pessoas que praticam teatro, passando pela dança, até à música, e de atrair visitantes fora de Santarém, incluindo de cidades como Lisboa, Coimbra e Porto.

“Há pessoas que vêm fora do nosso território, de Lisboa, Coimbra e Porto, Há pessoas que já perguntam pelo programa. São pessoas que visitam a nossa cidade, comem nos nossos restaurantes e dormem nos nossos alojamentos e contribuem para a nossa economia local”.

Organizado pelo município, em parceria com a Diocese de Santarém e a Santa Casa da Misericórdia da cidade, o FÓS promove várias ações em várias igrejas do concelho, envolvendo mais de uma centena de músicos, entre organistas e cantores, solistas e ensembles, coros e formações instrumentais.

Entre as múltiplas iniciativas anunciadas, destaca-se um recital enológico, no dia 10 de novembro, na quinta Monteiro de Matos, em São Vicente do Paúl, e na quinta da Ribeirinha, na Póvoa de Santarém, uma iniciativa que pretende valorizar a conexão entre o vinho e a música.

O cartaz inclui um concerto liberdade, protagonizado pelo coro Ricercare e a Orquestra Clássica do Centro, uma conversa com o organista Afonso Torres, um recital de poesia para crianças da autoria de Sónia Vieira e Liliana Duarte, dois concertos históricos com música dos séculos XVI, XVII e XVIII, e uma 'masterclass' protagonizada pelo músico de nacionalidade húngara, Ádám Tabaji.

No último dia do FÓS, em 13 de dezembro, a Catedral de Santarém acolhe uma missa dominical acompanhada pela Schola Cantorum, da Catedral de Santarém, com o organista titular da Catedral, David Paccetti Correia. A origem do festival remonta aos primeiros anos 2000 quando a Câmara identificou um conjunto de órgãos históricos, na cidade, todos eles inoperacionais.

Em colaboração com as dioceses e a Santa Casa da Misericórdia, a Câmara aproveitou uma oportunidade de financiamento, candidatando-se a um fundo para restaurar esses órgãos.

Entre 2007 e 2008, seis órgãos foram restaurados pelos organeiros Dinarte Machado e Nuno Rigaud, nas igrejas de Marvila, Sé, Piedade, Monte, Misericórdia e São Nicolau.

Esse esforço culminou na criação do Festival de Órgãos, que se tornou uma referência na agenda cultural e patrimonial da região.