"É de Cultura como instrumento para a felicidade, como arma para o civismo, como via para o entendimento dos povos que vos quero falar"

Conferências

Michel Foucault: A Escrita como Arte de Existir - Conferência por: Jorge Ramos do Ó

Esta conferência insere-se no ciclo de conferências Outros Espaços.

19 Out 2024  |  16h00

Anfiteatro do Museu de Arte Contemporânea / Centro Cultural de Belém
Praça do Império, 1449-003 Lisboa
Preço
Entrada livre
Desde os primeiros trabalhos, Michel Foucault defendeu que o ofício da escrita correspondia a uma prática refletida da liberdade e a uma perpetuação do desdobramento de si mesmo, em que os resultados atingidos – expressos na forma de livros, artigos e conferências – se deviam tomar como experimentos descritivos, destinados a problematizar as evidências incontestadas do presente e, nunca por nunca, a constituir-se numa lição sobre a vida dos indivíduos no tempo. 

O gesto da escrita parece, assim, tomado de uma dupla radicalidade em Foucault: supunha uma entrega sem condição ao seu exercício e, ao mesmo tempo, um combate corpo a corpo a todo e qualquer sinal que a pudesse sacralizar no espaço público. O trabalho escritural originaliza-se nele como o nome que se dá à possibilidade, jamais encerrada, de se inventarem novas formas de existência e de debate público no mundo social do segundo pós-guerra, que ele sentia como estando cada vez mais pressionado pelos discursos multiplicados dos pregadores e pastores da verdade salvadora.

Bio:
Jorge Ramos do Ó é professor catedrático do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa. É professor convidado dos programas de pós-graduação em educação da Universidade de São Paulo, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, da Universidade Federal Fluminense e da Universidade do Estado da Bahia. Tem escrito sobre análise do discurso, história política, história cultural – especialmente durante o período do Estado Novo português -, e também sobre história da educação e da pedagogia, num período mais longo e que se estende de meados do século XIX ao último quartel de novecentos. Os seus atuais interesses de investigação dirigem-se para a pedagogia do ensino superior. O seu último livro intitula-se “Fazer a mão: Por uma escrita académica inventiva”. Lisboa: Edições do Saguão, 2019.

Orienta, desde 2002, um seminário de pós-graduação sobre as articulações entre escrita e leitura. Integra a Comissão Científica do Doutoramento em Artes (Artes Performativas e da Imagem em Movimento) da Universidade de Lisboa e do Instituto Politécnico de Lisboa. Codirector do Doutoramento em Educação Artística oferecido pelas Universidades do Porto e de Lisboa. Coordena a pós-graduação em Pedagogia do Ensino Superior no Instituto de Educação da Universidade de Lisboa.

Organização: MAC/CCB . ECATI . CICANT

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Mais informação:
Esta conferência insere-se no ciclo de conferências Outros Espaços

O ciclo de conferências «Outros Espaços» é uma parceria entre o Centro Cultural de Belém, a Escola de Comunicação, Arquitetura, Artes e Tecnologias da Informação (ECATI) e o Centro de Investigação em Comunicação Aplicada, Cultura e Novas Tecnologias (CICANT) da Universidade Lusófona — Centro Universitário de Lisboa.

Apresentando-se como um espaço de diálogo plural, esta parceria procura ligar a produção académica e científica à comunidade e proporcionar a transmissão de conhecimento. A ação que cada instituição leva a cabo contempla a ativação de sinergias temáticas entre áreas como as artes visuais, o cinema, as artes cénicas e as artes sonoras, a comunicação e a cultura, a arquitetura e os novos dispositivos digitais.

«As margens da liberdade», 2024
O tema para a programação do ano de 2024 centra-se no pensamento das margens da liberdade em todas as suas vertentes — das artes visuais, passando pelo cinema, à arquitetura, ao conceito do político e à cultura em geral. Num ano em que se assinalam os 50 anos do 25 de Abril, sem nos querermos sobrepor a programações atinentes às celebrações, propomos pensar como, em momentos de cerceamento da liberdade, em espaços de movimento direcionado, o ser humano foi, tanto individualmente como em comunidades constituídas para o efeito, reagindo aos limites que lhe eram impostos. Dessa forma, criaram-se momentos e espaços em que a experiência individual e coletiva, de forma mais explícita ou mais sub-reptícia, soube alargar as imposições que cada instante histórico e os seus lugares iam condicionando.
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