Estas conferências serão dedicadas à reflexão sobre cinco dimensões do pensamento e da cultura ocidentais: o pessimismo, a nostalgia, a melancolia, o pós-humanismo e o otimismo.

O pensamento ocidental contemporâneo é percorrido por múltiplas abordagens que parecem corresponder à possibilidade de vivermos atualmente uma modernidade estilhaçada, para seguirmos a expressão proposta por Jünger Habermas. Neste contexto, a pulverização de narrativas em que se constituiu o pensamento contemporâneo ocidental, a par de uma intensa e permanente crítica de que tem vindo a ser alvo por parte de outras culturas, geografias e civilizações, parecem ter colocado a cultura ocidental e a tradição do seu pensamento permanentemente em causa. Tais circunstâncias têm gerado um movimento interno mas também externo de reflexão, ao mesmo tempo que ressurgem atualizações da ideia de declínio e de decadência da civilização e das sociedades ocidentais.

Os conceitos de declínio e decadência têm sido temas recorrentes na história do mundo ocidental, influenciando as transformações culturais, religiosas, sociais e políticas ao longo dos séculos. A trajetória da civilização ocidental tem testemunhado períodos de desenvolvimento, marcados pela inovação, pelo progresso e pelo florescimento cultural, justapostos a fases de declínio e retrocesso, caracterizadas por instabilidades de natureza política e por múltiplos desafios sociais. Em particular, o século XX testou, até à destruição, a natureza do mundo ocidental, com duas guerras mundiais que revelaram uma dimensão inaudita da bestialidade humana. Testou-se a resistência dos valores democráticos e a Guerra Fria terá sido o resultado de conflitos ideológicos que moldaram a política global. O período do pós-guerra assistiu também a um boom económico e cultural, caracterizados pela ascensão dos Estados Unidos da América como superpotência, fenómenos acompanhados pela difusão massificada da sua cultura.

A segunda metade do século XX assistiu à consolidação e alargamento da União Europeia e à queda do Muro de Berlim. Testemunhou, em simultâneo, o aparecimento de diversos movimentos de contracultura, que questionaram as normas e os valores então vigentes.

O ceticismo em relação às instituições e à autoridade, associado a múltiplos movimentos sociais, contribuiu para uma sensação de intensa transformação cultural, social e política, desejada por muitos e renegada por outros tantos. O final do século XX e o início do século XXI assistiram ainda à revolução digital, à globalização, ao ressurgimento de profundas desigualdades sociais e aos rápidos avanços da tecnologia e da inteligência artificial, processos inevitavelmente contaminados quer por retóricas eufóricas de progresso quer por avisos alarmistas de destruição do edifício cultural ocidental.

Neste ciclo de cinco conferências, intitulado A Luz e o Túnel: Perspetivas (pouco ou nada recentes) do Pensamento Ocidental, procuraremos refletir acerca de cinco dimensões que percorreram e percorrem, ainda hoje, o pensamento e a cultura ocidentais, mas que aí ressurgiram com grande fulgor, nas últimas décadas, através de um debate alimentado na esfera pública por narrativas que parecem fazer da ideia de decadência do mundo ocidental o seu argumento central. Neste contexto, e em busca da luz que sempre se encontra ao fundo do túnel, analisaremos o pessimismo, a nostalgia, a melancolia, o pós-humanismo e o otimismo, convocando nomeadamente a ciência política e os estudos literários, a história e a filosofia política.

06/11 PESSIMISMO
13/11 NOSTALGIA
20/11 MELANCOLIA
27/11 PÓS-HUMANISMO
04/12 OTIMISMO

A participação é gratuita, mas sujeita a inscrição prévia através do contacto inscricoes.luztunel@incm.pt

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