"É de Cultura como instrumento para a felicidade, como arma para o civismo, como via para o entendimento dos povos que vos quero falar"

Exposições

"Melancolia Tropical ou a ilha que perdeu o Equador" de Daniel Blaufuks

Ao trabalhar sobre as roças de São Tomé, o artista visual apercebeu-se que é necessário lembrar e estudar o longo capítulo da violenta colonização portuguesa neste país, muitas vezes ainda considerada benevolente.

18 Set a 9 Nov 2024

Hangar - Centro de Investigação Artística
Rua Damasceno Monteiro, 12, 1170-112 Lisboa
Preço
Entrada livre
“São Tomé e Príncipe foi, no início do século XX e durante um escasso ano, o maior exportador de cacau do mundo. Este aparente sucesso foi obtido através de uma exploração não só das roças propriamente ditas, mas, sobretudo, dos trabalhadores, os chamados serviçais, atraídos das outras colónias, principalmente de Cabo Verde e Angola, com vagas promessas de retorno ao fim de cinco anos, e que nunca ou muito raramente se viriam a concretizar. Praticamente todos os contratos eram assinados com uma cruz, dada a incapacidade de os contratados os assinarem, e, obviamente, os lerem.”, afirma Blaufuks.

Nesta exposição serão exibidas colagens com fotografias instantâneas, recortes de textos e imagens, oriundos de jornais e livros, textos manuscrito, espécimens de botânica, selos postais e mapas.

Daniel Blaufuks tem trabalhado sobre a relação entre a memória pública e a memória privada, um tema que é uma das constantes interrogações no seu trabalho como artista visual. Tem exposto largamente em museus, galerias de arte contemporânea e festivais, trabalhando principalmente com fotografia e vídeo, apresentando o resultado através de livros, instalações e filmes. Em 2007 publicou o livro Sob Céus Estranhos (Tinta-da-China), a partir do seu filme com o mesmo título de 2002, que recebeu o prémio de melhor livro de fotografia na Photoespaña. Foi também premiado em 2007 pelo seu trabalho sobre Terezín, um campo de concentração na República Checa, sobre o qual editou um livro (Steidl, 2010) e realizou o filme As If (2014). Possui um doutoramento da Universidade de Wales, para o qual escreveu sobre Fotografia e Cinema na sua relação com os textos de W. G. Sebald e Georges Perec, assim como a sua relação com a memória e o Holocausto.

Em 2016 recebeu o prémio AICA pelas exposições “Tentativa de Esgotamento” e “Léxico”, tendo recentemente publicado os livros de texto e fotografia Não Pai (Tinta-da-China, 2019) e Lisboa Clichê (Tinta-da-China, 2021). Os seus filmes (fotografias expandidas) tem sido apresentados em diversos festivais de cinema, tendo produzido ultimamente trabalhos sobre a resistência à ocupação alemã na Bretanha e sobre o colonialismo em São Tomé e Príncipe, assim como o seu não-diário Os dias estão numerados.
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