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Conferências

Espaço-Paisagem - Conferência por André Barata

A agudizar escolhas que trazemos da modernidade, o espaço e o tempo nesta nossa época uniformizaram-se como uma rede de linhas e medidas que desatam quaisquer nós de informação e transação. Acompanha esta perceção o sentir e pensar ecológicos que pedem outros espaços, outros tempos, a preservar ou a inventar.

9 Nov 2024  |  16h00

Anfiteatro do Museu de Arte Contemporânea / Centro Cultural de Belém
Praça do Império, 1449-003 Lisboa
Preço
Entrada livre
O direito ao lugar, a conservação ambiental, o património imaterial, a nostalgia de utopia, exprimem, por ângulos diversos, a mesma compressão a sacudir. Mas, por si, a vontade de variedade pode ser apenas um convite ao consumo, oportunidade de mercado, mais do mesmo. A diversidade espacial e temporal não é de oferta consumível, transacionável, que tem por condição o regime da existência abstrata, mas de relação concreta que nem sequer separa espacialidade e temporalidade. Por isso, o seu destino é comum e joga-se a montante. A uniformidade do espaço, regrado por uma espacialidade da medida, régua e esquadro a organizá-lo, racionalidade abstrata, é tão patente como a do tempo. Vive-se um tempo acelerado, universalmente mensurável e intangível, sem fissuras, como se vive um espaço às claras, de localizações GPS ilimitadas, sem recessos. Ambos, “infinitamente abertos”, diria Foucault. Esta espacialidade e esta temporalidade não são relacionais, não se afeiçoam a partir do contacto e do convívio, não fazem lugar.

A proposta que André Barata explora é a de pensar a paisagem como potência de transformação, também política, da relação com o espaço e o tempo concretos. A paisagem interrompe a funcionalização, devolvendo liberdade à vista e ao sentido que a nutre, a partir de uma margem que experimenta imergir na diferença entre o próximo e o distante. A relação “paisageira” estabelece de forma gerúndia um agir da contemplação e revela uma precedência intersubjetiva de comparência consentida pelo mundo.

André Barata (Faro, 1972). Doutorou-se em Filosofia Contemporânea na Universidade de Lisboa. É Professor Catedrático na Universidade da Beira Interior, onde dirige atualmente a Faculdade de Artes e Letras. Também preside à Sociedade Portuguesa de Filosofia. Os seus interesses académicos circulam pela filosofia social e política e pelo pensamento fenomenológico e existencial. Assina regularmente colunas no Jornal Económico e no Público. Publicou vários livros de ensaio, como “Metáforas da Consciência” (Campo das Letras, 2000), sobre o pensamento de Jean-Paul Sartre; “Mente e Consciência” (Phainomenon, 2009), conjunto de ensaios sobre filosofia da mente e fenomenologia e “Primeiras Vontades – sobre a liberdade política em tempos árduos” (Documenta, 2012). Mais recentemente publicou na Documenta uma trilogia – “E se parássemos de sobreviver – Pequeno livro para pensar e agir contra a ditadura do tempo” (2018); “O Desligamento do mundo e a questão do humano” (2020) e “Para viver em qualquer mundo – Nós, os lugares e as coisas” (2022).

Organização:
MAC/CCB . ECATI . CICANT

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Mais informação:
Esta conferência insere-se no ciclo de conferências Outros Espaços

O ciclo de conferências «Outros Espaços» é uma parceria entre o Centro Cultural de Belém, a Escola de Comunicação, Arquitetura, Artes e Tecnologias da Informação (ECATI) e o Centro de Investigação em Comunicação Aplicada, Cultura e Novas Tecnologias (CICANT) da Universidade Lusófona — Centro Universitário de Lisboa.

Apresentando-se como um espaço de diálogo plural, esta parceria procura ligar a produção académica e científica à comunidade e proporcionar a transmissão de conhecimento. A ação que cada instituição leva a cabo contempla a ativação de sinergias temáticas entre áreas como as artes visuais, o cinema, as artes cénicas e as artes sonoras, a comunicação e a cultura, a arquitetura e os novos dispositivos digitais.

«As margens da liberdade», 2024
O tema para a programação do ano de 2024 centra-se no pensamento das margens da liberdade em todas as suas vertentes — das artes visuais, passando pelo cinema, à arquitetura, ao conceito do político e à cultura em geral. Num ano em que se assinalam os 50 anos do 25 de Abril, sem nos querermos sobrepor a programações atinentes às celebrações, propomos pensar como, em momentos de cerceamento da liberdade, em espaços de movimento direcionado, o ser humano foi, tanto individualmente como em comunidades constituídas para o efeito, reagindo aos limites que lhe eram impostos. Dessa forma, criaram-se momentos e espaços em que a experiência individual e coletiva, de forma mais explícita ou mais sub-reptícia, soube alargar as imposições que cada instante histórico e os seus lugares iam condicionando.
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