Música
Saxofonista Bill Evans inicia no Porto Drum Show digressão europeia de dois meses
Baixista sensação espanhol Vincen García é outra das figuras de cartaz do PDS 2024, que trará também pela primeira vez a Portugal Camille Bigeault, uma das mais notáveis bateristas da nova geração.
25 Out a 27 Out 2024
Bernard Purdie, um dos nomes que constam da Modern Drummer Hall of Fame e para muitos um dos intérpretes sagrados da percussão mundial, disse em tempos que o baterista é toda a máquina e o condutor de uma banda, tanto que parando… tudo pára. Também é assim com o Porto Drum Show (PDS), o único evento em Portugal que faz da bateria o trono e do baterista o rei.
A experiência, única em Portugal e uma das mais bem organizadas da Europa na especialidade, está de regresso ao Centro de Congressos da Alfândega do Porto, de 25 a 27 de outubro próximos. E ao comando do posto que melhor panorâmica tem do evento está um dos mais conceituados bateristas portugueses, Hugo Danin (Atelier de Percussão do Porto), cuja carreira, reconhecida (inter)nacionalmente, explica em parte o feito organizativo: um cartaz recheado - ainda mais - de músicos de calibre mundial. O saxofonista norte-americano Bill D. Evans (que se estreou ao mais alto nível com Miles Davies, e emparelhou, nos últimos tempos, com Felix Pastorius, Gary Husband, Keith Carlock e muitos mais), com a sua VansBand Allstar, e o baixista sensação Vincen García, são apenas dois exemplos.
O músico espanhol, pela primeira vez em Portugal, dará um concerto no dia inaugural (25) do Porto Drum Show 2024, às 22h30, com o seu mais recente trabalho no alinhamento, acompanhado de uma banda “que fará as delícias dos amantes da música funk, fusão e jazz”, assegura Hugo Danin, baterista e mentor do festival. Vincen García é um dos artistas mais prestigiados do atual panorama do jazz e do funk ao nível mundial, e está entre os guitarristas mais ouvidos em termos de streaming, acumulando centenas de milhares de seguidores e milhões de visualizações e reações.
Quanto a Bill Evans, um dos nomes maiores do jazz internacional (uma trintena de álbuns, várias distinções mundiais e trabalhos com figuras como Herbie Hancock, John McLaughlin, Willie Nelson, Mick Jagger ou The Allman Brothers Band) entra em cena na noite de 26 de outubro, às 22h30.
Aliás, Bill Evans inicia precisamente no Porto Drum Show a sua digressão de dois meses por vários palcos da Europa. “Uma honra”, como sublinha Hugo Danin, que, nos últimos anos, tem emprestado as suas mãos e coração a inúmeros projetos como músico integrante ou convidado, tanto que é mais fácil dizer com quem Hugo Danin não trabalhou do que o contrário (GNR, Pedro Abrunhosa, Manel Cruz, Marta Ren & The Groovelvets, Carolina Deslandes, Cuca Roseta, Bárbara Tinoco, Bárbara Bandeira e tantos outros de não menos multiversos musicais).
E não, não há equívoco que dois dos concertos de destaque do PDS tenham à cabeça um saxofonista e um guitarrista! A circunstância sinaliza o carácter doravante musicalmente mais multifacetado do evento. Viver o Porto Drum Show é respirar a técnica, a emoção e o suor (re)percutidos na bateria, sim, mas a experiência almeja “ir mais além, gradualmente, de uma forma natural”, reconhece o organizador, na senda de outros eventos de referência internacional.
No PDS, “o baterista reina, e reinará, mas começámos já a preparar o público do futuro do festival, que assumirá maior transversalidade musical”, explica Hugo Danin, que pretende manter a taxa de crescimento de mais de 30% por cento ao ano. “Queremos, a curto prazo, ultrapassar a emissão de 2.500 bilhetes diários”, justifica.
Avalie-se o cartaz, para daqui a um mês, e tal meta não se antevê nada difícil: além de Bill Evans e Vincen García, haverá Ash Soan, Keith Carlock, Chris Coleman, Mário Costa, Alexandre Frazão, Craig Blundell, Thomas Lang e Camille Bigeault.
Esta última é nada mais nada menos que uma das mais notáveis bateristas da nova geração, não só francesa como mundial, e uma força da natureza com uma musicalidade ímpar. É conhecida pelo seu domínio dos polirritmos, dos ostinatos (uma frase musical persistentemente repetida numa mesma altura) e de compassos complexos, e vai estar pela primeira vez em Portugal (26 de outubro)!
E que dizer do britânico Ash Soan um dos mais requisitados músicos da atualidade, conhecido pelo seu groove inconfundível, “certificado” por centenas de participações com artistas tão emblemáticos e de diferentes sonoridades, como Adele, Snow Patrol e Tori Amos, para só citar alguns? Atua a 27 de outubro.
Antes, no dia 26, evoluirá o americano Keith Carlock (que tocou ao lado de Sting, Steely Dan, John Mayer, Toto e muitos outros), um músico extraordinário, com um currículo impressionante, da pop ao jazz, e membro da Mississippi Musicians Hall of Fame; o conterrâneo Chris Coleman (ex-Beck, Chaka Khan, Rachelle Ferrel, etc.), um nome ímpar e emblemático da cultura afro-americana, também estará no PDS a 26; o baterista britânico Craig Blundell -(que tem atuado recentemente com Steve Wilson, depois de ter estado ao lado de Steve Hackett), maioritariamente (re)conhecido pelos seus contributos no domínio do rock progressivo e um dos mais influentes músicos no panorama educativo e criativos – no dia 27; e, por último, no mesmo dia, Thomas Lang (Vienna Arte Orchestra, Kelly Clarkson, Falco), com um percurso de mais de quatro décadas que o guindou na crítica como um dos mais influentes bateristas internacionais.
A bateria portuguesa estará também representada no Porto Drum Show ao mais alto nível. Graças a Mário Costa (melhor disco de jazz nos Play – Prémios de Música Portuguesa 2024), líder do projeto Chromosome e um dos mais brilhantes intérpretes nacionais (trabalhou com Miguel Araújo, Ana Moura, Émile Parisien, entre outros), que tem demonstrado a qualidade dos músicos lusos ao lado dos grandes nomes do jazz internacional. E, depois, com o contributo de Alexandre Frazão (Mário Laginha, Ala dos Namorados, Resistência ou TGB), uma das referências maiores do “made in” Portugal na especialidade. O primeiro atua a 26 e o segundo a 27 de outubto.
Mas, o PDS é muito mais. E como experiência musicalmente multifacetada que é, além do Palco Principal, por onde evoluirão os nomes maiores do festival, contempla uma Education Zone (onde decorrerão várias masterclasses e workshops, com intérpretes conceituados), um Showroom (com a presença de cerca de 50 empresas e marcas de instrumentos musicais, nacionais e internacionais), o palco Jocavi (destinado a ações educativas de escolas, assim como showcases com alguns dos mais importantes músicos nacionais) e, ainda, um Food Corner. Para três dias bem passados. Repletos de musicalidade e dinamismo. E com a bateria bem lá no alto, claro!
Hugo Danin:
Hugo Danin é um dos mais reputados bateristas em Portugal. Autor de dois livros dedicados ao ensino da bateria, tem-se destacado nos últimos 15 anos como um dos mais importantes pedagogos na área da bateria e percussão. Além de diretor do Atelier de Percussão do Porto, é professor convidado na Leeds Drum Academy, em Inglaterra, onde promove regularmente masterclasses e aulas privadas.
Licenciado em Produção e Tecnologias da Música e Mestre em Educação Musical, Hugo Danin frequentou também a conhecida Drummers Collective de Nova York, onde estudou com nomes tão importantes como Kim Planfield, Michael Lauren, Mike Clark, Ian Froman e Bobby Sanabria.
Ao longo da sua carreira, o baterista tem feito parte de inúmeros projetos, como músico integrante ou convidado, de muitos artistas conhecidos do grande público: GNR, Pedro Abrunhosa, Carolina Deslandes, Cuca Roseta, Bárbara Tinoco, Bárbara Bandeira, Marta Ren & The Groovelvets, Tatanka, We Trust, Emmy Curl, Diana Martinez & The Crib, Mónica Ferraz, Manel Cruz, Hugo Danin Trio, Indianabluesband, Manuel Beleza Trio, Trio DEP, Paulo Praça, André Indiana, António Mão de Ferro, Alberto Índio, Olivetreedance, Só Vicente, Sloppy Joe, Quarto Jazz, J. Davis Quarteto, Sandro Norton, Cooking Jungle, Silky, Komodo Wagon, Miss Yer X, Minneman Blues Band, MOSH, Kiko Group, ZÖE, Barbara Monteiro e muitos outros.