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Teatro

Artistas Unidos encerram trilogia de Pau Miró com estreia de "Búfalos" no Citemor

Os Artistas Unidos estreiam, no dia 25, no Citemor, em Montemor-o-Velho, a última peça da trilogia de Pau Miró, “Búfalos”, a mais dura e triste das três peças que, mesmo assim, deixa pontadas de esperança para o futuro.

25 Jul 2024  |  21h30

Toca - Antiga Fábrica de Mármores de Montemor-o-Velho

As afirmações são do encenador Pedro Carraca, que dirige a última peça da trilogia iniciada pelos Artistas Unidos no passado mês de março com a estreia de “Girafas”, e continuada em abril com “Leões” - uma trilogia que a companhia optou por apresentar por ordem cronológica da ação, dando continuidade temporal a personagens e situações que vêm das anteriores.

“Búfalos” põe em palco cinco adolescentes abandonados, que apesar de conseguirem sobreviver "em manada" estão completamente desamparados, sem figuras paternas de referência, ao contrário das duas peças anteriores do dramaturgo catalão, nas quais eram os adultos a tentar lutar pela sobrevivência.

Num cenário com elementos das outras duas peças da trilogia, em “Búfalos” só restam “os adolescentes, as crianças”, observou Pedro Carraca.

“Não é que não se sinta que os pais não tentem fazer o seu papel, mas acabam por desaparecer, por sucumbir”, acrescentou, sublinhando tratar-se de uma peça “muito diferente das outras”, já que a ação se passa “num tempo que não sabemos muito bem qual é”.

Na peça “Girafas”, a ação situa-se em Barcelona, nos anos de 1950, centrada num casal que pretende ter um filho que tarda a nascer. O drama reflete as mudanças ocorridas na capital catalã, do regime autoritário franquista (1939-1975) até perto da atualidade.

Em “Búfalos”, a ação pertence aos descendentes de "Girafas". Perdidos no meio de uma sociedade que lhes é cada vez mais hostil, tentam sobreviver, sabendo que não pertencem ao lugar onde estão, desconhecendo se são de qualquer outro lugar e o que o futuro lhes reserva.

A peça tinha muitas formas de ser posta em palco – “uma forma mais conceptual ou menos conceptual” -, afirmou Pedro Carraca. O encenador disse que podia mesmo tê-la feito com os cinco jovens sentados em cadeiras, a desfiar a história.

A opção, porém, foi tentar “não sublinhar demasiado os momentos" que os protagonistas de "Búfalos" vão construindo, com a evocação de situações e outras personagens, de modo a não quebrar "a linha narrativa", mas ao mesmo tempo "tentando que não fosse só essa linha narrativa a existir”, explicou o encenador.

Estas personagens são também o resultado das suas famílias e das condições que estas tiveram, observou Pedro Carraca. Daí que, longo da ação, haja sempre símbolos das outras duas peças, remetendo para o passado e para o que se vai repetindo ao longo das gerações.

Segundo o encenador, a peça traduz “o abandono da vida como nós a conhecemos", embora "isso se passe um bocadinho" em toda a trilogia.

“Búfalos” decorre numa “cidade que vai expulsando as pessoas dos sítios, como a nós, e que vai alterando a sua dinâmica em função de um negócio”, indicou. E de repente “os personagens perdem as referências familiares e perdem também as referências do espaço”.

“Onde é que eles pertencem, de onde é que eles são, o que é esperado deles? Nenhum sabe”, enfatizou. Perante um futuro incerto, há todavia alguns "personagens que se safam".

Os cinco jovens de "Búfalos", os mais fracos no conjunto da trilogia, “precisam da 'manada' para sobreviver, para se apoiar”. São eles próprios que se chamam a si mesmos "búfalos".

Andam em grupo, mantêm algumas características de força, mas sabem que não estão no topo da "cadeia alimentar". Os "búfalos" vão-se apoiando uns aos outros sabendo que um dia acabarão por sucumbir.

Sendo a primeira peça da trilogia na sequência original, mas a última em termos cronológicos, esta é a “mais dura” das três obras, ainda que tenha “sempre 'pontadas de esperança' para o futuro”, a esperança de que a próxima geração não seja como as anteriores, sublinhou Pedro Carraca.

Essa esperança torna-se visível na última parte, com a gravidez de uma personagem. Algo que pode muito bem, segundo Pedro Carraca, vir a dar continuidade à trilogia do autor catalão.

"Búfalos" estreia-se no dia 25 de julho, pelas 21:30, no âmbito do Citemor - Festival de Artes Performativas, na Toca - Antiga Fábrica de Mármores de Montemor-o-Velho.

A interpretar “Búfalos” estão Gonçalo Norton, Joana Calado, João Estima, Nuno Gonçalo Rodrigues e Rita Rocha Silva.

A peça tem tradução de Joana Frazão, cenografia e figurinos de Rita Lopes Alves e luz de Pedro Domingos.

Fonte: Lusa
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